segunda-feira, 28 de agosto de 2017

EXPOINTER - UMA IMAGEM DE PUREZA E DE ESPERANÇA

Cheguei cedo, domingo, na Expointer. Eram 8,30 da manhã e o programa ao vivo de TV Pampa começaria só à 11,30. Perambulei pelos bretes, chimarreando, conversando com os produtores e peões. Até que decidi sentar-me debaixo de um toldo e apreciar o julgamento que se desenrolava.. Quando vi essas duas meninas, aguardando com o ovino por certo trazido por seus pais ou avós. Reparem as flores dos canteiros, a placidez do animalzinho e o sorrisos de pureza e mocidade das duas meninas que um dia serão fazendeiras, prosseguindo a obra de seus antepassados.

domingo, 27 de agosto de 2017

TV PAMPA E A REPAGINAÇÃO DA EXPOINTER

Foram duas horas de programação: das 11.30 até 13.30, com pessoas muito interessantes se revezando a cada 30 minutos. Paulo Sérgio, o âncora e o fac totum da Pampa, com seu escandaloso  amor pela minha pessoa, não me deixou sair. Foi debatido de tudo. Impressionei-me com a qualidade dos integrantes da mesa.
De outro lado pude observar muitos brigadianos no Parque, muitas melhorias e, principalmente, a entrada de novos expositores, mormente nos bovinos. Se antes reinava uma atmosfera mais rústica, agora predomina o estilo butique, com muito luxo e decoração nas baias. Gosto disso. Tem que nivelar por cima. 
Anotem, aí: esse ex prefeito de Pelotas, cuja foto está aí em baixo,  Eduardo Leite, 32 anos, pre  candidato a Governador, vai incomodar.















sábado, 26 de agosto de 2017

RETORNO AMANHÃ PARA COMENTAR A EXPOINTER PELA TV PAMPA


 
Por gentil convite do Vice Presidente da Rede Pampa, meu amigo Paulo Sérgio Pinto, retorno amanhã para a cobertura dos eventos da Expointer 2017.
Estava me dando um tempo para  as atividades jornalísticas, mas um convite desse amigo tão querido é irresistível.
Por essa razão não pude acompanhar Rudolf e Maristela, meus sócios da Pecuária Gessinger, para a fazenda, onde existe hoje uma Parceria Rural com o dr. Marcos Tissot.
Também , por isso, não poderei estar  presente na Convenção do PMDB de Unistalda, mas Maristela está lá, firme e forte, prestigiando os companheiros.
Horário da transmissão, a partir de 11,30 da manhã.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

NOSTALGIAS


Havia um tempo de cadeiras na calçada. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era um grande personagem. E também o relógio da parede! Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.

Mário Quintana**

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A INTERNET E A SEGUNDA INVASÃO DOS ' BÁRBAROS '

Imagino só aqueles brutamontes invadindo Roma e dando-lhe pau nos aristocratas, filósofos, mestres, sampando-lhes as harpas na cabeça, limpando o nariz com os pergaminhos
.- que horror! devem ter exclamado os patrícios. 
Corta para os dias atuais.
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Hoje uma das minhas diletas secretárias do lar ( tenho uma em cada das casas que habito, elas são tudo de bom, não dá para viver sem elas, e é bom para quem paga e para quem recebe, afinal temos que distribuir a renda), me perguntou por que eu não tinha feissebuqui .
Mostrou-me seu celular de mil aplicativos, onde aparecem fotos de pessoas fazendo cabecinhas, agachadas, sorrindo colgate, com as canjicas à mostra.
- não tenho, Sissyelli, porque não sinto falta.
Sissyelli não se conformou.
- mas o senhor pode estar deixando ( eta gerúndio) de estar revendo e falando com amigos do passado.
Ao que lhe redargui que os amigos do passado, a maioria passou. Principalmente os que não aderiram à internet.
Visitas? nem pensar, melhor mandar um watts.
Sissyelli não " floxou":
- mas por que mesmo o senhor não tem feisse?
- porque não sinto falta, menina!
Mas como o senhor não sente falta se nunca teve?

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

ATENTADO EM BARCELONA. QUE MUNDO LOUCO É ESSE ?

