quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Futebol, Carnaval e Tatuagem

 Quando daqui a milhares de anos uma incursão de outra galáxia aportar no sistema solar, ficará bem interessada em  examinar o planeta Terra, pois foi o último a ter vida sob todas as formas.

Verão ao certo grandes covas que eram os oceanos, centenas de condutos aquíferos, que eram os rios, ruínas em quase toda extensão. Logo constatarão que o planeta era super povoado pois ainda era do tempo em que se tinha que se alimentar para sobreviver. Como não havia mais o que comer, a civilização acabou. 

Algo vai causar perplexidade nos cientistas. Quase todos os humanos tinham senhas nos corpos, que vinham a ser pinturas indeléveis.

Os cientistas notarão que até os anos 1970, mais ou menos, a humanidade não tinha nada disso na sua pele. 

Peço desculpa ao leitor pela brincadeira , mas é verdade: nossa geração não pensava em ajudar a natureza a fazer mais bonitos os corpos. Achávamos que estava bem bom assim, sem as tatuagens.


A saúde de que o carnaval?

Não vejo mais sentido. O carnaval é celebrado todos os fins de semana, geralmente com muito álcool, drogas e correrias de carro.

Um exemplo foram as brigas e quebradeiras na praia em Atlântida. Agora virou moda beber até cair ao amanhecer ou sair a dirigir  pelas ruas em altíssima velocidade. O melhor de tudo é se manter quieto dentro de casa, não reclamar e segurar os cachorros apavorados.

Isso ocorre em todas as cidades, mesmo nas pequenas. E a Polícia não tem como fazer algo. Mete a mão no piá e pronto: vai ter processo.

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Um papinho sobre o  futebol.

Sempre joguei futebol até os 60 anos. No tênis continuo firme. Ao menos é um esporte para gente educada. Se bem que alguns que migram do futebol para o tênis, não se adequam e são “espertinhos”.No meu tempo era assim. A intenção era fazer o gol. Para isso era necessário jogar para a frente. Para jogar para frente era preciso coragem.

A bola está ao centro para ser iniciada a partida. Toca um metro para frente. O cara devolve para o zagueiro. Este entrega ao goleiro.O goleiro mete para o zagueiro, que dá um balão para o meio do campo, assim ao léu. Um avante consegue chegar bem na frente. Em vez de se arrojar para dentro da área, recua para o meia, este manda para o  ala, que manda para o lado, o qual recua para o goleiro.

Mais um pouco e vão colocar  duas goleiras nas laterais.

Muitos  atletas não sabem  escrever corretamente, não lêem. Mais ainda, a maioria é monoglota.

Agora vem um uruguaio, que não fala português, ensinar os jogadores que não sabem castelhano. 

Não olvidemos: “ traduttore,traditore”. (tradutor, traidor)


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

CARTA DA PSIQUIATRA LAÍS LEGG

 Laís é psiquiatra e comunicadora. A conheci há  muitos anos. Eu tinha um programa na Rádio Pampa de Porto Alegre aos domingos, das 7 às 9.30 da manhã. O programa era ao vivo. Durou sete anos. Tive que parar porque fui convidado a participar na TV no programa do Paulo Sérgio Pinto. 

A Laís brilhou muito na Pampa. Sempre foi muito incisiva nas suas falas, mas com o tempo parou para melhor atender sua real profissão.

É quase minha vizinha em Porto Alegre. Mora num belo apartamento quase em frente aos terrenos da Diocese Metropolitana. E não é que apareceu um galo, assim do nada, nos terrenos da Diocese , exercendo seu mister de cantar ao surgir da aurora? Alguém que não gosta de  acordar cedo  deve ter dado um sumiço no galo.Laís interveio, mas isso conto em outro artigo. 

Vamos à carta da Laís sobre meu artigo da semana passada na Gazeta, ela com seu estilo livre e direto.

“Que beleza! E é a mais pura verdade!

Cito um exemplo que aconteceu comigo: faculdade de Medicina UFRGS, década de 70, eu, em plena aula de patologia, os alunos enfileirados, lado a lado, cada um com seu microscópio, quando, de repente, essa que vos escreve teve uma dúvida quanto às células hepáticas que via e ergueu o braço. O professor: "como é que a senhora ousa me fazer uma pergunta com a luz do microscópio acesa? Aliás, o que a senhora faz aqui? Medicina é lugar de homem".

Pode?

Aliás, o hino era: "Medicina, papa fina, não é coisa pra menina".

