quarta-feira, 7 de novembro de 2012

AINDA A CAPELINHA ITINERANTE


   
  Caro Ruy,
     Lembro-me quando criança da capelinha com a imagem da Nossa Senhora, sendo repassada no quarteirão entre os vizinhos, que  também cultuavam  o hábito reunir-se nas casas de forma alternada para orar o terço.
     Que maravilha eram aqueles tempos em que as vizinhanças eram como membros de uma única família, os pátios constituíam-se cercas simples e normalmente possuíam pequenos portões de livre acesso entre as propriedades, o que facilitava as visitações.

     Há,  quando havia alguém enfermo, todos procuravam solidarizar-se, oferecendo ajuda, um chazinho, uma palavra amiga, uma oração ao santo protetor, qualquer coisa, com enorme prazer de servir, sem nenhum interesse oculto.

     Hoje, erguem-se muros de pedra, portões eletrônicos, cercas eletrificadas, ou então vivemos em edifícios de apartamentos, fechaduras reforçadas, alarmes sensíveis, só olhamos pelo olho mágico, cada um na sua, onde cumprimentar passou a ser uma obrigação, e rezar então muito raro nas famílias, quanto mais entre os vizinhos.

     Estes valores simples das comunidades de antigamente, talvez constituíam-se na base do espírito de cidadania, na formação de sentimentos de convivência harmoniosa, a solidariedade, menos individualismo, menos egoísmo.

     As religiões representam a base de tudo, sejam elas quais forem, direcionadas para o bem, com objetivo de paz, são coadjuvantes para um mundo melhor, que este sentimento de Fé raciocinada possa adentrar aos lares , trazer paz e alegria, através da capelinha com a imagem de Nossa Senhora, que estes costumes se perpetuem no tempo.
     Abraços.

     Élvio.