sexta-feira, 31 de março de 2017

SOBRE JOÃO GILBERTO NOLL


 

PERDEMOS UM GRANDE ESCRITOR: JOÃO GILBERTO NOLL

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

O título, eu sei, é um lugar-comum , e ririas com aquele teu jeito sóbrio, discreto e sofrido - daquele jeito tão teu.

Estivemos juntos na antologia "Roda de Fogo", publicada em 1970, ao lado de outros colegas já falecidos, como Caio Fernando Abreu, Moacyr Scliar, Josué Guimarães, Carlo Carvalho, Arnaldo Campos - e outros.

 

Ficamos muito próximos no final na década de 60 e e no início da de 70.

Fiz contigo uma "cadeira" (como se dizia na época) de Teoria Literária,  na Faculdade de Letras da UFRGS. 

Tu  já fazias a Faculdade de Letras, eu na de Direito, junto com Caio Fernando Abreu e Elke, mais tarde conhecida como "Maravilha"

Passei um verão na casa de praia dos teus pais, no litoral gaúcho.

Te esperei na Rodoviária quando foste morar em São Paulo.

Foi um período de profunda efervescência -, tragos, lutas, esbórnias, sonhos. E veio o rabo-de-foguete da ditadura, que deu o mais duro "chega-pra-lá" na gente.

Tivemos de fugir e me pegaram. Mas essa é outra estória.

(Pelo caráter de urgência,   escrevo um texto muito aquém do que merecias. Rápido, fragmentado - como era o teu. estilo.)

Cada um no seu canto. Antes nos correspondíamos muito. Devo ter cartas tuas nos armários e pastas já amareladas em Brasília.

Escreveste um texto para o meu livro "Cerrado Desterro", perdido, lamentavelmente, por uma revisora e, por azar, eu que tenho a mania de tirar xerox de tudo, desta vez, fiquei sem fotocópia. 

 

Não pretendo fazer uma análise, mesmo que modesta, da tua obra.

Lembro de "Hotel Atlântico" - uma das tuas melhores obras.

O estilo seco, conciso, até rude, a busca de uma linguagem verdadeiramente penetrante, sem  mentiras ou camuflagem, era uma ds tuas mais marcantes características.

Descarnado, tua poderosa linguagem buscava a palavra certa e exata, como fazia Flaubert.

O que dizer? o amigo, sem comfetes, deixou uma obra muito poderosa.

Teus personagens eram erráticos, perdidos num mundo desumano e absurdo, em busca de algo que não sabem bem o que é-  lembrando também um autor que muito amamos: Albert Camus.

 

O QUE ESSA MORTE FARÁ COM TANTA VIDA?, pergunto.

E agora vais para outras esferas, e a morte - a "puta de olhos claros", como a chamou um poeta - era um tema recorrente (mesmo que às vezes escondido)  na tua escrita.

Lógico: tua tão DENSA  e poderosa obra ficará.

 

Falei contigo pela última vez numa Feira do Livro em Brasília, e lembramos de outros tempos.

Recordei-me que assisti "Hair" contigo. 

Tantos filmes vistos juntos. E amigos comuns.

Um traço da tua obra, quem sabe, foi a solidão ontológica dos teus personagens.

E da tua vida?

Teus segredos estão agora debaixo dos sete palmos.

Alguns de teus personagens, errantes, erráticos, tinham esse traço que chamaria (sem  querer se pedante)  inadaptação, metafísica e radical - que não tem saída.

O que posso mais dizer? Vai em paz, meu amigo.

(Salvador, 30 de março de 2017) 
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JOÃO GILBERTO NOLL,

O SILENCIOSO
WALTER GALVANI


      Um grande ficcionista, um belo contista, um excelente professor. Diversos prêmios conquistados (entre eles cinco “Jabutís”), 18 livros. Morreu sozinho no centro de Porto Alegre. aos 70 anos. Lia, escrevia, dava cursos, ensinava e sempre lutava contra uma incrível timidez. Esse era João Gilberto Noll.Só deixou amigos e respeitosos admiradores, entre os quais se contavam o garçon Ademir que o servia quase que diariamente no restaurante “Piato Mio”, na rua Sete de Setembro, também no centro de Porto Alegre e os demais servidores daquela casa que o admiravam pela tranquilidade e o silêncio com que sempre agia. Muitos deles nem suspeitavam da dimensão do intelectual João Gilberto Noll e sua importância nas letras rio-grandenses. Ele não era do tipo que vivia propagando quem era e do que tinha sido capaz até agora.

      Foi o criador de uma enorme galeria de personagens que nasciam na sua ficção, seu forte, que sempre contrariou as correntes mais significativas e da literatura aqui do nosso estado. Não era propriamente um romancista muito popular, se é que algum escritor se situa nessa posição depois de Erico Verissimo e Moacyr Scliar, por exemplo. Ele formava com maior naturalidade no grupo dos contestadores das estruturas oficiais e ou consagradas.