Há poucas semanas estive lá  vários dias com Maristela. Paramos num hotel em Las Ramblas, exatamente a artéria onde houve o atentado.
Gente feliz, pessoas lindas, passeando, se divertindo, frequentando bares e restaurantes. Todos vindos em paz, querendo desfrutar da beleza da terra catalã.
E agora vem a notícia do massacre,
Quando o bicho Homem criará juízo?













quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A MENINA CAROL, ANÔNIMA GUARDIÃ DA NATUREZA EM XANGRI LA


Estava fazendo minha corrida matinal na praia, quando vi uma menina, de bicicleta, perto do que imaginei ser um cachorro preto grande.
Olhando melhor, vi tratar-se de um leão ou lobo marinho.
Ela me contou que estava cuidando do bicho  tanto dos cachorros vadios como de pessoas que pudessem molestá-lo.
Relatou que o bicho deveria estar exausto, que tentara voltar ao mar, mas desistira e retornara perto dos cômoros.
E que ela montaria guarda até chegar a Patrulha Ambiental.
Sim, amigos, o Planeta ainda tem futuro!


terça-feira, 15 de agosto de 2017

ARTIGO DE RICARDO FELIZZOLA EM ZH DE HOJE. VALE LER E REFLETIR



  • Valores básicos são a goma desta cultura. O valor mais notável tem origem religiosa, é o da esperança, no sentido completo da palavra, o brasileiro vive a esperar. Espera por Deus, pelo próximo e por qualquer serviço ou produto que lhe venha de qualquer instituição organizada ou desorganizada que tenha um chefe, um cacique qualquer ou alguém que dê ordens e pareça o principal responsável por aquilo. Este pode ser um político no cargo, um gerente de loja, um líder sindical. Os brasileiros esperam sempre alguém...

    Um segundo valor é consequência do primeiro. É o de acreditar que os outros são os culpados de tudo o que não vem contemplar a esperança individual. Ela deveria ser atendida já que há fé, se isto não ocorre há um responsável. Um terceiro valor é o de não suportar perder, de forma nenhuma, o pouco ou qualquer coisa, no caso de se ter muito, que se tenha. Isto é insuportável para quem espera e que, por culpa dos outros, tem algum resultado pessoal diminuído por uma perda.

    Fundamentado nestes três pontos, o brasileiro habita um país que considera do futuro, acha que o Brasil é rico apesar de ele ser pobre. Extravasa suas frustrações com seu time de futebol, com seu espírito de festa, seja qual for, no fim de semana e com um descompromisso de tudo o que aparece vindo de fora do Brasil, tudo muito notável mas que é incompreensível já que para se entender há a necessidade de aprender. Por sinal, o brasileiro não acredita na educação, espera que o Estado a forneça como o ar, para todos e de graça. Se assim ela vier, independentemente da qualidade deste ar, será respirada, gerando para um mundo um determinado nível de cidadão com uma determinada capacidade de empurrar seu país para onde ele está no “ranking” do mundo. Assim é o brasileiro, parecendo estar feliz com tudo o que está aí, produto de suas escolhas baseadas em seus valores.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

DIA GLORIOSO DA MÃE PORTO ALEGRE




Digo mãe, porque calculo que  60% dos que moram aqui nasceram em outros municípios. Como já disse, se não fosse P. Alegre, com a UFRGS e  seu ensino público e gratuito, dificilmente eu teria me formado em Direito. Claro que contribuíram, para que fosse aprovado no vestibular, os sólidos conhecimentos hauridos nos excelentes colégios que  frequentei.
O Centro Histórico, onde moro, é tudo de bom e está cada vez melhor.
Às vezes passo na frente do Complexo Hospitalar Santa Casa, uma verdadeira cidade hospitalar dentro de P. Alegre. Nunca vi nada tão completo em muitas viagens que fiz pelo mundo. E de onde são as vans estacionadas na frente e nos lados? Do interior e até de Santa Catarina.
Leio muitas críticas a P. Alegre. Tudo bem.
Mas há que se convir que é um lugar lindíssimo, muito arborizado, a paisagem é variada e o clima é excelente.
Veja-se : esses dias ZH publicou uma matéria em que inúmeros jogadores de futebol, vindos de outros Estados para cá, aqui fixaram residência depois de pendurarem as chuteiras.
Salve essa mãezinha amorosa.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

UM REQUIEM PARA SEU ELEUTÉRIO


Seu Eleutério se criou na Fazenda Santa Izabel. Era bisneto do Seu José Antônio Lisboa que adquiriu várias quadras de sesmaria de campo e construiu a sede no local mais aprazível , não longe de uma sanga.

E a fazenda foi crescendo. À medida que os donos iam falecendo, eram sepultados  num lugar cercado por gradis, não longe das casas, no alto de um cerro.

Acontece que alguns descendentes não se interessaram em permanecer na fazenda. Ou porque tinham ido estudar num grande centro, se formado médicos, engenheiros, ou algum não dera para nada e vivia na cidade, sustentado pelo pai, ou ainda por causa dos achegos.

