quinta-feira, 25 de julho de 2024

DUZENTOS ANOS DE ORGULHO

RUDOLF GENRO GESSINGER

    "A celebração do bicentenário é uma homenagem e um agradecimento aos nossos antepassados alemães”. Assim disse em uma entrevista para a Vale TV o presidente da Comissão Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã, Rafael Koerig Gessinger, meu irmão.

        Não se trata somente de um momento de festividade pela chegada de uma data marcante no aspecto temporal, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul fomenta e protege um patrimônio cultural que ajudou a moldar a identidade do povo gaúcho ao longo desses duzentos anos.

        Em 25 de julho de 1824, as 39 pessoas falantes da língua alemã – na época, a Alemanha ainda não era Estado unificado – chegaram num remoto território gaúcho com esperança e muito trabalho para construir uma vida melhor.

Exatamente pela necessidade de abrir picadas nos matos do vale do Rio Pardo para construção das moradias, lavouras, igrejas e escolas, foi chamado de Alt Pikade, de Picada Velha e depois de Picada de Santa Cruz o hoje pujante município de Santa Cruz do Sul.

Como ensina Martin Dreher, a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, em 1824 possuía uma única escola mantida a partir dos cofres públicos: o Colégio Militar de Porto Alegre. Honrando a fibra característica do povo alemão, os imigrantes que aqui chegaram contribuíram para o avanço da alfabetização no Rio Grande do Sul, criando em cada picada novas escolas, com grande contribuição da Igreja Luterana.

Em outros estados do Brasil, a imigração alemã foi marcante no Espírito Santo e mais significativamente contribuiu para formação de Santa Catarina, que conta com cidades em que a culinária, a música, a arquitetura e as celebrações alemãs são atrações turísticas relevantes, casos dos municípios de Blumenau e Pomerode, por exemplo. 

Também é notável e riquíssimo em termos culturais como o regionalismo alemão também se posicionou em diferentes lugares do Rio Grande do Sul.

Panambi, que até hoje tem programas de rádio transmitidos no idioma alemão, teve seu território povoado por imigrantes vindos de Württemberg, no Alto Reno. Em São Lourenço do Sul se tende a falar o idioma alemão no dialeto pomerano. Outras diferenças linguísticas se notam entre as regiões do Vale do Rio dos Sinos, de Igrejinha, de Lajeado e assim por diante.

        Para quem se interessar mais pelo trabalho que a Comissão do Bicentenário da Imigração Alemã e suas subcomissões têm desenvolvido, o site da Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul possui uma página que contém um manancial de conteúdo, cujo link colaciono a seguir: https://cultura.rs.gov.br/noticias-6581cd59ef762.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

FUTEBOL EM DECLÍNIO

 

RUDOLF GENRO GESSINGER


Vocês têm visto como está baixo o nível do futebol na Eurocopa? Até o fechamento desta coluna (antes das semifinais), os quatro artilheiros possuem três gols cada, sendo que foram marcados dez gols contra em toda competição. São jogos sem muitas alternativas de jogadas de ataque e de defesas exageradamente abertas e esculhambadas, como a da Itália.

Não que a Copa América esteja enchendo os olhos, afinal historicamente não é o que acontece. Nos jogos que terminaram empatados e foram para os tiros livres da marca do pênalti, foi entregue alguma emoção ao espectador. Na disputa, os goleiros perdedores também brilharam defendendo cobranças.

Na Eurocopa, a prorrogação era só mais 30 minutos de suplício para quem jogava e para quem assistia.  

Esboçada a caricatura, pintemos o fundo do quadro.

O futebol, enquanto produto, deve(ria) ter como foco entregar entretenimento para seu consumidor. Logicamente é importante vencer, mas não sacrificando o espetáculo.

Não ignoro que o futebol se tornou mais físico que nos anos 1980, por exemplo, época marcada por times técnicos como a inesquecível Seleção Brasileira de 1982. Para dar espaço a uma musculatura presa para aguentar a carga de jogos, saíram o drible, a técnica e o tempo de treinamento para cobrar uma falta com perfeição.

Os goleiros são os únicos jogadores com prerrogativa de serem atendidos pelos médicos em campo, interrompendo a sequência da partida. Não é concebível, entretanto, que a cada grande defesa o goleiro se contorça no gramado e chame atendimento médico para “ganhar” tempo.

Circunstancialmente, é uma estratégia para esfriar o ímpeto do adversário, mas usada com muita frequência, só torna o jogo chato, picotado. Nenhum acréscimo devolve a naturalidade do jogo, que os goleiros consomem fazendo cera.

Aliás, será que não poderíamos repensar a extensão do jogo? E se fossem dois tempos de trinta minutos ou três de vinte? Seria condizente com uma época em que aceleramos tudo no mínimo para a velocidade 1.5.

No basquete dá certo jogar em tempos curtos.

A essência popular do futebol, que germinou e fez florescer o esporte, está há tempo minguando.

A começar pelos campos: é preciso uma organização semiprofissional para juntar vinte e duas pessoas para jogar futebol de campo, em qualquer horário que seja. Mesmo no Society é uma luta para fechar dois times, fora que não existem quadras a menos de 10 reais por jogador.