      Escreveu livros como “Hotel Atlântico” (de 1989) ou “Hamada” (1993), ou ainda “Solidão Continental” (de 2012), ou o volume de contos, “O cego e a dançarina”, que originou um filme de Murilo Sales, “Nunca fomos tão felizes” de 1984.

     Alguns críticos e escritores o consideravam um dos nomes maiores da literatura brasileira, como João Castelo, por exemplo, que o classificava como o “melhor de todos”. 

      Nessa hora em que ele deixou de existir fisicamente, isso não interessa, porque o importante é que agora inicia o vôo inigualável dos grandes intelectuais, sem necessariamente ouvir contestações ou dúvidas. Jamais foi e nem seria e agora não será, é óbvio, um ponto de referência comportamental porque já deixou seu estado corporal físico. Poderá ser  acessado em seus livros (dezoito) ou nos textos esparsos que publicou e nos contos que deixou.

      O livro “Lorde”, de 1984, é quase autobiográfico, mas sem dúvida o personagem tinha muitos pontos de contato com o autor que nascera e vivera em Porto Alegre, desde abril de 46. Só que o seu “Lorde” escolhera Londres, mas era também o fascínio e o peso da grande cidade.

      João Gilberto Noll se caracterizou pela doação pessoal, e como tal nunca deixou de dar aulas, ministrar oficinas, como o fez até a semana passada, onde ele ainda lecionou no “Aldeia”.

      Mas fez tudo isso e toda a sua vida foi uma espécie de sinfonia só de instrumentos de cordas, sem grandes ensembles de orquestras completas. Com ninguém, nem ele próprio, “solando”, mas procurando sempre cumprir seu papel no grupo, tocando sua parte e mostrando sua arte.

      Michel Laub resumiu com perfeição que os seus personagens eram todos, representantes da solidão e “transmitiam a sensação de insuficiência, social, sexual e existencial”. E esse era ele mesmo. 

 

 


 


 

terça-feira, 28 de março de 2017

COMENTÁRIOS SOBRE A FINESSE DAS PESSOAS

ROSANE DE OLIVEIRA (com autorização de publicação, ( parte publicada em ZH )


Adoro ler teus textos. A cena dos dois tocando violino, com essa "plateia", me  emocionou, como te disse em outra mensagem. E já que estamos falando de "berço", muitas vezes os críticos das minhas posições sobre a reforma da Previdência ou a terceirização dizem que sou filhinha de papai e nasci em berço de ouro. Tanto isso é verdade que na crônica de domingo (um espaço que criei na ZH digital para me refrescar), escrevi no domingo passado:

 

 

Crônica de domingo 

É verdade, eu nasci em berço de ouro e sou filhinha de papai


Venho de uma família que soube compensar as carências materiais com amor, dignidade e lições que nenhum dinheiro é capaz de comprar 


24/03/2017 - 21h08min | Atualizada em 26/03/2017 - 10h00min


Na discussão sobre temas indigestos, como a reforma da Previdência e a terceirização, em que tento fugir das posições radicais, é comum que leitores e ouvintes me acusem de ser uma "filhinha de papai" que trabalha sentada, em sala com ar refrigerado, ou de ter nascido em berço de ouro. E não é que essas pessoas têm razão? Sem a pretensão de escrever uma autobiografia, vou contar a verdade: sim, eu nasci em berço de ouro. Sim, eu sou filhinha de papai.

Sou a primogênita de um casal de agricultores que em 1960 morava numa casa de chão batido, sem luz, sem água encanada, sem conforto algum. Minha mãe tinha 18 anos. Meu pai, 25. Sou a filhinha de um homem íntegro e de uma mulher guerreira, que me deram amor acima de qualquer bem material. Com as próprias mãos, meu pai serrou as tábuas de pinheiro e fez o berço de ouro em que me abrigaram no frio de agosto. Com palha de milho, que pela cor lembra ouro para quem é da roça, minha mãe recheou o colchão em que sonhei meus primeiros sonhos.

As carências materiais foram compensadas por tudo o que não tem preço: amor em abundância, lições de dignidade, exemplos de ética, respeito, confiança, e incentivo para seguir em frente. A filhinha do papai ganhou seu primeiro carro antes de completar um ano de idade. Não exatamente um carro, mas uma carrocinha de duas rodas, feita de madeira. A carrocinha servia de meio de transporte para ir de casa até a lavoura e era nela que eu dormia ou ficava sentadinha, protegida pelo Duque, um genérico de buldogue, enquanto o pai e a mãe trabalhavam na terra.