Seu Eleutério foi sentindo a pua pelo chacoalhar dos anos. Tinha só filhas mulheres. O único homem falecera num desastre quando ia conhecer as  praias de mar.

As filhas insistiram em estudar fora, casaram-se com homens que queriam distância de barro e de bosta de vaca. Elas mesmas, quando iam visitar o pai já viúvo, prometiam que ficariam para pousar, mas que nada. Não pegava bem celular e a TV era puro chuvisco.

Certo dia seu Eleutério  pegou sua S 10 e se foi para o povo. Chovia, não dava para lidar com o gado.

Almoçou perto da Rodoviária, tomou uns aperitivos e sentiu saudade de um aconchego e de uma lida de namoro.

Foi na casa onde tinham umas gurias faceiras e se sentiu muito feliz, pois a moça se admirou que ele, com aquela idade, ainda estava tão guapo. Pois seu Eleutério matutou, matutou e decidiu pernoitar na cidade.

Viu como era tudo fácil, quando faltava luz, a cidade era atendida primeiro, não como pra fora que fica por último.

Foi lá na Veterinária Tio Chico, sentou sobre uma cadeira com pelego e ficou charlando. Até que um amigo lhe  disse:

- Eleutério, deixa dessa lida. Arrenda teu campo, vende o gado e vem para a cidade.

Pois a idéia foi perseguindo seu Eleutério como piolho em costura.No fim, decidiu arrendar só a metade e vender a metade da tropa e do rebanho.Sucede que uma filha lhe pediu sua parte na futura herança, pois queria comprar uma casa na praia.A outra queria um ajutório para comprar um apartamento maior.

Seu Eleutério acabou por arrendar tudo e vendeu todo o gado.

Foi morar na cidade.

Ele já providenciara deixar pronto seu jazigo, lá no cemitério da fazenda, junto com seus  ancestrais.

De repente, só um ano depois, seu Eleutério teve um problema, andava bebendo demais e não resistiu.

As filhas acorreram, deram-lhe sepultura na fazenda  como pedira, pilchado. Alguns amigos e parentes não puderam vir porque a estrada estava embarrada e eles não tinham caminhonetas tracionadas. Duas das netas tinham viagem marcada para a Disney e não puderam ir, as pobrezinhas.

Passada a missa do sétimo dia, as filhas negociaram com o arrendatário, um gringo vermelhão que usava calças lisas e boné de posto de gasolina,  e lhe venderam todo o campo.

Seu Eleutério ficou com sua falecida esposa e seus avós lá no cemitério campeiro.

O novo dono franqueou, incondicionalmente, o acesso de quem quisesse visitar os jazigos.

No primeiro dia de finados veio uma filha, deu uma limpada no túmulo e deixou umas flores de plástico. São mais práticas e não murcham, disse ela.

Nunca mais veio ninguém.

Já se passam dez anos.O gringo novo dono mudou a sede , e fez outra, super moderna, em outro local. A do seu Eleutério virou tapera. O cemitério foi tomado pelo mato. Os peões, quando passam de a cavalo, tiram o   chapéu.

Seu Eleutério foi esquecido.
Agora, na noite de finados, ao menos os pirilampos lhe acendem uma vela.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