Mas Ruy, me pergunta de que sexo eram os alunos que desistiram da medicina por não conseguir ver sangue e cadáveres? Ou que desmaiavam dentro do bloco cirúrgico quando o professor usava o bisturi? E se alguma menina levava a avó para as aulas de anatomia para lhes enxugar o suor da testa quando tinha que dissecar um cadáver?

Pois é... as desistências eram todas dos meninos, os "papa fina".

Agora, que já somos a maioria dentro do curso da medicina, podemos dizer, a plenos pulmões: "Medicina é colo. E o colo materno é insuperável".

Só consegue dar um bom colo quem gestou, pariu, produziu o alimento do filho no próprio corpo e cuida da prole por um bom tempo.

E os machões? Agora, eles sabem que duram 8 anos menos que as mulheres e as doenças mais graves "preferem" os XY.

Passem na frente de um boteco lá pelas 18h... alguém vê uma mulher, ali, tomando um martelinho de cachaça? Não, elas foram direto para casa, cuidar dos filhos, e torcer para não ser morta por um feminicida.

Mas há exceções, conheço homens maravilhosos. Pena que são poucos..”

Digo eu: Die Gedanken sind frei. ( os pensamentos são livres).


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

ARTIGO DE FRANKLIN CUNHA

COMO SE ESCOLHEM MINISTROS 

Bolsonaro na Rússia pergunta ao Putin:

- Senhor presidente, como consegue escolher tantos ministro tão maravilhosos?

E o Putin responde:

- Eu apenas faço uma pergunta inteligente. Se a pessoa souber responder ela é capacitada a ser ministro. Vou lhe dar um exemplo...

E o Putin manda chamar o seu primeiro-ministro Dmitri Medvedev e pergunta:

- Dmitri, seu pai e sua mãe têm um bebê. Ele não é seu irmão nem sua irmã. Quem é ele?

Medvedev responde:

- Presidente, esse bebê sou eu.

Ele vira pra Bolsonaro:

- Viu só? Mereceu ser ministro.

Bolsonaro maravilhado volta ao Brasil. Voltando ao Brasil, chama o Onyx Lorenzoni e lasca a pergunta:

- Onyx, seu pai e sua mãe têm um bebê. Ele não é seu irmão nem sua irmã. Quem ele é?

Onyx responde:

- Vou consultar nossos assessores e a base aliada e lhe trago a resposta.

Ela vai então e cobra a resposta. Ninguém sabe. Aconselham perguntar ao Olavo de Carvalho, que é muito inteligente.

Onyx liga pra Olavo:

- Olavo, aqui é o Onyx. Tenho uma pergunta pra você: se seu pai e sua mãe têm um bebê e esse bebê não é seu irmão nem sua irmã, quem é esse bebê?

Olavo responde imediatamente:

- Ora Onyx, é lógico que esse bebê sou eu!

E Onyx vai correndo levar a resposta ao presidente Bolsonaro:

- Presidente, se meu pai e minha mãe têm um bebê e esse bebê não é meu irmão nem minha irmã, é lógico que ele só pode ser o Olavo de Carvalho!!

Bolsonaro dá seu sorrisinho sabido e diz:

- Te peguei, Onyx. Sua resposta está completamente errada... o bebê é o Dmitri Medvedev!

 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

DESEMBARGADORA IRIS - MAIS UMA PRECURSORA

 Inicio dizendo que o que vou contar é verdadeiro, por incrível que possa parecer.

No início dos anos setenta as mulheres já estavam em toda parte. Nas faculdades de medicina, de odonto, engenharia e tantas mais. Na minha turma do Direito da UFRGS havia um terço de gurias, todas muito estudiosas. Em várias áreas se destacavam: nas rádios, nas TVs, nos jornais, na advocacia, no magistério superior, na política. Mas não tinham acesso à magistratura estadual aqui no RGS.

Era assim: o Tribunal de Justiça abria o edital para o concurso a juiz de direito, do qual constavam vários ítens como idade, escolaridade, bons antecedentes, mas não havia nenhuma restrição quanto ao gênero. Esgotado o prazo para as inscrições,  a lista era submetida ao exame da comissão de concursos, que indeferia, sumariamente, a inscrição das mulheres. No meu concurso, que aconteceu em 1971, eu tinha 25 anos de idade, havia centenas de candidatos aptos a concorrer, mas não aparecia o nome de nenhuma mulher.