Em berço de ouro nasceram também meus quatro irmãos. Porque mesmo sendo muito pobres, nunca nos faltou amor nem carinho. Cinco filhos em nove anos. Desde muito cedo, aprendemos a dividir o pão, o leite e as frutas do pomar. Juntos inventamos alternativas para a falta de brinquedos de loja. Cuidamos uns dos outros. Ensinamos aos mais novos lições que aprendemos na escola, usando carvão feito giz. Compartilhamos roupas, sapatos surrados e livros escolares. Trabalhamos na roça no turno inverso ao da escola, às vezes rezando para chover e assim escapar do sol inclemente. Aprendemos na prática o sentido de família.

A filhinha do papai teve de sair de casa aos 10 anos, para estudar na cidade, porque ele decidira que a educação seria a única herança do quinteto que dormiu em colchão de palha dourada nos primeiros anos de vida. O pai e a mãe seguiram trabalhando na roça, de sol a sol, para sustentar a prole. Ela costurava para aumentar a renda escassa. Ele não refugava trabalho. À noite, ouvia rádio para saber o que se passava no mundo. Os dois estiveram presentes em todos os momentos importantes das nossas vidas, especialmente no dia em que cada um vestiu a toga e foi diplomado.

Hoje não sou mais a filhinha de papai. Há exatos dois anos somos cinco órfãos e uma viúva que tentam, cada um a seu modo, sobreviver à ausência física preenchendo o silêncio com as lembranças que ficarão para sempre, prova de que existe vida depois da morte.

LISSI BENDER
 
 
Falas de uma realidade em paulatina extinção: de uma educação que não vem da escola, mas literalmente do berço, da família, que é a fonte primeira,  para o ser se humanizar e se transformar em pessoa social e culturalmente rica. Pode o ser dispor de imensa riqueza material, se não se humanizou, se não desenvolveu sensibilidade para  a vida, se não desenvolveu honestidade, senso de justiça, se não aprendeu a verter amorosidade para dentro de si nem para com o meio em que vive,  será um ser pobre.
 
DES. ELISEU GOMES TORRES
 
Ruy. Gente humilde ! Chico Buarque, em sua fase pré-Lulla e pré- Lei Rouanett, segundo os maldosos, escreveu uma página antologica da MPB , titulada GENTE HUMILDE. È a gente que é incapaz de abusar, de imiscuir-se, de usar o que não é seu. E,singularmente,a gente que é mais espezinhada e roubada por ladrões de todos os coturnos.  A esquerda brasileira sente calafrios quando se fala em segurança pública, confundida desde sempre com o aparato de segurança de Estado que a ditadura militar acalentava. Segurança Pública, hoje, seria “segurança do Povo”, instituição que os governos não vislumbram. Falo da segurança de um pobre operário que recebe a semana suada e vai para casa entregar à patroa para comprar os gêneros de primeira necessidade para a família. É esse que está sempre à mercê de um safado que, armado de um revolver alugado  toma-lhe o fruto do trabalho. Ou de outro, mais safado ainda que, de posse de uma caneta, rouba-lhe a esperança e um mínimo de assistência médica e educação. Mas o povo segue adiante.Gente humilde que dá vontade de chorar... Eliseu
...
 
FRANKLIN CUNHA


Prezado amigo Ruy

Pois vai outra história que completa tuas finas observações..

Nos frios e escuros cubículos de um hospita público onde fazíamos  o prenatal de pobres mulheres que vinham da periferia de PA desde as 5hs, no recinto, dito consultório, havia uma mesa e duas cadeiras. De um lado, uma mais ampla, estofada, macia e do outro, uma de ferro, dura, fria .As pacientes , ao entrar, reflexamente sentavam na cadeira de ferro.Um belo dia, troquei as cadeiras: a estofada para elas e a de ferro para mim.Então, passei a ver que as grávidas ,ao entrar,  olhavam, hesitavam um pouco  e sentavam na dura e fria cadeira de ferro no lado da mesa que habitualmente era ocupado por mim.

É como bem dizes, fatos de um Brasil simples, de boa índole, cordato ( a meu ver  até demais)..

São histórias para um segundo livro de tua lavra, que se me deres a honra, prefaciarei, de novo e com grande prazer..

Abraço.

Franklin Cunha
 
 
 

 

