Senta aí que te conto.
Recém tínhamos adquirido uma área, contígua à nossa, do Sérgio Brum Pinto. A chamada Fazenda da Capela.
Por ela flui uma caudalosa e límpida sanga, com suas matas ciliares de frondosas árvores nativas.
Pois num dia 31 de dezembro, uns quinze anos atrás, peguei um trator, atrelei num reboque e montei acampamento à beira do mato e da sanga. Coloquei uma lona por cima do reboque e uns colchões e estava feito nosso quarto de dormir. Maristela e o Rudolf foram de caminhonete.
Fiz fogo ao relento e sobre uma improvisada trempe assamos linguiça campeira feita pelo nosso capataz. Tudo acompanhado com pão feito em casa.
Pelas 9 da noite Rudolf ,que tinha uns 5 anos, pegou no sono.
Maristela e eu contemplando as estrelas , sem rádio, nem TV nem celular.
Fomos deitar 10 da noite sob a vigilância das corujas.
Durante a noite ouvimos roncos de bugios e o farfalhar das folhas com a ação da tépida brisa.
Quando começou a clarear os jacus iniciaram sua festa junto com mil pássaros.
Entramos para dentro da sanga para o banho matinal natural.
Relutamos muito em voltar para a sede da fazenda.
Ao que me recorde foi a melhor entrada de ano de minha vida. Sem foguetes, nem gritedos, nem champagnes.
Foi ali que passei a respeitar muito a mãe Natureza.