domingo, 5 de março de 2017

MULHERES - MAIS UM TRABALHO DO POETA EMANUEL VIEIRA


                                MULHERES

                             (Prosa Poética)

                      EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

                     PARA  CÉLIA, CLARICE E MIRIAM

E eras luz – morena, negra, loira (sempre mulher), eras tantas.

Afago, doçura, ânsia, inquietude, espera, lágrima – e olhavas o mar num dia de outono.

Eu queria te entender.

Eras muitas, e na multiplicidade eu queria encontrar – em ti – o paraíso (finito).

Paixões, dores de cada dia, o rosto liso na juventude – e o tempo escoando, passando por cima de todos nós, invernos, verões, outonos, primaveras – sempre em frente, até a Terceira Margem do Rio.

Serenamente bela na maturidade.

Antes, muito te procurara.

E encontrara labirintos, pedaços de enigmas.

Carregamos dúvidas, como pianos pesados.

Onde estás?

E lembrava-me de Jean Anouilh (1910–1987):

Há o amor, claro. E há a vida, sua inimiga (...).

No mais pleno exílio interior, não estava em Paris,

E sim no Brasil, “com uma luneta virada para o Atlântico.”

 

Freud perguntou: “O que querem as mulheres?”

O querem todos os seres humanos.

Amor para todos.

(Eis a minha terrestre reivindicação.)

Eis que posso proclamar: Viva o teu dia!

E repito o bardo inglês: “E por amor de ti, em guerra o tempo enfrento:

Quanto ele te em ti suprime,  é quanto te acrescento”.

(Salvador, fevereiro e março de 2017)