ANDA A EDUCAÇÃO E O RESPEITO DOS HUMILDES

Como sempre digo, berço é fundamental. Mas se o cara teve azar e não o teve, sempre é tempo de com ele iniciar-se uma dinastia de classudos. Não , não falei em ricos, falei em gente correta e ética.
Muita gente querida me mandou mensagens alegrando-se com o que contei na post( agem) anterior. O senhor humilde com sua família pedindo licença para ouvir música do lado de fora. Claro , ninguém ignora que a calçada é pública e ele não demandava pedir nem minha licença nem a do Papa. Mas na sua sabedoria de vileiro pobre concedeu-me galas, que não tenho, de um Paganini.
Aos meus leitores peço que relevem minhas licenças de linguagem. quando disse que não sabia se era por causa da idade que eu lacrimejava ,não estava me dizendo refém do doutor ( Alzheimer). Entonces. please, não me levem tão ao pé da letra. Ao pé da letra só o Tabelião.
Queria dar mais dois exemplos de classe:
a) no interiorzão, na campanha, o ônibus deixa os campeiros na beira do asfalto com suas compras que foram fazer na cidade. Daí , às vezes, eles têm que caminhar alguns quilômetros. Muitas vezes parei para dar carona aos viventes. Relutavam, não queriam incomodar, queriam tirar as botas, queriam ir na carroceria.Até que os convencia a entrarem e sentarem ao meu lado;
b) quando morei em Santiago, minha casa ficava no Centro e bem na frente havia uma parada de ônibus. Só eu sei como faz calor  em certos dias de verão por lá. E as pessoas ficavam esperando e esperando debaixo daquela "lua". Comprei um banco bem bonito de cimento, coloquei na calçada, junto à parada e ainda puxei uma torneira de água até a cerca de ferro,para que fossem se refrescando.
Pois não é que as pessoas não sentavam e nem usavam a torneira?
Fui até um grupo que estava lá na parada:
- por que vocês não sentam no banco e não usam a torneira para beber água?
- porque o banco não é nosso e a torneira está no seu terreno.
Tá bom assim?
Sim, isso ainda acontece no Brasil simples.

domingo, 26 de março de 2017

COMO OS DINOSSAUROS E OS PTERIDÁCTILOS, EXTINGUIRAM-SE AS SERENATAS NA PRAIA

Quando compramos nossa primeira casa em Xangri La, na rua Rio da Várzea ( construção mista de tijolos e madeira), imediatamente fizemos amizade com a turma do Recanto Xangri La. Lá amiúde ocorriam tertúlias que  iam até o amanhecer. Éramos jovens e nessa fase não carece dormir. E como gosta de dizer o glorioso Miguel Marques, " comer embrutece, beber enobrece".
Várias vezes o Guido Koehler, o Celso Carlucci de Campos ( do grupo Os Posteiros) e eu saímos a esmo procurando casas de amigos para  tocar umas quatro ou cinco e sair fora, ou não.
Só tínhamos que respeitar a hora da novela. Depois disso, as portas se abriam. Geralmente os donos da casa puxavam umas cadeiras para a a área da frente ou para o jardim. E íamos tocando e bebericando até que o dono desse um ou dois bocejos. Era a senha para  dar o prefixo e sair do ar. Ou quando não traziam mais cerveja.
Celso ao violão, Guido na gaitinha de boca e eu ao violino.
De repente, não mais que de repente, tudo mudou.
As pessoas passaram a se enclausurar dentro das cercas e muros.
Além disso chegou a super deusa Internet.
As pessoas passaram a teclar dia e noite.
Ontem à tardinha Rudolf e eu fazíamos um dueto de violino na frente de casa, ao anoitecer.
Lá pelas tantas passaram umas pessoas, eram os pais com três filhos pequenos, voltando da praia. Pelas vestes dava para denotar que eram de moradores locais das vilas adjacentes.
Pararam e ficaram quietos, nos olhando e escutando.
Quando paramos a música que estávamos tocando o homem indagou:
- podemos ficar aqui fora escutando mais um pouco? 
Acho que é a idade me pegando.
Uma lágrima teimosa me deu uma neblina nos olhos.

sexta-feira, 24 de março de 2017

BELA CRÔNICA DE FERNANDO ALVES - DA LINDA E CULTA URUGUAIANA

Maneiras – por Fernando Alves, de Uruguaiana
 
Depois que um dos suados coveiros terminou de passar as

costas da sua colher no ainda úmido reboco que revestia os oito tijolos sentados para

fechar a gaveta mais baixa da ponta leste daquela nova parede já quase cheia de gente

que quase ninguém ali conhecia e, sem grande resultado, com ela ainda limpou o pouco

que respingara da última tarefa do dia no chão que o solaço das cinco fazia queimar,

onde em seguida seriam depositados buquês e coroas de flores (enquanto o outro se

refrescava entornando duma garrafa pet o que sobrara de água e já acomodava as

ferramentas no carrinho de mão), ocorreu à velha Elvira, que só estava ali pelo neto e

dele não queria se afastar, que aquele ato de cortar o pesado silêncio com duas ou três

secas raspadas do metal no chão de pedra de areia, afetando capricho, era a forma

cerimonial daqueles brutos anunciarem que chegava ao fim a sua parte naquela cena, de

resto, alheia. Todavia, como não fossem entendidos, sempre ainda lhes cumpria

fazerem um ao outro um meneio com a cabeça e murmurar o pronto a quem estivesse

mais perto - que foi quando o olhar da mãe do morto desviou-se da nora e das netas e

convocou o bastardo Mathias, que trazia o nome bordado no bolso da camisa de tergal

branco impecavelmente passada e que, silenciosamente, investiu-se da missão de, pela

primeira vez na vida, escrever o nome completo do pai. Sem que ninguém visse donde,

catou um palito de fósforo e, com o esmero do ofício, na grafia de cada letra (de fôrma)

e no espaço entre elas se demorou um pouco mais que o necessário, porque ali, também

pela primeira vez, chorou. Nunca chorara aquela falta, nem quando criança, porque não

queria que a mãe e a avó se achassem insuficientes – a avó paterna, a dura Leonor,

sempre o reconhecera e não escondia isso de ninguém, embora pouco se vissem. Mas

naqueles demorados segundos chorou, agachado perante a carneira do pai e de costas

para a família e os amigos dele.