Sem a grama sintética que arrebenta joelhos e tornozelos, beach tennis e padel, por exemplo, têm se mostrado mais atrativos para quem quer praticar um esporte no tempo livre.  

 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

SABER DESCANSAR

Saber descansar (gaz.com.br)

RUDOLF GENRO GESSINGER


“Tempo é dinheiro” é brocardo do senso comum do qual dificilmente alguém irá discordar. No mesmo sentido, ser produtivo é enxergado como uma qualidade positiva para maioria das pessoas.

Empreender, manter aparência saudável, viajar, aparecer... quem não quer tudo isso?

Escolhas e renúncias têm seus preços; o que nos faz bem tem valor. Saber descansar é fundamental para melhor eleger o caminho a seguir, porque clareia a visão sobre o contexto de vida.

No sono, nosso cérebro passa por um processo semelhante à limpeza de disco de um computador. Informações menos relevantes são “apagadas” e se consolidam os dados importantes. Cuidados como o de higiene do sono podem nos tornar mais efetivos, aumentando a produtividade no tempo disponível para trabalhar.

Dois dias diferentes terminam: Num tu voltaste de uma festa; noutro, de um velório. O cansaço ao final desses dois dias é diferente, mas a necessidade de dormir é igual, porque te reinicia.

Botar em prática o descanso adequado é muito difícil.

Desligar-se dos estímulos do mundo parece errado. É como se estivéssemos perdendo tempo e, consequentemente, perdendo dinheiro.

Assim, saímos duma tela para a outra. Largamos o trabalho remoto para maratonar uma série, ou ouvir um podcast, ou derreter tempo no Instagram ou TikTok.

Chega uma notificação e interrompemos qualquer programação para ver o que é. A gente precisa saber o que está acontecendo: agora!

Nos finais de semana vamos dar uma volta no shopping para espairecer. Será que dá certo mesmo?

Nem bem ligados, nem desligados, nós, integrantes da sociedade do cansaço de Byung-Chul Han, ficamos que nem uma lâmpada piscante. Nem bem clareia, nem esfria. O que é certo é que a resistência está sendo gasta.

Atingir a meta, superar a meta, dobrar a meta. Prazos. Maioria das vezes, precisamos nos sacrificar.

Calma, às vezes é preciso simplesmente parar. Descansar, não se distrair. Deixar o tempo passar, não gastar o tempo.

Parece cada vez mais difícil. Controlar a ansiedade - mal do século e comadre da depressão – certamente ajuda a estar bem por mais tempo, exatamente por estar melhor descansado.

Além de ser o próprio empresário, saber procurar a própria paz; alinhar os treinos com boa alimentação e descanso ao invés de ir todos os dias para a academia; sentir a cultura de um lugar novo e ir aproveitando, não engessar as férias cumprindo um roteiro de pontos turísticos que podem nem ter sentido conhecer; lembrar pela tua visão, não por um monte de fotos.

Pode ser bem melhor assim.

Bom descanso e até daqui quinze dias!

quinta-feira, 30 de maio de 2024

ERA ASSIM MEU INVERNO

 RUDOLF GENRO GESSINGER


       Essas noites frias de garoa e de bastante vento, que riscam a boca do inverno, me atrasavam o sono quando eu era piá.

O barulho de alguma folha de zinco que levantasse um pouco me assustava. O poncho de carnal vermelho do meu pai me tapava junto com mais uma ou duas cobertas. Qualquer susto, era só se esconder embaixo dele que eu estaria protegido.

       Às vezes eu ouvia barulhos mais fortes de coisas caindo no zinco, como se fosse uma chuva grossa. Eram as bolinhas do cinamomo, que garantiam que o teto estava ali e inteiro.

       Eventualmente, eu mergulhava num sono sem escalas até o começo da manhã. Minha mãe já tinha feito fogo no fogão à lenha, gesto que, por si só, já esquentava o coração da casa.

       Seja ensopado ou carreteiro, a comida que ela faz no fogão à lenha sempre fica uma delícia incomparável!

       Do lado de fora das janelas, tinha um mundo diferente, pois molhado e embarrado, mas também seguro e muito divertido. Sentir o calor de dentro de casa, enxergar os cavalos e a lida acontecendo na mangueira me deixava fortalecido e animado para sair porta a fora.

       As marcas paralelas de pneus logo depois da porteira contavam que minha avó tinha saído para a cidade tarde da noite ou cedo da madrugada. O charme dela era tamanho que até nos seus rastros minha avó deixava alegria.

       De volta para almoçar, eu tinha que limpar as botas na grama ou no pano que tinha na soleira da porta. Entrar em casa embarrando o piso deixava minha mãe furiosa, mas tive que fazer isso algumas vezes por excesso de fome.

       Criei o hábito de ler bastante no inverno muito tempo depois, por isso minhas tardes eram espelhadas nas manhãs. Acompanhar o manejo do gado era minha forma de aprender, ajudar e brincar, tudo ao mesmo tempo.

