segunda-feira, 17 de outubro de 2011

UM POUCO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA

Não há NADA MELHOR que ter amigos inteligentes. E a Internet praticamente substituiu a ÁGORA GREGA .
As conversas que agora reproduzo, começaram com um texto provocativo de des. Foerster:

"Se bem entendido o teu texto ROGOWSKI, o povo brasileiro, em geral, leia-se: a massa ignara está letárgica e "praticamente" contente com tudo o que aí está !
No infeliz expressar de lulinha, amor, do governo, dele só precisam os pobres, e pra ele, que não é apedeuta, até os 'pobres de espírito' estariam
incluídos nesse marasmo; é, porque o querido presidente (pois é, ele ainda se considera como tal! E fazer o que, pois ele considera que Dilma 
está lá, pois ungida por ele; e ele - certamente - está certo em assim pensar; e quem acredita que a ex-ministra dele venceria, sem a boa "empurrada" dele?
 
[ O Loeffler que não me execre, uma vez que ele considera o Lula sido um presidente exemplar, ou não entendi bem ! Ele que me absolva e me perdoe por discordar
dele se for assim; afinal não dá pra gente concordar com tudo; até com minha mulher - de quando em vez - sai uns "arranca rabos" daqueles bem alentados!
Nem por isso nos odiamos ! É a vida. E das diferenças - não raro - que saem algumas boas luzes. Portanto, não me queira mal, Loeffler, pois mesmo assim
eu te adoro, mormente quando pelejas com o tal prefeito de Xangri e em razão dos contínuos desmandos dele aí neste balneário e do qual tanto cuidas e zelas! ]
 
Mas aonde quero chegar, afinal com esse nhenhenhém todo ( termo surripiado do ex-presidente Ferdinand Henry) ?
 
Penso que a alternância no poder é que seria uma solução (quiçá razoável) pra dificultar um pouco essa corrupção toda que por aí grassa e em todas as esferas
(União, Estados e Municípios); peço não me crucificar, com isso não estou a afirmar que o companheiro do nosso coestaduano Nelson Jobim, José Serra teria
sido melhor do que a Dilma está sendo (esperemos, ao menos aqui no RS, a dobradinha Dilma & Tarso seja conveniente e útil ao nosso Estado federado) !
Mas esta [talvez salutar] alternância, ela teria servido para estancar este "compadresco" nefasto que surge e decorrente da continuidade: dos "sempre mesmos" no poder! 
Assim, ao menos, algumas situações consideradas "podres", elas viriam à tona { comme la merde } naturalmente e não só sob - forte - pressão e como sói acontecer
nestes tempos de continuidade administrativa.
 
Creio que isso já vem acontecendo nos United States ... E se isso é bom, só perguntando aos americanos do norte ! 
 
 
 
 Alfredo Foerster"
 