Fez ainda uma cruz antes da data de morte e uma estrela antes

da de nascimento, que sabia de cor porque desde pequeno acompanhava fotos suas na

coluna Zeny Calvelo, d’O Jornal de Uruguaiana, hoje extinto, que mesmo quando

morou em Porto Alegre dava um jeito de comprar quando se aproximavam os dias da

festa que o pai fazia todos os anos. Ou que faziam para ele, entidades, partidos e até

igrejas.

Na saída do cemitério, quebrou o gelo brincando com o filho

(adotado) de uma 'parente', um mulatinho de 5 anos chamado Bernardo, e disse coisas

protocolares a alguns do enxame que arrodeava dona Leonor, e, olhando-a nos olhos,

um “muito obrigado”, que ela entendeu.

Pegou a velha Elvira pelo braço e dali foram direto buscar

Bento no Colégio Santana. Era sexta-feira, quinto dia de aula da primeira série, e só

aquele acontecimento - que deixou escuro o lado direito do rosto que jamais tocou - um

coraçonaço em sono, de madrugada, do qual Mathias foi avisado ainda cedo pela avó,



que ligou de dentro do quarto do filho ali inerte (que não a chamara para o mate) após

fechar a porta para abafar a choradeira instalada na velha casa -, só aquela notícia lhe

tirou do bloco cirúrgico naquele dia, naquele horário.

O guri veio correndo, com a mochila aberta e o caderno na

mão. Queria mostrar o que fizera aquele dia: tinha conseguido desenhar os nomes dele,

da mãe e do pai na folha de abertura, aquela que vem depois da capa.

Mathias pensou em arrancá-la, mas como não seria bom

exemplo mutilar o caderno, resolveu esperar o final do ano para guardar a grafia - tão

cedo grafada - do seu nome.

Aqueles garranchos fariam toda a diferença – e o guri nem

sabia!


quinta-feira, 23 de março de 2017

A CARNE É FORTE


Com o perdão dos veganos e outros que preferem não se alimentar de carne, opção que respeito, me parece que a carne faz parte de nossa cadeia alimentar natural.

Dito isso, não quero entrar na espinhosa questão se a ação desencadeada recentemente foi pirotécnica ou não. Bem ou mal, as consequências estão aí. Um tsunami histérico tomou conta dos mercados que, em pânico ou com malícia, renegam a carne brasileira.

Coisa para as autoridades meditarem para futuras ações.  Às vezes o foguete estoura nos dedos.

 Posso assegurar , ao leitor  jejuno nessa área, que é mau negócio desleixar a sanidade do gado. Burrice, pois a produtividade despenca.  Assim, mesmo sendo um produtor modesto, tenho condições de afirmar que o gado brasileiro é de ótima qualidade.

Vamos , agora, para a tal “ carne podre”.  Se aconteceu com esses grandes conglomerados que estão nas manchetes, lei neles.

Mas é importante ponderar que por esse Brasil a fora há milhares de abatedouros grandes, médios e pequenos contra os quais jamais se lançou nenhum agravo. Nossa carne é saborosa e ótima.

Penso que do limão temos que fazer uma limonada. O que não tem solução ( reverter o dano midiático mundial causado), solucionado está. Com calma e jeito há que se  tornar mais transparentes os procedimentos de fiscalização, com periódicas auditorias independentes. Além disso, apoiar os pequenos e médios  abatedouros, facilitando seu acesso ao mercados, inclusive aos externos.

Cumpre ao Governo do RGS encetar uma vigorosa campanha publicitária, inclusive  internacional, mostrando que aqui a realidade é bem diferente. Que se convidem os compradores estrangeiros a nos visitar e  verem a excelência de nosso produto com seus próprios olhos e papilas.

E chega de brigas e jogos de empurra para lá e para cá.

Mãos à obra . Há males que vêm para bem.  Uma coisa é certa: nosso produto é bom, é ótimo; nosso rebanho é são e de ótimo manejo e nutrição. Não fosse assim, a recuperação seria mais penosa.

terça-feira, 21 de março de 2017

SÓIS DE OUTONO NA AGORA BUCÓLICA XANGRI LA

Cada vez mais pessoas  morando no Litoral e cuidando de suas casas, seus jardins, aproveitando o ar puro e o silêncio, harmonizado pelo canto dos pássaros e o sussurro das ondas do mar.










segunda-feira, 20 de março de 2017

BELA CRÕNICA DE EMAMUEL MEDEIROS VIEIRA


DO LADO DE CÁ

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Para Célia (amor) : também baiana (e sua família).