SEGUE O DEBATE - ARTIGO DO ADVOGADO ASTOR WARTCHOW


a Venezuela ainda será aqui

 Caindo de Maduro 

 A degradação sócio-político-institucional é muito mais profunda do que aparenta ser. E não serão eleiçoes diretas já - ou em 2018, como de fato serão - que consertarão os estragos.
 O abismo e déficit das contas públicas, em que estamos mergulhados até o pescoço,  é gigantesco  e de graves efeitos e danos colaterais, entre os quais a recessão e o consequente desemprego.
 Mas sempre há algo pior: os principais responsáveis pelo caos continuam "pregando a mesma missa", sem que lhes ocorra a hipótese de, ao mínimo, pedir desculpas ao povo pelos erros cometidos.
 Dizem tais dirigentes (autodenominados de esquerda) que reconhecer os erros praticados reforçaria o discurso dos ditos partidos e candidatos de direita.
 Resulta que nosso momento político-partidário-ideológico - e o próprio futuro imediato - é temerário. Ops, um trocadilho. Alguns diagnósticos aqui e acolá, mas raros são os prognósticos otimistas.
 Entre erros e acertos da gestão petista, malabarismo retórico de Lula e o claudicante tatibitati de Dilma -  emoldurado com seu  impeachment, restou desmoralizado o que denominamos de "campo da esquerda".
 Mas e do outro lado (ou no meio) como está a situação? Se é que podemos chamar de outro lado haja vista o consórcio de negócios escusos e corrupção em massa.
 No tabuleiro eleitoral o que significam o PP, o PMDB e o PSDB, por exemplo, tão presentes e identificados com as maracutaias quanto o PT?
 Tudo indica que o PSDB - que sempre se pretendeu um partido socialdemocrata - foi arrastado inapelavelmente para a direita, agora na companhia do DEM e do PP(ex-Arena, ex-tudo).
 Já o PTB e o PMDB vivem e praticam a política em outra dimensão, fora dos conceitos tradicionais da ciência política.
 Digamos, mais propensos a negócios de ocasião. Quase damas de companhia, à média luz.  Com todo o respeito às damas de companhia.
 Tirante os indecifráveis PDT e PSB e os incendiários PSTU e PSOL,  se os antes mencionados representam ou representariam o que denominamos de esquerda e direita, o que restará ou restaria ao centro?
 Possivelmente, os novos partidos que se anunciam por aí, que desde já se auto-afirmam éticos, embora muito receptivos a arrependidos pecadores de outrora.  Compreensível, sobretudo parafraseando o popular Jesus Cristo que dizia: condena o pecado e perdoa o pecador! 
 O caos se avizinha. Ainda que diretas e periódicas, eleições não são remédio contra males históricos e intestinais, crises éticas e desvios de condutas generalizadas. No máximo um paliativo.
 E nem falamos das possíveis candidaturas de Lula e dos seus mais notórios efeitos colaterais,  Jair Bolsonaro e João Dória. Haja estomasil. A Venezuela ainda será aqui. Caindo de maduro. Ops, desculpa, outro trocadilho.

 

terça-feira, 8 de agosto de 2017

MEU BLOG ADORA UM DEBATE EM ALTO NIVEL. DAÍ PUBLICO UM ARTIGO BEM ELABORADO POR TITO GUARNIERI


TITO GUARNIERE

E SE FOSSE TEMER A ANISTIAR JOESLEY BATISTA?

O procurador Rodrigo Janot deve ter levado bom tempo para celebrar o acordo de delação premiada da JBS, o maior negócio da vida dos Batistas. Maior até do que a conta corrente que mantinham no BNDES, com juros de pai para filho, que nos anos de Lula e Dilma, tornou a empresa a maior do planeta na produção de proteína animal. Os Batistas acertaram a vida. Se delitos cometeram, receberam uma anistia ampla e geral. Se eram bandidos, agora estão com a ficha limpa.

Claro, uma avença desse porte, de bilhões de reais, não se faz de graça. O senhor Joesley teve de se tornar cúmplice de um plano audacioso. O procurador Janot queria porque queria as cabeças de Michel Temer e Aécio Neves. Janot agora está de saída e se dedica em tempo integral à única tarefa que lhe acomete, a proposição de uma nova denúncia contra Temer.

A denúncia de Janot contra Temer poderia ter sido uma só, diante dos fatos da JBS. Mas Janot "fatiou" os delitos supostos, pois assim submete Temer a uma nova rodada de desgastes, no Congresso, na mídia, e na opinião pública.

Tudo o mais já sabemos, inclusive os erros infantis cometidos por Temer, supostamente raposa velha da política, e Aécio, que por pouco não chegou ao cargo de presidente na eleição de 2014. A trama foi urdida em tempo recorde, em velocidade de Fórmula 1, como nunca se viu, por exemplo, contra Lula e Dilma.

O plano quase deu certo. Temer balançou mas não caiu. Aécio, que era para ir para a cadeia, está solto e no exercício do mandato. O presidente mostrou fôlego e força, resistindo ao massacre diuturno e impiedoso das Organizações Globo e de outros atores menores. É que a tramoia tem muitos furos, o maior deles certamente as benesses concedidas à JBS e aos réus confessos. O acordo presidido por Janot e chancelado pelo ministro Edson Fachin, do STF, desmoralizou a teoria de que o crime não compensa.

E se fosse Temer a celebrar o acordo, nos mesmos termos daquele assinado por Janot? E se fosse Temer a conceder o perdão perpétuo ao réu confesso de mais de 200 crimes Joesley Batista, e às bilionárias empresas JBS? Bem, então as Organizações Globo, o site O Antagonista, boa parte da mídia e dos colunistas políticos brasileiros, comeriam o fígado do presidente.

Alguém dirá que Temer não tem esse poder. Mas pode um homem só (Janot), ou dois - o acordo com os Batistas foi chancelado pelo ministro Fachin, em decisão monocrática - deterem em mãos tal poder?

