terça-feira, 27 de novembro de 2012

ARTIGOS SOBRE A VIDA CAMPEIRA REPERCUTEM EM SANTA CRUZ


Sr.Ruy, estou lhe escrevendo pois tenho lido todas as suas colunas da Gazeta do Sul e assisto o Pampa Debates. Mas a  minha identificação com o que o senhor tem escrito é que em primeiro lugar quando vim morar em Santa Cruz do Sul minha primeira residência foi no Ed.Bergel e o escritório da minha empresa construtora é na Thomaz Flores, assim como a casa da sua mãe  e ainda conheço o Seu Rudi (Rudolfo Pedro Etges) desde 1978 pois, se eu precisasse de materiais de construção na primeira hora da manhã era certo que ele lá estava no Assmann (seu primeiro emprego) com aquele jeitão de alegre e prestativo. Posteriormente quando deixou a sociedade com o Seu Edmundo e o SrClemente Pritsch ele veio trabalhar comigo para fazer as compras de um grande conjunto de apartamentos em construção. Mas voltando ao campo, sou natural de Arroio Grande e me criei no campo na localidade entre Arroio Grande e Herval a uma légua onde nasceu o Irineu Evangelista de Souza (Visconde de Mauá), o curso primário fiz lá fora e no primeiro ano eu e minha irmã íamos de garupa em petiço tobiano e depois no segundo acrescentou meu irmão mais novo e, passei a dirigir uma carroça, olha a capacidade de um guri da campanha, inclusive eu mesmo botava os corriames no cavalo e o prendia nos braços da carroça de duas rodas,  motorista de auto escola, daí a vida vai passando e sou muito observador da natureza e, as suas palavras sobre o riacho fez me lembrar um campo que se dava o nome de campo da serra que era cortado por um arroio com pedras e mato, inclusive araçazeiros e ali se refrescávamos nos dias quentes e assados do pelego, garanto que é melhor que pó pelotense daí que ao lado da minha coma mantenho um pelego de ovelha para eu me refrescar quando a noite é muito quente, é uma delícia sem tamanho. Bem já que me alonguei na presentação posso comentar mais detalhes da natureza do campo em outra oportunidade. Um grande abraço e que continue alimentando com suas palavras a minha memória do que passei e o Senhor está vivenciando. Daí que dei o título de o "caminho inverso" eu vim para a Santinha e o Sr. foi para o campo, que beleza!!!!!!!!!!!!!!!
 
CLOVIS SALLABERRY
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Prezado conterrâneo!
 
Tenho lido com prazer tua coluna na Gazeta do Sul. De quando em quando, com o mesmo prazer, espio teu blog. Hoje tua coluna na GS me fez lembrar um lugar no interior de Triunfo, que meu pai chamava de "Quebra Telha", localizado em Volta do Barreto - porque lá o trem de antanho fazia uma volta. Viviam lá tias de minha mãe, D. Célia (mamãe era "pelo duro", cruza de Alves, Souza, Freitas e, segundo ela, até de uma índia uruguaia de sobrenome Rodriguez - com "z" por força de uma ascendência espanhola, veja lá!).
A "ninhada" do Dr. Oly, meu paí, o advogado Rolph Harry Bartholomay, para lá se deslocava todos os verões num Austin A-40 - Suzana, Sônia, Gaspar, eu, os velhos, uma "carmen miranda" lotada de víveres e os corações cheios de expectativas - para passar 20 dias.
O rancho das tias era humilíssimo: paredes de madeira simples, cheias de "flestas", quartos com "taramela", cozinha de chão batido e fogão de pedras. Banheiro era a "casinha" no meio dos pessegueiros, laranjeiras e bananeiras. A água ficava na talha de barro e era trazida pelas tias (eram 5, todas na volta dos 80 anos) duas vezes por dias da vertente distante 100 metros da casa, dois baldes cada uma. E banho, pelo menos o dos pequenos, era na sanga que se formava desde a vertente e ia encorpando até uns 300 metros depois formar um "poço" de, talvez, 50 cm. E como era bom! E como nós vibravamos de felicidade quando a viagem era marcada!
Saudades... Lá se vão 50 anos!
Mas o que tem isso a ver a matéria de tua coluna...?
Alguns valores daquele tempo permencem intocados e acho que pude identificá-los no pessoal de tua estância. Eles permanecem vivos na cultura, na educação e na alma dessa gente do interior do interior. Assim como minhas tia avós, teus peões precisam de pouco para serem felizes. Como elas, ainda sabem reconhecer os sinais da natureza - talvez não benzam mais a chegada das tormentas com preces à Santa Bárbara e São Gerônimo... E, acima de tudo, continuam sendo humildes, educados, fraternos e honrados. Não tenho dúvidas que essa é a maior herança que recebemos de nossos antepassados.
 
Paz, saúde e um grande abraço, Dr. Ruy!
 
Fernando Bartholomay.