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RÉPLICA DE ROGOWSKI
 
Querido Amigo Alfredo
Os americanos ainda hoje são tidos pelos europeus como bárbaros, um dos poucos povos que julgam e executam suas crianças como adultos.
Pessoalmente creio que não devemos nos imiscuir nos usos e costumes de um povo. Eu sou uma pessoa de fácil convivência com todos porque desde bem jovem adotei um lema de vida: “cada louco com suas manias”.
Entretanto, do ponto de vista prático, a política dura deles em relação ao crime não surtiu efeitos, a criminalidade é crescente também lá.
Um estudo divulgado pelo Pew Center sobre os Estados americanos fornece uma surpreendente estatística: 7,3 milhões de americanos - ou seja, 1 em cada 31 adultos - estão no sistema penitenciário do país, o equivalente a duas vezes e meia a população do Uruguai, maior do que toda a população de Israel ou de Honduras.
A concepção da pena no Brasil é a da reeducação e ressocialização do preso. Sabemos que do ponto de vista pedagógico é importante impor limites a qualquer educando. Segundo Içami Tiba, o pai/mãe que impõe limites a seu filho transmite a ele segurança, proteção, estabelecendo assim um vínculo de respeito, por outro lado, a criança que não recebe esse estímulo, tem atitudes negativas, como exemplo, a birra, que é gerada num momento de desejo, de impulso da criança e não é atendida pelos pais, ela se joga no chão, bate o pé, grita, chora ...
A mesma pedagogia deveria ser aplicada ao reeducando do sistema prisional.
A lei das execuções penais (LEP) contempla uma serie de benesses, mas que ao fim e ao cabo não são implementadas pelo poder público. As leis não são cumpridas pelo delinqüente e nem pelo Estado. Quando aquele transgride vai para a cadeia, quanto o Estado transgride ninguém vai preso. Isso gera um enorme sentimento de injustiça e de indignação no preso e ele acaba saindo da cadeia mais revoltado e perigoso.    
Seria melhor que a lei restringisse privilégios e que ela fosse obedecida integralmente pelo Estado. Salvo raras exceções, via de regra, o preso tem a convicção que a sentença condenatória foi justa, ele sabe o que fez de errado e sabe que tem de pagar. Os problemas começam quando o processo de  execução da pena desborda do balizamento fixado no título executivo judicial, acarretando penalidades adicionais a que o preso não foi condenado, ou seja, são atos comissivos ou omissivos do Estado que se traduzem em sofrimento e desrespeito aos mais básicos direitos humanos, como a garantia constitucional à vida e a saúde e o dever legal do Estado de, por exemplo, fornecer tratamento de saúde ao preso aidético ou a simples extração de um dente inflamado, obrigando que no primeiro caso o detento seja eliminado profilaticamente pelos companheiros de cela ou no segundo caso, sofra a extração do dente com alicate, sem anestesia, pelos próprios presos sem qualquer formação profissional, etc.
Há países ricos (como a Noruega) e pobres (como a Índia), onde a criminalidade é baixa. Como explicar isso? São múltiplas as causas, mas seria interessante que a ONU se encarregasse de promover pesquisas para estudar melhor o assunto e sugerir aos demais países, políticas públicas de combate ao crime que surtissem efeitos positivos concretos.
Forte Abraço.
Rogowski
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Meu caro Alfredo,
Como sabes, não são tantos os meus anos de vida para que pudesse me referir ao período militar no Brasil como algo de que me lembro, que vivi. Os registros e relatos estão por aí, no entanto, o que me permite, por essa via, emitir alguns juízos a respeito daqueles tempos.
Se consideramos que o povo é parte da estrutura de formação de um Estado, de um país, devemos logicamente concluir, então, que o povo é o seu país. O brasileiro é o Brasil. E no Brasil, seu maior problema é o seu povo. Assim, diria eu, o problema do Brasil é o Brasil.
O Brasil não tem ideologia autêntica, nunca teve. Tudo o que aqui foi, já era noutro lugar. E quando foi, muitas vez, noutro lugar já não era mais.
Mas se tenho dificuldade em dizer quem é o brasileiro, que características são propriamente as suas, uma delas consigo facilmente identificar, porque historicamente se manifesta por várias formas: o brasileiro, como poucos outros, é o povo da moral perniciosa. Antecipo que minha tentação, aqui, era de empregar adjetivo mais forte, algo como degradante; resisto bravamente a ela, contudo, na convicção de que não posso empreender em relação a uma moral julgamentos morais. Posso, por outro lado, tratar da sua eficiência, das consequências objetivas da sua existência. Posso alegar, pois, que uma determinada moral, uma determinada cultura, são contraproducentes em relação ao desenvolvimento de uma sociedade específica.
Sobejam no Brasil e sua história os exemplos do excesso, lá e cá. De um lado, os "honestos", que tratam com dignidade do patrimônio público - bravo! -, esquecendo, no entanto, de empregá-la também em relação às pessoas. De outro lado, os "humanitários", incapazes ou pouco capazes de violar diretamente a santidade pessoa, improbos, todavia, em relação ao patrimônio público. Isso quando não vemos uma terceira espécie, um selbstsüchtig, egoísta, que, centrado só em si, mostra-se indiferente a qualquer dessas santidades - o patrimônio público ou a pessoa.
A moral brasileira, a cultura brasileira, são perniciosas porque vivem tranquila e abertamente com esses excessos, que, aqui, manifestam-se sempre como que numa balança: ora de um lado, ora de outro.
Bom caráter não se constrói em parcelas. É ou não é. Não pode ser pela metade, porque, aí, não é.
Venham-nos é os exemplos do verdadeiro bom caráter, íntegro, tanto de um lado como de outro.