O acordo que Janot celebrou e Fachin homologou corresponde a sentença de absolvição de réus confessos de mais de 200 delitos. Apenas dois funcionários da República, às escondidas, sem processo, sem obedecer lei ou critério legal, sem audiência das partes delatadas, isto é, sem ouvir aqueles para quem sobraram as acusações, concederam perdão aos delinquentes. Os Batistas se tornaram cidadãos de bem.

Os delatados sofrem na carne as agruras do conluio. E continuarão a sofrer até o desfecho dos processos, os quais, dada a "agilidade" da Justiça brasileira, devem se arrastar pelos próximos 10 ou 15 anos.

sábado, 5 de agosto de 2017

AINDA O ABIGEATO


 

Ladrões de gado fazem criadores abandonarem o campo: e o direito à propriedade privada? - Ricardo Bordi – Inst. Liberal – 02/08/17



Chamou a atenção no noticiário recente o alto índice de roubo de gado registrado no Brasil, que calha de ser o maior produtor de proteína animal do mundo. Em alguns estados, as estatísticas policiais ultrapassam 31 ocorrências diárias de abigeato. Como consequência, criadores de pequeno porte estão desistindo da atividade econômica que representa seu sustento. Mas onde está aquele que avoca para si o monopólio do uso da força e que deveria, portanto, ser o garantidor do direito à propriedade privada destes cidadãos pagadores de impostos – o Estado?

 

É bem provável que os que respondem pelas forças de segurança irão alegar o inegável: se em ambientes urbanos é tarefa das mais complexas (tentar em vão) proteger a todos a todo momento, imagine então em áreas rurais, onde as grandes distâncias e a dificuldade de acesso praticamente inviabiliza tanto ações preventivas (rondas) como respostas rápidas em casos de acionamento.

 

Aliás, muito embora a Constituição Federal preveja em seu artigo 144 que a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e seu patrimônio é dever do Estado, a jurisprudência dominante no STF reconhece que não é possível exigir que haja um policial cuidando de cada cidadão a toda hora.

 

Ou seja, esta rotineira omissão estatal no cumprimento de uma de suas mais básicas funções reserva(ria) aos proprietários de criações de gado apenas a alternativa de assumirem, eles próprios, a responsabilidade de coibir tentativas de roubo. Mas como fazer isso sem incorrer em crime diante do anacrônico estatuto do desarmamento – em vigor a despeito da vontade popular manifestada no referendo de 2005? Combater bandidos sem armas de fogo é missão impensável.

 

Não por acaso, muitos produtores já estão contratando grupos de indivíduos armados para zelar pelos limites de suas fazendas, os quais vêm sendo chamados pelo estamento midiático de “milícias” – como se fossem eles quadrilhas agindo à margem da lei, e não apenas o resultado da incapacidade governamental de prestar os serviços prometidos em troca de tributos.

 

Os custos desta e de quaisquer outras medidas de segurança porventura adotadas sempre serão repassadas aos consumidores dos bens ofertados, causando elevação do preço da arroba de carne e prejudicando, ainda, os empreendedores presentes nas demais etapas da cadeia produtiva ou que utilizam a commodity em seus processos.

 

E aqueles que não possuem capacidade financeira para reforçar a vigilância sobre suas terras acabarão, eventualmente, encerrando as atividades, comprometendo a criação de riqueza e ampliando a sensação de que, diante de tantas adversidades, não vale a pena investir no Brasil (grande novidade).

 

Pior: por se tratar de atividade ilícita, aqueles que comercializam a carne proveniente dos animais roubados não costumam tomar quaisquer precaução com sanitariedade no transporte, permitindo que cheguem aos açougues  – normalmente àqueles frequentados por pessoas de menor renda – produtos que podem pôr em risco a vida dos clientes.

 

Ou seja, a sensação de impunidade e a inversão de valores que permeiam nossas interações humanas (invasores do MST sendo tratados como “vítimas da desigualdade” e reações de legítima defesa ocorridas em propriedades rurais alvo de ações de criminosos sendo retratadas como assassinato) acabam por ferir de morte o direito à propriedade privada, um dos principais pilares para a prosperidade de qualquer nação.

 

As repercussões negativas na vida de inúmeros indivíduos são diversas: economia local afetada, reducão da oferta, aumento de preços, extinção de empregos, êxodo rural e inchaço populacional nas cidades, aumentando a pobreza urbana e redundando em mais ingresso de pessoas no crime.