Em memória do  “Seu Claudionor (oráculo) e de Walter da Silveira, que me ajudaram a entender essa terra (um pouco mais)

Para Martha, comadre, “baiana e catarinense” – e querida amiga.

 

Minha África do lado de cá:

Bahia – eu queria te entender.

Um Atlântico a nos separar (e agregar).

Ah, Bahia: não a estereotipada, de cartão postal,  e shoppings, de alguns turistas que só registram e não enxergam, dessacralizada  e mundana.

Queria entender os teus mistérios, os teus santos, o teu sincretismo, tuas lutas –

Bahia, também meu amor, o peixe, a pele, a moça morena no Mercado Modelo,

Castro Alves e sua praça– declamo alguns poemas ,  contemplando o mar ao fundo.

E lembro-me   de Gregório de Matos, Carlos Marighella, Anísio Teixeira,  Walter da Silveira, Glauber Rocha, Jorge Amado, João Ubaldo,  do mago “Seu” Claudionor(“perdi” seu sobrenome), grande oráculo – todos  encantados.

Queria “saber” o que mais fundo há no Pelourinho –, além da beleza, do casario, das pedras, das “subidas”, dos sofrimentos dos escravos, das revoltas populares.

(E os pés que hoje piso, guardam  gemidos –  e o homem atento poderá escutá-los.)

Ainda e sempre o mar, a Bahia de Todos os Santos – tantos sim.

A vista na Avenida Contorno, a Ponta do Humaitá, teus oráculos, o Samba de Roda, a Ladeira da Barra, a Igreja de Santo Antônio, os coqueirais, o Cemitério dos Ingleses – e assim caminho olhando teu casario colonial (do que restou), a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de São Francisco.

O pôr do sol na Ilha de Itaparica, os últimos raios iluminando o mar, e  a noite cai – atabaques, tambores, não a Bahia estatutária – a terra da Fé, do sincretismo, da Colina Sagrada, e todos os rituais.

Aquela missa no Pelourinho, com ritos católicos e das religiões africanas, o Candomblé e a Consagração (somos todos assim, sincréticos, sempre à espera de algo que não vemos.)

( Lembro-me da Ilha do meu nascer, mítica,  da Bahia Sul, onde uma vez minha mãe me levou para assistir a uma regata, e eu tinha sete anos.)

Assim é: falando “Bahia” quando só escrevi sobre “Salvador”–, era assim que Amado dizia (“Cidade da Bahia”) e também da Ilha, a outra, que forjou o, meu barro.

E haverá cinza da matéria finita: poderia ser jogada  em algum mar, não importa se de lá ou de cá, ou ainda no Cerrado do meu coração – a primeira e a última capital deste país.

Cidadãos do mundo: assim somos, e poderia falar mais –, como esta prosa fosse uma roda de conversa.

Falar ainda? Do belo amor da maturidade, também baiano, assim seja, e posso dar – mesmo  com a escrita precária,  dizendo muito menos do que pretendia  (assim é a sina da escrita – sempre ficar aquém do que queremos)    os trâmites por findos .

É apenas uma prosa nos idos de março.

(Salvador, março de 2017)

sábado, 18 de março de 2017

NIVER DE 21 ANOS DE MEU FILHO RUDOLF E MINHAS IMPRUDÊNCIAS

Hoje festejamos o niver desse guri que está  estudando Direito na PUC e  em seguida vai estagiar em Tübingen, Alemanha.
Vierem parentes, professores dele, colegas, amigos. Até umas tias já bem idosas.
Prometi ao Rudolf que participaria de um jogo de futebol sete, no qual jogaria todo mundo, inclusive mulheres.  Maristela, por sinal, também jogou os 50 minutos.Isso antes do churrasco.
Na foto não  aparece nem a metade dos convidados, pois se atracaram tanto  nas brahmas e no churrasco ,que não quiseram posar.
Prometi que após meus dez minutos de jogo haveria uma pausa e eu queimaria minhas chuteiras lá na churrasqueira, tendo ao fundo o hino do Colorado. Seria minha despedida do salutar esporte bretão.
Milagre,  ao primeiro minuto subi para escorar um escanteio E...BUCHA. GOL.
Fui ficando e ficando e fiz mais um gol. E joguei os dois tempos de 25 minutos cada.
Suspendi a queima das chuteiras. Acho que dá para trotear mais um pouco.
Com esta, são já  quatro despedidas solenes do futebol que não cumpro.
A primeira foi aos 40 anos.
Eu sou meio sem fundamento: prometo e não cumpro.
Mas, como disse-me um sábio amigo: promessas são para não serem cumpridas.