       Antes do tombo da tarde, eu pegava um caniço e ia para a beira do açude pescar. Assistindo o sol ir embora para a Argentina, eu sentia a suprema majestade da natureza. Até hoje e para sempre, esse será meu grande momento de paz.

Meus pensamentos se emparelhavam e se expandiam igual às ondinhas que arrepiavam a água toda vez que a boia piscava com os peixes beliscando a isca.

“A hora de puxar não é quando correr a linha, mas quando tua cabeça mandar”. Assim ensinaram minha mãe e minha avó, para a pesca e para a vida.

O que eu trouxesse no samburá era o que menos me importava, mesmo porque meu organismo nunca me permitiu comer nada que viveu na água.

Não deixava de ser minha contribuição para as jantas do inverno. Os outros na estância ficavam felizes com os lambaris e jundiás que deixaram de nadar no açude para boiar na frigideira.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

RECONSTRUÇÃO

 RUDOLF GENRO GESSINGER


   Os últimos cinco anos têm enrugado o couro de nós gaúchos. Foram dois anos de pandemia, dois anos de seca e agora uma enchente de dimensões estaduais sem precedentes que muda os rumos de 2024. Aliás, esse era o ano para a agricultura do Rio Grande do Sul desatolar, mas quem ainda tinha a soja “do tarde” ou arroz para colher perdeu o resto da lavoura.

      Essas perdas inerentes ao risco do negócio acabaram sendo insignificantes perto da devastação na vida de quem perdeu alguém ou perdeu tudo. A coragem dos voluntários e a solidariedade de quem doa o mínimo que seja têm unido nosso povo de uma maneira comovente e exemplar.

Corremos risco de ficar desabastecidos de água potável e por isso é fundamental poupar. 

Estamos vivendo o paradoxo da água: o donativo mais importante para os desabrigados é água, o mesmo elemento que invadiu suas casas e os forçou a estarem ali. Falta água encanada apesar de não parar de chover.

       Por enquanto, estamos sobrevivendo à enchente. Quando a catástrofe tiver números finais, começa a parte mais demorada e difícil que será a reconstrução de casas, de estradas e de vidas inteiras.

       Será um desafio que dependerá da união, do trabalho e da solidariedade do nosso povo.

A Alemanha ficou debulhada depois das guerras mundiais, mas se tornou potência em todos os sentidos depois de ter sido reconstruída pelo seu povo. Os imigrantes alemães, de quem descende maioria da população de Santa Cruz, abandonaram o mundo que conheciam levando fé e trabalho. Abrindo picada, construíram do zero um dos municípios mais imponentes do Rio Grande do Sul.

       Quanto ao Governo Federal, precisaremos de ajuda para criar empregos para toda a gente que precisa recomeçar a vida. Já passou da hora de ser menos burocrático e caro empregar formalmente um trabalhador. Ao mesmo tempo, precisa ser facilitado o acesso a crédito para quem quiser empreender.

       De uma forma ou de outra, é inadiável que respeitemos a força da Mãe Natureza. Se for necessário, deixe tudo para trás e saia de casa, pois o nível de um rio pode subir ligeiro.

Não faltam estudos para entendermos como viver sem agredir nosso planeta, que é nossa casa. As consequências das ações da humanidade não respeitam os limites territoriais que criamos.

Assim que conseguirmos nos recuperar, já precisaremos pensar em como ajudar os outros. Os problemas ambientais são comuns a todo Brasil, logo as soluções devem ser mais amplas que os problemas locais.      

Aliás, a região do Pantanal está enfrentando uma seca que pode atingir níveis críticos até o final do ano. Sabiam?

                

 

terça-feira, 7 de maio de 2024

OLHO NO PACHECO

 RUDOLF GENRO GESSINGER


        Rodrigo Otavio Soares Pacheco, 47 anos, é radicado em Minas Gerais, advogado e atual presidente do Senado. Cabe lembrar que é condição de elegibilidade para o cargo de senador a idade mínima de 35 anos, portanto Rodrigo Pacheco pode ser considerado jovem para seu mister.

       Autêntico gentleman, Rodrigo Pacheco lidera de maneira serena, busca não desagradar nem o governo federal, nem a oposição, apesar de ser assertivo em seus posicionamentos. Típico mineiro, está alcançando uma posição central na política nacional brasileira ao comer pelas beiradas.

Pacheco deixou bem claro: enquanto for presidente do Senado, não passará nenhum pedido de impeachment de Ministros. Essa é uma precaução salutar para nossa democracia, para a economia e reputação internacional do Brasil e para lembrar as pessoas de que deve existir harmonia e independência entre os poderes do Estado.

Outrora não se procurava tampar as panelas como faz Pacheco. O leitor deve lembrar de como foi pitoresca a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Gritarias, homenagens ridículas, acusações e longos discursos vazios podados pelo impassível Eduardo Cunha ao perguntar “como vota o Deputado?” foram a caricatura da bagaceirice que existe na política nacional.   