Dizia-se, a boca pequena, que não era viável uma mulher ser juíza de direito  lá nos cafundós. Como é que uma mulher poderia ser juíza? e o marido, e os os filhos, e os perigos?

No concurso seguinte ao meu, várias mulheres se inscreveram novamente e o assunto foi levado por mais uma vez ao órgão especial do TJRS.  Acontece que o colegiado já tinha uma composição de desembargadores mais jovens, não tão conservadores. Foi fundamental, a meu ver, o fato de uma filha do desembargador César Dias  haver se inscrito. Seu nome: Maria Berenice Dias. Aí mudou a cantilena. Houve uma grande discussão interna e a votação mudou, abrindo as portas para as mulheres. Maria Berenice fez uma maravilhosa carreira, foi juíza brilhante, ascendeu ao cargo de desembargadora, hoje está aposentada e é uma famosa escritora e advogada no campo do Direito de Família. 

Assim como a pioneira Maria Berenice as mulheres começaram a se destacar, ruindo por terra todas aquelas falácias que eram motivo para os receios já narrados.

Muitas se casaram, se separaram, tiveram filhos e ninguém morreu por causa disso. Foram se destacando e hoje, salvo engano, constituem quase 50% no quadro dos magistrados estaduais. As mulheres galgaram todos os cargos, inclusive na Ajuris.

E eu, modéstia a parte, sou pai de uma guria linda, se formou na UFRGS, casou e conservou  seu nome de família, tem dois filhinhos  e é Juíza de Direito na Comarca de Tramandaí, Milène Koerig Gessinger.

Agora temos a primeira mulher presidindo  nosso Tribunal de Justiça, a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

MINHA PRIMEIRA VIAGEM AO EXTERIOR (2)

 Voltamos e a viagem de volta , também de trem, foi iniciada no meio da tarde.

O trem sulcava aquele mar verde que é o bioma pampa gaúcho.Com o tempo começou a aparecer a  lua cheia. Noite clara, portanto. Fui até o último vagão, abri a porta traseira e me sentei no degrau, contemplando o céu “ bordado de estrelas”  e aqueles campos planos, com pontas de gado e ovelhas aqui e ali, passando como num filme, por horas e horas, sem que se visse uma só casa , vila ou cidade. No ar um perfume de maçanilha, trazida das macegas pelo cálido vento norte .


Tudo isso quando eu era piá. Pensei: um dia eu quero morar no pampa, um dia vou ter um pedaço de campo, nem que seja pequeno.

E assim fiquei apreciando tudo, completamente maravilhado. De quando em quando passávamos por cisternas grandes que no tempo da Maria Fumaça serviam para colocar água no trem.

Enfim, a vida foi passando, mas  nunca me esqueci dessa viagem para o que me era absolutamente desconhecido.


Anos mais tarde  assumi como  juiz de direito em Horizontina e depois em  Arroio do Meio e logo  fui promovido. Convidaram-me para assumir em Santiago. Aceitei na hora, conquanto nunca tenha ido lá.


Ali me inteirei melhor das coisas do campo. 

Santiago era uma cidade de pequena para média. Tinha tudo o que se pode querer. Ali conheci a verdadeira música de raiz do Rio Grande do Sul. Incrível a lhaneza das pessoas, sempre um sorriso, sempre um " aperta firme quando alguém lhe estende a mão" (Ainda existe um lugar ,Wilson Paim) .

Aproveitava os dias de folga para conhecer o folclore local, que até então nem de perto conhecia.

Apoiei a criação do Cruzeiro de Santiago e aceitei ser seu vice-presidente. O mentor era o lendário Tenente Jacques.

Fiquei dois anos e fui embora, de novo promovido, mas carregando comigo meu sonho. Desta vez eu já tinha melhor ideia do que eram as cidades daquela região, com uma pecuária muito forte. Foram dois anos de muita experiência. Fui promovido para Ijuí. Tive que aceitar porque afinal eu queria fazer carreira e, se possível, ser promovido um dia a desembargador.

Ijuí era outra outra história. Estava florescendo com suas plantações de soja e trigo. Logo depois me removi para São Leopoldo, onde fui muito bem acolhido e até fiz parte da administração do Clube Esportivo Aimoré, onde fui presidente do Conselho Deliberativo.

Finalmente fui promovido à Capital. 

Tive, portanto, uma visão panorâmica do que é esse Rio Grande amado.



Com Maristela pude entrar no Agro.

Nosso Estado é muito rico. E lindo. 

Temos tudo. É só ir atrás.

Tudo começou naquele trem.