 

Basta observar o que ocorreu, por exemplo, em boa parte da África Subsaariana nas décadas que se seguiram à retirada dos colonizadores, quando o confisco de terras produtivas, sob alegação de “exploração”, tornou-se prática comum e espantou do país investimentos estrangeiros. Tal fenômeno, a propósito, vem gerando uma verdadeira diáspora de fazendeiros brancos da África do Sul (a taxa de homicídio destes cidadãos é vinte vezes superior à média nacional) e há forte ameaça de um iminente genocídio de caucasianos naquele país. A produtividade de tais latifúndios caiu muito com a evasão do conhecimento de seus antigos donos usurpados em nome da “reforma agrária”.

 

É neste mesmo rumo bárbaro traçado por Nelson Mandela que pretendemos seguir por aqui? Leia-se: aceitando que empresários do campo sejam tomados como “inimigos do proletariado” por massas de manobra avermelhadas e permitindo que seus imóveis rurais sejam vilipendiados a torto e a direito? Como se não bastasse, sequer autorizando que eles façam uso do slogan “trespass and you will be shot”, tão comum em fazendas do Texas?

 

Esperemos que não: lei e ordem são os denominadores comuns de épocas e lugares prósperos. Ou isso, ou não vai sobrar ninguém para providenciar o meu churrasco de domingo. Mas nada que o BNDES, claro, não possa resolver emprestando bilhões para qualquer dupla de irmãos com potencial de tornarem-se miliardários “campeões nacionais”.

 

Uma última esperança: segundo consta, estes ladrões de boi matam os animais de forma extremamente cruel, por vezes deixando-os para morrer a míngua após removerem as partes de que precisam para vender. Será que podemos contar com a ajuda dos ecologistas radicais? Será que para enfrentar o pessoal do lumpesinato eles “pegariam em armas”? Será que conseguem conciliar esta legítima preocupação com os pobres bichos  com sua indefectível ideologia de esquerda, que considera fazendeiros capitalistas opressores que semeiam desigualdade?

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

SOBRE ANDANÇAS COMO JUIZ NO INTERIORZÃO - MAIL DO MAGISTRADO APOSENTADO ADONIS FAUTH


Caro amigo Ruy.

Gostei muito da tua volta às páginas da Gazeta do Sul. Em especial quando relataste os teus primeiros anos na Magistratura, percorrendo esse – em geral - pouco conhecido interior gaúcho. Ainda mais naqueles anos 1970. Com deliciosas histórias agora cinquentenárias. Ou quase. Fez-me lembrar as histórias que também vivi como juiz de Direito com a diferença de quatro ou cinco anos após os teus périplos pelo interiorzão do Rio Grande.

Como tens destacado, foi uma notável lição de vida e de conhecimento, criando novos conceitos pessoais e vencendo antigos preconceitos. Tive a mesma origem, as colônias alemãs, para nós até então “o umbigo do mundo”, com a natural passagem por Porto Alegre nos anos de estudos e formação. Mas, o que sabíamos sobre esse notável Rio Grande, de tanta riqueza étnica, tradições e culturas ? Nada ! Quando muito conhecíamos um pouco sobre a tal de Revolução Farroupilha, que existira um índio chamado Sepé Tiaraju, coisas superficiais.

Nessa década de 1970 o Rio Grande vivia o deslanchar de uma nova Economia, calcada numa tal de soja que transformava a “Zona da Produção” num mar verde e fazia virar os séculares campos de gado até das Missões de Santo Ângelo ou São Luiz Gonzaga.

Minha passagem de Estrela para Tapera foi um choque, não cultural porque os colonizadores daquela região eram oriundos das “colônias velhas” de Santa Cruz e mesmo de Estrela, nas migrações do começo do século 20. Até parentes tínhamos por lá. O choque foi econômico. Saía de um região de minifúndio, de propriedades de dez hectares e chegava no meio dos novos ricos que ficavam tristes quando colhiam só 20 mil sacos de soja... Contraditoriamente, o asfalto não chegara e transitar pelo barro vermelho foi dos primeiros desafios da Brasilia azul e do novo juiz. Ou juiz novo.

As piscinas proliferavam e a soja chegava até as suas bordas. Mas a casa do juiz nem telefone tinha. Saíra de Estrela, uma das pioneiras do DDI – podíamos falar direto com o Japão – e para telefonar de Tapera para os parentes de Estrela tinha que ir até a Delegacia de Polícia ali perto, onde havia um telefone a manivela. Mas o colono sabia tudo da Bolsa de Chicago. Era o novo Rio Grande que se formava, cheio de contradições.