Mirando a candidatura para governador de Minas Gerais nas eleições de 2026, Pacheco está evitando indisposições e, de quebra, aumentando capital político. A PEC das Drogas, por exemplo, foi uma resposta cívica ao julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.

Pacheco defende que os Poderes do Estado exerçam suas funções típicas: o Judiciário julga; quem legisla é o Legislativo. Botando cada um no seu lugar de maneira polida e ao abrigo da legalidade, o presidente do Senado se articula sem alimentar a polarização política, a qual desidrata qualquer debate e nos atrasa enquanto democracia.

Garanto que Rodrigo Pacheco seria um bom vizinho: é desse perfil que nossa política precisa. Bem cotado no quinto maior colégio eleitoral do país, Pacheco será nome forte ao governo do estado de Minas Gerais as Eleições de 2026 e certamente os futuros candidatos para Presidente da República se empurrarão para contar com seu apoio político.

Acredito, inclusive, que o futuro reserva um lugar para Rodrigo Pacheco no Palácio do Planalto. Tem muito chão até lá, mas sinto que terei o prazer em votar num homem que parece digno de ocupar a cadeira da Presidência da República e à altura do desafio de unir uma nação sem ser quem grita mais alto. 

quinta-feira, 18 de abril de 2024

LEALDADE

    RUDOLF GENRO GESSINGER

   Toda relação interpessoal verdadeira tem como esteio a lealdade. O mesmo vale para a relação entre animais domésticos ou deles para com seus tutores.

Tanto são dignos os bichinhos que o Canadá alterou sua legislação, poucos anos atrás, para considera-los “pessoas não humanas” ao invés de coisas, como entende o nosso Direito. A faxina vintenária do Código Civil, ainda em andamento, tende a posicionar a tutela jurídica dos animais de estimação perto ou junto da regulamentação sobre a(s) família(s). 

Vejo a lealdade brilhar no transparente olhar da Sissi, cadela Boxer tutelada pelos meus pais e por mim, em menor medida de tempo, mas em igual intensidade de carinho. Evidentemente, existe lealdade no mundo dos homens, ainda que estejam se distanciando pela instantaneidade da comunicação, pela liquidez das relações e por outros paradoxos de nosso tempo.

Mesmo assim, considero seguro afirmar que a racionalidade nos leva a julgar absolutamente tudo, ponderar sobre todo e qualquer assunto, em detrimento da lealdade, se necessário for. Sobem à cabeça as potenciais vantagens. Até que ponto as pessoas estão prontas para sacrificar seu bem-estar para a proteção do outro?

Uma pessoa leal pensa no melhor para o seu grupo antes de pleitear vaga num clube de vantagens. O futuro depende de sacrifícios, de tempo empreendido, de prioridades. Tudo que exige sacrifícios é extremamente difícil de ser executado com boa vontade por qualquer indivíduo. Apenas aqueles que olham para o futuro sacrificam algo no presente.

O presente é uma dádiva para o teu futuro: pode enxergar assim! E como é triste alguém que olha para o presente como seu próprio fim. A tristeza do imediatismo corrompe a lealdade, pois só se consegue ser leal aos seus próprios interesses momentâneos.

Ser leal muitas vezes se traduz na necessidade de ser rígido com pessoas da tua mais alta estima. Ralhar teu cachorro para afastá-lo de um perigo oculto para ele. E passar a mão na cabeça de quem comete verdadeiros atentados contra o futuro não é uma prova de lealdade, mas de covardia.

Tomar decisões duras e agir em favor de algo melhor é encargo da lealdade. Parte de ser leal é aceitar o peso das tuas decisões. Pode ser triste aceitar que pessoas a quem foste leal simplesmente partam por não suportarem o sacrifício por um futuro melhor. É esse o preço.

Finalizo esse humilde texto agradecendo à lealdade de Alex Kunrath - santa-cruzense de coração - que, há quase dez anos, cultiva comigo uma amizade de reflexões, comemorações e frieza para planejar decisões difíceis.

quinta-feira, 21 de março de 2024

DIREITO DE NASCER?

 

RUDOLF GENRO GESSINGER

https://www.gaz.com.br/direito-de-nascer


          “Mãe, que me tens no ventre,

          Dá-me o direito de nascer

          Pai, quando eu nascer,

          Dá-me o direito de viver”

          Eu mesmo arredondei para o Português Brasileiro esse trecho de uma música cantada pela caboverdiana Cesária Évora. Fica clara a posição dela em relação ao aborto, tema que chacoalhou noticiários e redes sociais no último Dia Internacional da Mulher.

          Para quem não acompanhou, a França se tornou o primeiro país a consagrar constitucionalmente o direito da mulher em se submeter ao aborto voluntariamente até a 14ª semana de gestação, justamente no dia 8 de março. Já existia lei no mesmo sentido desde 1975, mas a elevação de status da norma para o âmbito constitucional a reveste de um respaldo máximo por parte do Estado francês.

Historicamente acostumado a decisões revolucionárias, boa parte do povo francês aplaudiu quando a notícia apareceu, em diversos idiomas, projetada na Torre Eiffel, evento que foi comemorado como conquista das mulheres. Aliás, a finada Cesária Évora residiu em Paris.