sexta-feira, 17 de março de 2017

SANTIAGO RS NA CRISTA DA ONDA - COMO SANTIAGUENSE HONORÁRIO FICO MUITO FELIZ

O Príncipe

Volta à posição de origem e carinho da família: como Charles procura reverter instabilidade no Inter

Pai, mãe e irmã do volante viajaram 500 quilômetros para acompanhar partida no Beira-Rio

Por: Leandro Behs
16/03/2017 - 20h34min | Atualizada em 16/03/2017 - 21h04min
Volta à posição de origem e carinho da família: como Charles procura reverter instabilidade no Inter Ricardo Duarte/Inter,Divulgação
Foto: Ricardo Duarte / Inter,Divulgação  
No momento de instabilidade, Charles ganhou o carinho da família. Após a expulsão em Caxias do Sul, diante do Juventude, o volante de 20 anos, teve boa atuação contra o Sampaio Corrêa. Nas arquibancadas do Beira-Rio, estavam os pais, Lisandra e Pedro. Em campo, entrando de mãos dadas com o irmão mais velho, a pequena Manuela, três anos. Os Rigon Matos percorreram de carro os 500 quilômetros entre Santiago e Porto Alegre para incentivar o filho famoso.
— Demos sorte. Ele jogou bem e quase fez um golaço. Antes eu ficava ao lado do campo, berrando e incentivando. Agora, foi a primeira vez que assistimos ao Charles no time de cima, no Beira-Rio — comemorou Pedro Matos, 59 anos, pai de Charles, que levou ao estádio uma faixa com a foto do volante e os dizeres "Orgulho de Santiago, te amamos".

quarta-feira, 15 de março de 2017

MARCO PEIXOTO ASSOMBRA DE NOVO

O Marco Peixoto é primo de minha mulher Maristela, que, por sinal, também é parente do Tarso Genro. 
Marco é de Santiago, uma linda cidade do centro do Estado. Mas que sozinha dificilmente elegeria um deputado estadual.  Pois ele foi tecendo uma teia de alianças e se elegeu várias vezes.
É conciliador, não sabe o que é cansaço, e a política está em suas veias.
Foi nomeado para o Tribunal de Contas, onde recebeu resistências. Foi indo e indo e chegou à Presidência.
Como é prudente, assumiu e se manteve discreto.
Até que, na bronca dos duodécimos dos demais Poderes, teve uma ação incisiva e o resultado foi , com sua participação, a derrota da proposta do sr. Sartori.
Achei que estariam rompidas as relações. Que nada! Marquinhos levou Sartori para visitar Santiago. Uma proeza.
Agora ele enfrena outra parada.
Assume uma posição proativa e
 esteve em roteiro de audiências em Brasília, acompanhando comitiva de Chefes de Poderes do Estado e deputados estaduais no dia 14 de março no Senado e na Câmara dos Deputados, onde tratou da renegociação da dívida do Estado do RS.

Mencionou que os Poderes querem e precisam de uma solução urgente para o RS.
Com a compensação da Lei Kandir sobre um encontro de contas para termos maior para a Segurança Pública.
Com ele ajudando nas negociações não duvido de nada mais...



terça-feira, 14 de março de 2017

COM ÁGUA E FOGO NÃO SE BRINCA

Aconteceu, agora, no final de tarde, na praia de X. La.
Rapazes do interior se aproximaram demais do mar, confiando na potência das caminhonetes, o mar deu uma lambida e pronto, atolaram. E a cada onda afundavam mais.
Por sorte o Jaimão, da Peixaria, foi chamado com seu guincho e conseguiu resgatar os dois carros.





segunda-feira, 13 de março de 2017

A PROPÓSITO DO INTER E SUAS HISTÓRIAS: NEM FIO MARAVILHA ESTRAGOU MINHA PRIMEIRA VISITA AO RIO DE JANEIRO





Parece que o ano era l967. No sábado haveria o jogo Flamengo e Inter no Maracanã. Eu morava na casa da UESC ali na Tomás Flores, em P. Alegre. Li que haveria uma excursão pelo avião da Sadia, companhia aérea já extinta. Eram 10 parcelas. O dono do curso supletivo onde eu lecionava para me sustentar serviu de meu avalista. Nunca tinha andado de avião.Fui sentadinho ao lado do falecido Aldo Dias Rosa, na época dirigente do clube.  Descemos no Galeão e uma Kombi nos levou ao Hotel Marambaia em Copacabana. De tarde outra Kombi levou nossa turma ao Maracanã. Os transeuntes, ao nos verem com a vermelhinha do Inter diziam:


- ué, torcedores do América?


Nas arquibancadas uma charanga do Flamengo tocava e fazia barulho. Sentamos perto  e fomos muito bem tratados. Eram outros tempos.