O segundo tempo da minha Magistratura começou meses depois, no começo de 1978 quando cheguei em Giruá, nas Missões. Ali as diferenças eram outras: culturais. Giruá teve origem missioneira pois integrava o município de Santo Ângelo. Na época das migrações internas chegaram os alemães de Boca da Picada, os italianos e os poloneses de Salgado Filho e de Guarani das Missões. Uma comarca multiétnica. Experiência nova para aquele juiz novo, mescla de alemão com suíço-francês.

Logo chamou a atenção a igualdade nas diferenças. O respeito mútuo e a integração. Alemão pilchado frequentando o CTG, sem esquecer as suas próprias origens. E fui descobrindo a riqueza étnica e cultural deste Rio Grande. Os poetas, a literatura, a música da Califórnia que começava a estourar por todo Estado. Naquele tempo tudo isso soava ainda estranho para os oriundos das colônias velhas.

Tivemos oportunidade de conhecer o Rio Grande como um todo, essa notável mescla que forja o gaúcho de hoje e o torna tão orgulhoso de sua terra. Tivemos que curtir estradas precárias, longas distâncias, longe dos parentes e amigos, mas foi uma experiência notável de vida, não é isso caro amigo Ruy ?

                                              - o O o –

Um historinha para concluir.

Ali por 1973, o advogado Gustavo Simon resolveu encabeçar a volta do Estrela FC às lides do campeonato gaúcho. Como colega, aceitei a árdua missão de ser o diretor de futebol e com meu irmão Adilson Fauth, professor de Educação Física, começamos a colocar o time em campo.

Num dia de treinamento apareceu um baita alemão dizendo que era de Arroio do Meio, gostava de jogar futebol, de zagueiro. Pediu para participar eventualmente dos treinos do Estrela FC apenas por gosto e como praticante de uma atividade física.

Aceitamos. Treinou entre os aspirantes, era forte prá burro, deu seus bicos à moda do moderno Paulão e no final saiu suado e satisfeito.

Na saída, na dúvida, perguntei:

- Como é mesmo o seu nome ?

- Ruy Gessinger, sou juiz da comarca de Arroio do Meio. 

SOBRE PORTO ALEGRE


DAVID COIMBRA

  • Porto Alegre é muito legal

    Ontem, eu, a Marcinha e o Bernardo tomamos um lotação na 24 de Outubro e seguimos rumo ao Centro. Olhávamos a rua pela janelinha e vimos que o dia estava bonito, os ipês estavam floridos e a temperatura estava amena. Senti-me bem vendo a minha cidade, ia falar algo a respeito, mas, antes que conseguisse verbalizar o pensamento, a Marcinha se antecipou:

    – Porto Alegre é legal, né?

    Ainda olhando pela janela, concordei:

    – Muito legal.

    Pois hoje quero dizer isso a você, irmão porto-alegrense. Nós estamos acostumados a nos queixar, a falar mal desta cidade, mas eu, que sou daqui e que agora moro no Exterior, sei que, sim, Porto Alegre tem seus encantos.

    Boston, onde resido, é uma cidade belíssima e rica. Os americanos são gentis e solidários. Em minha experiência de mais de três anos vivendo nos Estados Unidos, posso garantir que nunca, em momento algum, fui tratado de forma diferente por ser brasileiro.

    Ou seja: não tenho nenhuma queixa dos Estados Unidos, de Massachusetts ou de Boston. Ao contrário. Só tenho elogios a fazer. Mas, quando volto a Porto Alegre, sinto que grande parte da beleza e da alegria que sorvo lá poderia sorver aqui. Porque Porto Alegre também tem graças a oferecer.

    Em Porto Alegre, as árvores jamais ficam nuas devido aos rigores do inverno e, às vezes, são ludibriadas pelo clima e florescem fora de época, como agora.

    Em Porto Alegre, há um rio misterioso, porque ninguém nem sabe ao certo se ele é mesmo rio. Três dias atrás, dirigia-me para a Zona Sul e fui abalroado pelo famoso pôr do sol no Guaíba, que, naquele momento, provou por que é famoso: aquela bola de fogo caía devagar atrás do rio e criava uma faixa laranja no espelho-d’água, como se fosse um caminho que se abria. O céu ficou cor-de-rosa no horizonte e azul-claro acima de nossas cabeças. As pessoas, maravilhadas, fotografavam e filmavam o espetáculo. Meu filho estava junto e balbuciou:

    – Mais bonito que o Charles River...

    Muito mais.

    Em Porto Alegre, há prédios feitos pelo Theo Wiederspahn e casinhas antigas dos açorianos.

    Em Porto Alegre, há mocotó e xis-tudo.