 O presidente da França, inclusive, pretende que a emenda constitucional também seja incluída na Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia, para que o direito fundamental ao aborto possa ser constitucionalizado por todos os países membros do bloco. 

O fundamento jurídico do direito ao aborto na França é razoável: a mulher tem o direito de livremente dispor dos seus nutrientes corporais, podendo interromper uma gravidez indesejada se assim quiser. Claramente, lá se adota a teoria natalista da personalidade civil, ou seja, um indivíduo só é sujeito de direitos depois de nascer com vida. Por outro lado, a teoria concepcionista ensina que o nascituro (embrião) tem certos direitos de personalidade protegidos pelo Estado, tais como nome, imagem e sepultura, caso nasça morto. Menciono, por fim, que existe uma terceira teoria da personalidade civil, aplicada no Direito Espanhol, mas a considero bizarra e não merecedora de aprofundamento nesse espaço.

No nosso Direito, o aborto só é legalmente possível caso a gravidez seja resultado de violência sexual ou represente perigo de vida para a gestante. Brasil afora, existem legislações municipais esdrúxulas (e formalmente inconstitucionais), que “possibilitam” à gestante ouvir os batimentos cardíacos do feto antes da realização de aborto autorizado. Perdeu-se a oportunidade de pedir para que Augusto dos Anjos descrevesse poeticamente essa situação constrangedora.

Para terminar a polêmica no Brasil, como foi feito na França, poderíamos fazer constar na Constituição da República que o feto tem o direito de nascer, salvo nas exceções previstas na legislação, ou que a gestante tem o direito de escolher se leva adiante ou interrompe uma gravidez anterior ao 14º mês de gestação.

 De uma forma ou de outra, parabéns a todas pelo Dia Internacional da Mulher!


ALEGRIA

 

           RUDOLF GENRO GESSINGER

        https://www.gaz.com.br/alegria


                No próximo domingo, completo 28 anos de idade.

          No meu aniversário me sinto tanto sonhador quanto nostálgico; vaqueano em algumas coisas, cru em outras. Estou convencido de que uma vida sem sonhos não tem valor, nem cor, nem amor por si própria.

               Fico feliz em todo 10 de março por ser o réveillon em que quem é meu comemora junto comigo. Correm os anos e sempre os mesmos se sobressaem para me oferecer consolo, conselhos e carinho nos meus maus momentos: faço questão da presença deles quando organizo alguma comemoração.

               Tem pessoas que nunca esquecem de me mandar parabéns e essas me surpreendem a cada ano com o carinho que demonstram.

               Sempre me lembro também da alegria de ligações que não chegam mais, de gente querida que já se foi. Era um evento no meu dia quando a tia Estelinha ligava para me dar parabéns; curiosamente, ela detestava o próprio aniversário.

               Considero fundamental para o desenvolvimento pessoal e social das crianças as festinhas com o máximo de amiguinhos possível, balões, bolo, doces e refrigerantes (sei que se deve evitar o excesso de açúcares independente da idade, mas os aniversariantes merecem especial tolerância). Afinal, se dependesse das crianças, todos os outros dias do ano teriam aquela mesma alegria pela vida.

               Tive umas quantas festinhas de aniversário divertidas, mas confesso que mesmo o Rudolf criança sempre preferiu o calmo testemunho do tempo que presta quem tem mais idade.

               Quantas histórias me contou Nico Fagundes, bah!

               Meu pai, disparado, é quem mais gosta de contar os causos e vivências dele. Ajudei a compilar seus melhores textos num livro, inclusive. Seguido pego esse livro - intitulado Trilhas, Rumos e Enroscos - e leio numa sentada.

              Recentemente, li de cabo a rabo o livro Causos e Patacoadas do meu amigo e ídolo Nenito Sarturi, num voo entre Rio de Janeiro e Porto Alegre. Recomendo a leitura dessa obra mesmo para quem não é familiarizado com as expressões e tradições campeiras.

               Por todas essas razões, resolvi que meu aniversário desse ano vai ser um churrasco pro "velharedo", composto de amigos mais velhos e parentes. Eu mesmo vou assar e servir a carne para o pessoal, como aprendi frequentando as casas das famílias de meus melhores amigos em Santiago, capital da qualidade de vida.

               Em volta das quantas histórias que vou conhecer ou relembrar, vai pairar a alegria de ainda ter junto de mim meu "velharedo" e de perceber que a história de uma vida é a casa que a gente constrói com muitos tijolos emprestados pelos outros.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

PREVALECE A LIBERDADE

Rudolf Genro Gessinger    

Advogado e Produtor Rural 

https://www.gaz.com.br/prevalece-a-liberdade/


O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu o ano forense fixando a seguinte tese: “Nos casamentos e uniões estáveis envolvendo pessoa maior de 70 anos, o regime de separação de bens previsto no artigo 1.642, II do Código Civil, pode ser afastado por expressa manifestação de vontade das partes, mediante escritura pública”. Consagrou-se uma ideia que há tempos era defendida pelos estudiosos do assunto. 