O resultado foi de 1x0 para o Flamengo, gol de Fio ( Fio Maravilha).


O nosso avião só sairia 2ª. de manhã.


No domingo de manhã dei uma chegada na praia, parece que era o posto 4, bem na frente do Hotel.  Em redor de uma rede de vôlei havia várias famílias, homens, mulheres, suas filhas e filhos e alguns já estavam jogando.


Incrível, mas o Rio naquela época era muito, mas muito diferente.


Um jovem senhor, que estava com sua esposa e uma filha adolescente me disse:


- good morning! ( calculava que, pela brancura, eu fosse um estrangeiro).


Agradeci e disse que era gaúcho.


- quando esse jogo terminar, quer jogar de dupla comigo?, replicou ele.


Acedi com alegria.


- sente-se aqui com a gente, disse a jovem senhora, aceita um suco de laranja? Olha, essa aqui é nossa filha, Soninha, já tem 16 anos. E não tem namorado.


Dali seguiu-se um idílio dos maiores que vivi nesse mundo de Deus.


Eu me  portava retraído, mas  a guria era cheia de dedos na acepção literal da expressão. Em seguida, me convidou para dar uma caminhada até a Praia do Leme pelo calçadão.No caminho ela foi cantarolando “ Ai Dindi” e eu, muito sacana “ se você quer ser minha namorada” . Era o tempo da Bossa Nova.( vá no Google, vale a pena) De lá já voltamos de mãozinhas.


- Mamãe, papai, eschtamus namorandu! anunciou ela ao chegarmos à rede.


Foi aí que comecei a conhecer o verdadeiro Brasil. Se até então eu dava beijos na boca algo protocolares, a guria vasculhava com sua língua inclusive minha traquéia.


Na hora do meio dia a mãe de Sônia abriu um farnel com sanduiches e todo mundo tomou cerveja.A guria bebia mais moderadamente.


Por volta de 4 da tarde o sol começou a se por atrás dos edifícios e morros.


- Amohhh! Amohhzinho, não quer tomar um café  no nosso apahhtamento?


Declinei muito prudentemente e atochei que meus pais me esperavam decerto já aflitos no hotel.


Despedimo-nos ali no calçadão, na frente do Hotel, a Sonia me beijando   e me abraçando de corpo inteiro, pendurada no meu pescoço e seus pais com lágrimas nos olhos, achando muito lindo tudo aquilo.


Trocamos  algumas cartas durante uns meses.


Aos 18 , 19 anos não há como ser muito constante à distância.



Quando ouço,” Copacabana, princesinha do mar” me lembro, que  cheia de vida aquela menina, bronzeada, cabelos pretos e olhos mais negros que noite de lua nova.

quarta-feira, 8 de março de 2017

AINDA BOMBANDO EM NOSSA CONFRARIA O ASSUNTO MULHERES, ARTIGO DO JURISTA E ARTICULISTA ASTOR WARTCHOW


Mulheres

 Histórica e tradicionalmente, os grandes "inimigos"  femininos eram o Estado e a Igreja (ainda são?). Para tal enfrentamento a mulher inovou na contestação política e social e introduziu temáticas novas e transformadoras.
 Sobretudo relativamente aos temas planejamento familiar, filhos, aborto, pílula e sexo. "Nosso corpo nos pertence", enfatizam!
 Uma das maiores conquistas do movimento feminista foi a ruptura da influência patriarcal na discussão, organização e construção dos destinos da sociedade.
 A mulher passou de coadjuvante a atriz principal, de igual para igual com o homem. A filósofa Hannah Arendt (1906-1975) dizia que “era o exercício do direito a ter direitos, uma vez que a conquista dos direitos exigiria um sujeito que tivesse ação na esfera política”.
 De modo que família, sexualidade, trabalho e divisão doméstica do trabalho, saúde das crianças, creches e escolarização, entre outros temas importantes, lideram a pauta política.
 A pauta feminina fez emergir novas demandas até então discriminadas e distantes do discurso público-político, a exemplo dos direitos de participação dos grupos de gays, lésbicas, negros, idosos e portadores de necessidades especiais.
 Mas, apesar de todas essas conquistas e avanços ainda há graves desigualdades e abusos comportamentais. A participação feminina nas esferas de poder social e econômico, e na política em particular, ainda é pequena.
 A dimensão da participação está diretamente relacionada aos níveis de educação e desenvolvimento de uma nação. Indicadores confirmam que quanto melhor o IDH (índice de desenvolvimento humano) de um país, mais equilibrada é a participação das mulheres.
 Há outros aspectos que colaboram no impedimento e na diminuta participação das mulheres na política e nas demais estruturas de poder.
 Por exemplo, é relevante a questão econômica e financeira. Apenas 4% da riqueza do mundo estão em mãos femininas. Por óbvio, sabemos que riqueza e poder têm tudo em comum!