    Em Porto Alegre, o sol é fácil e as mulheres têm um jeito de se apoiar numa só perna que dá um aperto no peito da gente.

    Em Porto Alegre, há o Grêmio e o Inter, com seus grandes estádios e suas grandes ambições.

    Em Porto Alegre, há bons amigos, certeza de risos e promessas de chopes gelados.

    Em Porto Alegre, há os lotações, como aquele em que eu, a Marcinha e o Bernardo estávamos quando olhamos para as ruas cheias de sol e para as pessoas que caminhavam nas calçadas e concluímos:

    Porto Alegre é muito legal.
  • zh DE HOJE)

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

AS FALÁCIAS DA MAIORIA DOS CONGRESSISTAS

Vamos combinar. Ninguém é insubstituível.  E erra feio o administrador privado que titubeia em demitir aquele funcionário de quem ele desconfia ou esperava mais. Vai deixando, vai deixando e o navio fazendo água. Até que o próprio lhe crava uma faca nas costas.
Mas vamos a outros exemplos. Morte súbita de  governantes de sucesso. Se a estrutura é bem armada , se ele não impediu a ascensão de jovens promissores, é só deixar correr a eleição que um novo mandatário há de surgir.
No estrangeiro isso é trivial. Rei morto, rei posto.
Ora, ora, ora.
O que de cataclísmico ocorreria se o jurisconsulto dr. Temer fosse afastado? Nada! Os agricultores parariam de colher? os terneiros deixariam de nascer? as fábricas parariam de produzir?
Lembremo-nos que o Estado não gera dinheiro. Quem o alimenta é o trabalho e a produção.
Voltando, o que ocorreria se Temer saísse?
Assumiria o jovem Presidente da Câmara dos Deputados.
Qual o problema?
Na maioria dos países parlamentaristas é corriqueira a troca de primeiros ministros.
Rodrigo assumiria sem problema algum.
Essas lérias de o Brasil não poder parar é mera falácia.
O Ministério Público Federal é uma instituição séria. Era sua obrigação oferecer a denúncia.
Não que o acusado obrigatoriamente devesse praticar o hara kiri, mas a renúncia teria sido um gesto mais recomendado.
Precisamos das reformas! Nada que Rodrigo não pudesse tocar para a frente.
Ah, medo de perder o foro privilegiado?
Aí é brabo.
Mais um triste episódio.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

EVENTO JURIDICO NA URI - SANTIAGO


CULTURA - MAIS UM TRABALHO DE EMANUEL M.VIEIRA


                ´”É O AMOR LONGE”

(DEFINIÇÃO DE SAUDADE, OFERECIDA POR UM MENINO AUTISTA)

         Para todos os autistas e suas famílias

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Saudade é o amor longe: ele disse

E – quem sabe – perto

(Decerto)

Tão perto do coração – e no olhar

Autismo não é adjetivo

Concha escondida em mares interiores?

O que sabemos de nós?

O que sabemos da vida?

Luz – Cruz

Quem nos conhece?

Existimos no outro – e o outro “impõe” o que somos

A cela mental vira arquipélago – tantas ilhas não compartilhadas

(Mentira?)

Tudo será assim tão difícil?

Ou é fácil – apenas uma Travessia.

Não desistamos do amor: alguém apela – e a reivindicação soa melosa (como essa prosa presunçosamente poética)

Precisamos esperar o Inferno?

No porão há fresta de sol.

Ele é: mas o instante daquele sol amanhecendo na Lagoinha, no Parque da Cidade da última capital do país, aqui na “Graça”, na primeira sede do Brasil (outro amor),  contemplando o sol deitando-se no mar na Ilha de Itaparica, na Ponta do Humaitá, no Gazômetro,  no Sul (também) do meu coração, na Lagoa da Conceição (da minha mítica ilha) – tudo é finitamente belo

Inunda-me de uma alegria sem sentido (com todo o sentido)

Um poema nos tira do inferno.

O terror não é ir embora – passagem é vida da vida

Outros nos cobram para sermos o que eles querem – e não nascemos escravos –

fomos ficando escravos

A mente que sabe que a saudade é “o amor longe

não  mente

Doloroso mundo que demoniza a diferença

O estigma é a serpente (no ovo)

E dele escapa todos os dias – não se iludam: a guerra é sempre

Esse é o não-mor distante – fera, maldição.

(Os ventos ventarão, carregando-nos definitivamente para a Terceira Margem do Rio)

É só isso.

Te amo menino – pela descoberta

E não te conheço

Talvez estejas a quilômetros de distância

Pois amor é isso também – longe, lonjura, oceano e caravela

(Salvador, agosto de 2017)