De antemão, peço perdão aos colegas operadores do Direito por eventual simplificação excessiva do conhecimento técnico que baseia o raciocínio que vou desenvolver. Acredito que seja fundamental saber transmitir o Direito para fora de nosso círculo.     

Traduzindo para o leitor não acostumado ao rebuscado linguajar jurídico: quem tiver mais de 70 anos de idade não fica mais obrigado a casar ou celebrar união estável num regime de bens em que o patrimônio permaneça exclusivamente seu. Ainda não é lei, mas o novo entendimento do STF passa a ter a mesma força.

A recém derrubada “blindagem” do regime de separação obrigatória de bens se justificava, em teoria, pela proteção da (futura) herança dos filhos contra casamentos por interesses econômico-patrimoniais. Vale lembrar que o Código Civil, lei que regula a vida das pessoas desde nascimento até depois da morte, foi pensado, em maioria dos seus institutos, na década de 1960, quando a expectativa de vida do brasileiro era, em média, de 52,5 anos. Atualmente, é de 77 anos, em média.

No meio do caminho, em 1988, foi promulgada uma nova Constituição da República. Nessa oportunidade, foram hasteadas as bandeiras da liberdade, da igualdade e, mais alto que todas, da dignidade da pessoa humana.

O STF, tribunal que existe para e por causa da Constituição, justificou nesses três valores que a autonomia de vontade da pessoa maior de 70 anos deve ser respeitada, podendo ela, por meio de escritura pública, optar por regime diverso da separação obrigatória de bens para seu casamento ou união estável. 

Nada mais coerente, afinal, pessoas maiores de 70 anos podem votar e ser votadas, abrir empresas, celebrar contratos, enfim, dar novos rumos às suas vidas e dispor livremente de seu patrimônio sem que sejam obrigadas a preservar eventual herança para seus descendentes. 

Digo mais, pessoas maiores de 70 anos podem ocupar o cargo de Ministro do STF, pois a idade para aposentadoria compulsória foi aumentada para 75 anos em 2015, com a aprovação da PEC da Bengala. 

Atualmente, temos um Ministro maior de 70 anos em nossa Suprema Corte: Luiz Fux. O paradoxo que havia é que Fux, no meu exemplo, era encarregado de julgar os processos mais importantes do país, em razão do seu nobre cargo. Em sua vida pessoal, entretanto, um critério objetivo impedia Fux de escolher qual regime de bens era melhor para seu casamento.    

O novo entendimento do STF ergue as cancelas da liberdade e consagra a autonomia da vontade das pessoas maiores de 70 anos.

Enquanto uma comissão de juristas debate a respeito da atualização do Código Civil, o STF cumpriu seu papel de guardião da Constituição da República ao suprimir uma barreira legal à liberdade de disposição patrimonial das pessoas maiores de 70 anos, que passam a não ser mais compelidas a casar ou celebrar união estável pelo regime da separação obrigatória de bens.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

NUMA SANGA




Rudolf Genro Gessinger

Advogado e Produtor Rural


Esse lugar começa num buraco no campo, quase no topo de um cerro, de onde brota a água mais pura que conheço. Inúmeras vertentes pequenas temperam a nascente que a mata ciliar protege e que, entre passo, remanso, lajeado e cachoeira, serpenteia quilômetro e tanto da Sanga que, quase no Itacurubi, entrega suas águas à Restinga de Santa Maria.

Remoto e intocado, a natureza borbulha no lugar para onde, de quando em quando, retorno para me banhar de paz.

Claro que os Bugios roncam alto para tentar espantar eu e a fogueira onde asso meu almoço, assim como as Mutucas se botam nas minhas canelas. Sempre protegi aquele paraíso, mas seus verdadeiros donos fazem questão de me lembrar que eu não sou uma das criaturas que pertencem àquele lugar.

Quem me dá boas-vindas são centenas de Lambaris que me beliscam por todo corpo e peleiam pelas lascas de carne e migalhas de pão que boiam pra lá de mim.

As folhas dos Pau-Ferros acariciam o vento com o verde mais lindo que existe, assim como várias outras árvores se torcem para vencer a gravidade firmando as barrancas com a maçaroca de suas raízes.

A Cigarra faz mais barulho no mormaço e a Gralha Picaça canta alto depois que termina a garoa.

Só o tombo da tarde me obriga a sair da água cristalina que é fonte de vida e espelho de luz. Na volta para a cidade, assisto o Sol fugindo para a Argentina.

Em pensamento e oração, peço ao Sol que, no seu retorno, leve para a Sanga o sereno final da minha saudade reiúna.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

O NATAL NÃO É MAIS O MESMO...

Sou proveniente de famílias para as quais o Natal era o cume do ano todo. Minhas avós, minha mãe, se esmeravam em preparar o presépio com  um mês de antecedência. Tiravam os enfeites dos baús centenários e erguiam esse pequenino mundo tendo ao centro o menino Jesus. O pinheirinho era natural.

O Natal era comemorado dia 25 mesmo, e não tinha nada dessas festas pantagruélicas que hoje se fazem dia 24.

Minhas irmãs, meus pais e eu íamos à missa bem cedo em Santa Cruz e, após, embarcávamos na caminhonete Dodge 1951, rumando  a Boa Vista.

Aquele fervor religioso deu lugar a outras atrações. O Natal passou a ser uma "festa" a mais das tantas que existem.

O Natal se banalizou, assim como o carnaval, os aniversários, os casamentos, as formaturas.

Aí entro no tormentoso assunto das “datas”. 

Dia dos pais: há que tirar pessoas em provecta idade de suas casas, entrar nas filas enormes dos restaurantes, os pobres anciãos tendo uma hipoglicemia, tudo porque seus filhos e netos têm que lhes demonstrar, de modo tonitroante, “seu amor”. 

Dia das Mães, mais um momento de correr para lá e para cá catando missangas e tarecos, para evidenciar sua afeição.

Voltemos ao Natal.  Me expliquem por favor, a saúde do que  fogos e rojões? Que coisa mais enlouquecedora. Pelo que li nas escrituras, Maria e José eram pobres e seu filho nasceu numa manjedoura. Mas agora há que consultar os oráculos da moda para se saber qual a cor da roupa que melhor se coaduna para esse momento chique. Até as jóias e adornos têm que ser de ouro legítimo. Não cessa aí a ritualística profana. É fundamental comprar  presentes e mais presentes que as pessoas vão  abrindo freneticamente, olhando num átimo e abrindo mais e mais pacotes. Mais: urge que se corra para o “facebook” ou “instagram” e se divulgue, sem tardança, as “selfies” e demais fotos que comprovem  a todos, quão se é feliz… Não basta ser feliz, isso assim não adianta. É vital demonstrar, ruidosamente, nosso êxtase aos outros. Ao fundo ruge uma “música” que elege a percussão como prioridade (“Jesus , alegria dos homens”, de Bach, nem pensar). Sem querer ser irônico demais, mas o sendo assumidamente, creio que os Natais de presépios, de lindas e mansas canções, das celebrações litúrgicas eram mais charmosos, na humildade das decorações, na crença real de que se comemorava o surgimento de um Messias. 

E o aniversariante ?  o que deu início à Cristandade? 

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

CARTA A UM FILHO

 


Aos 13/07/2013, escrevi esta carta ao meu filho Rudolf:

“Hoje tens 17 anos de idade.

Deves te lembrar que desde pequeno sempre te disse que Dom Pedro II assumiu o Império ainda piá e não morreu por causa disso.

Como te  disse que eu “coqueava” sacos a partir de 12 anos no armazém de meu pai e não morri.

Quando tu tinhas dez anos eu comecei com um programa de Rádio na Pampa, ao vivo, domingos das 7 às 9,30 da manhã. 

Tu e tua mãe me acompanharam durante 4 anos, com geada ou calor. Tu anotavas os telefonemas dos ouvintes.

Ontem tu e eu viemos para Xangri-Lá a fim de passarmos uns dias juntos e jogarmos tênis.

Tocou o celular, era o nosso Capataz dizendo haver um interessado em 50 vacas nossas e pagava um preço  muito bom e a vista.

Temos por norma jamais pesar gado sem eu estar junto. Mas eu tinha um compromisso no dia da pesagem.

Mal tínhamos chegado e disseste:

- deixa que eu vou a Unistalda!

Tínhamos almoçado com uns amigos e já foste comprar a passagem de Capão a Porto Alegre.

À meia noite embarcas para Santiago, onde chegas às 6 da manhã.

Em seguida acompanhas, ao lado da balança, a pesagem das vacas. 

Fazes  a conta do valor a ser pago e receberás o pagamento. Amanhã à meia noite tomas o ônibus de volta.  Chegas 6 da manhã em Porto Alegre e vais direito ao Colégio Rosário.

Nunca nem te falei em viajares para a Disney. Não te deixo beber álcool. Não te "floxo" os pilas.

Mas sempre te ponho a par dos nossos negócios. No começo te obrigava a ler ao menos dois jornais por dia. Hoje o fazes espontaneamente.

Espero estar certo em te levar de rédea curta.

Gostei do teu gesto de me quebrares esse galho, meu parceiro de negócios!

Méritos grandes de tua mãe, que muito te puxou as orelhas e não te deu mole mesmo!”

Corta. 

Passados 10 anos, hoje ele com 27, advogado, cuida dos nossos negócios, em especial da Fazenda. 


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

REFLEXÕES NOTURNAS

Estava pensando. Aquele  que criou e bolou o Universo teve um lance: só o Homem não tem memória de algumas coisas. As fêmeas bovídeas, por exemplo, aos 3 anos podem parir. E fazem seu parto sozinhas. Os joão-de-barro fazem suas casas com  perfeição. Não precisam de ir à escola. O chip deles está instalado desde todo o tempo.

Os animais humanos têm que passar trinta anos nos educandários para às vezes não seguirem suas profissões.
Agora corta para a floresta: tudo está encadeado. Todos têm seus predadores de sorte que não tem como só as formigas mandarem. Ou só as cobras.
O Homem é um animal  mamífero. Leva um ano para caminhar, enquanto que os potros caminham com dois minutos de vida.
O Homem é um mamífero, mas se acha Deus.
O problema é que ele não tem predadores.
Por isso, lamentavelmente, a Terra não vai mais aguentar o desequilíbrio desse ocupante .
Fico me perguntando: como é que só cabe um boi por hectare de campo e cabem milhões e milhões de mamíferos humanos nas cidades, onde já há escassez de água?
Não há outra saída a não ser a limitação  de filhos.
….

É claro que um dia vou morrer.
Então está tudo pronto: cremação rápida e cinzas espalhadas nos lugares em que me fui feliz.

Que mal tem  falar “de sua última morada”?
Gosto muito de visitar jazigos.Um é o belo cemitério da Recoleta em Buenos Aires, um recanto cheio de História e Arte?
E os belos cemitérios da Alemanha.
E os interessantes jazigos de Santiago, que retratam as famílias tradicionais.
E os de Santa Cruz, com tantas lápides em alemão?

….

Volta e volta e o assunto dos sinos está em pauta. Uns anos atrás um promotor brandiu contra os sinos, não me lembro mais onde. O Promotor não conseguia dormir por causa dos sinos. 

Pois é.
Como vocês sabem, me criei em Santa Cruz do Sul. Na época era uma cidade do tamanho de Jaguari, Palmares, Nova Santa Rita, algo assim. Nossa portentosa catedral gótica, com suas  magníficas torres, abrigam quatro sinos. Não me lembro agora em que notas esses sinos são afinados. Mas um deve ser em sustenido.
Quando havia uma missa solene, os quatro tocavam ao mesmo tempo, gloriosamente.
Aviso de falecimento, dependia: se fosse criança era um tipo de toque; se de mulher, outro; se de homem, ainda outro.
Eu ajudava a tocar o sino aos domingos.
Na Alemanha, numa vilinha, um chato desses quis acabar com os toques de sinos.
Sabe quem protestou?  os doentes e os idosos, que ficavam sem dormir horas da madrugada. E as horas, dadas pelos sinos, lhes faziam companhia.

(Colaborou nesse texto Maristela Genro Gessinger)


sexta-feira, 20 de outubro de 2023

SAÚDE É VIDA

 Falarei um pouco sobre saúde em geral, conquanto  eu seja um leigo.

Graças a Deus sempre tive boa  saúde. Mas é inexorável que a idade chegue.

Tem que cuidar dos olhos, senão te tiram a carteira de motorista. 

Certo dia me deu vontade de comprar um caminhão lá para a fazenda. Tive que fazer novo exame da carteira. Rodei porque me  faltavam alguns requisitos. No fim tratei dos olhos e consegui a carteira profissional. Depois de um tempo deixei passar o período e voltei para a carteira normal. É muito complicado dirigir caminhão. Achei que seria melhor terceirizar um caminhão quando necessário. Coisa lógica, mas às vezes a gente exagera. Voltando sobre saúde. 

Devagarinho a natureza me tirou do futebol e do vôlei. No tênis tive que me resignar para jogar preferentemente nas duplas.

As caminhadas são excelentes, de preferência na beira da praia, mas caminhando. Correr só em pequenas distâncias.

Esses dias senti que, ao mastigar a carne de churrasco, tive dificuldade e até uma dorzinha. Relatei ao meu querido sobrinho Leo Kraether e pronto; meu caso era uma ATM (Articulação Temporomandibular). Ou seja, me doía quando abria a boca se o pedaço de carne fosse muito grande. 

Não dei muita bola inicialmente. Mas ao fim tive que me render.

Nada melhor que chamar meu sobrinho e fazer uma viagem a Santa Cruz do Sul, minha querida terra natal. Fui para lá  com minha mulher e um dos meus filhos, o Rudolf.

Fomos ao Hospital Ana Nery. Que espetáculo de recepção e tratamento.

Há muito tempo não estava por aqueles lados, mas um aplicativo nos salvou e nos levou direitinho ao local do Hospital.

Obrigado pessoal do Hospital. Grato  meu querido sobrinho Leo, filho da minha falecida irmã Cleonice.

Terminados os procedimentos voltamos a Porto Alegre.  Foi uma bela epopéia. Tínhamos saído de Porto Alegre às seis da manhã, chegamos a Santa Cruz às 8,30. Entramos às 10 no Hospital. Saímos às 14. Chegamos em Porto Alegre às 17.

Naquele dia estávamos com sorte,  sem a tranqueira das estradas.

Que bom é resolver sem tardança os problemas de saúde. Não deixar para depois. Enfrentar sem medo a situação.

Um amigo meu, da minha idade, confessou-me que estava com um problema na próstata.

Sugeri que fosse consultar um médico. Não quis.

Cada vez que o via mais magro estava. Era um cantor bastante conhecido. Quando se propôs ao tratamento já era tarde.

Certo é  que em Santa Cruz o atendimento à saúde é muito bom.