segunda-feira, 31 de outubro de 2011

DOM DADEUS - DE NOVO

O arcebispo metropolitano, dom Dadeus Grings, convocou a imprensa nesta segunda-feira para criticar uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que o condenou a pagar uma indenização de R$ 940 mil por danos morais. A decisão foi comunicada a ele na semana passada.

O religioso explicou à imprensa que o valor seria dividido entre ele e a Diocese de São João da Boa Vista, interior de São Paulo, onde atuou como bispo entre 1991 e 2000. A condenação, conforme dom Dadeus, já teria transitado em julgado. Ele ressaltou, no entanto, que não pretende pagar a quantia e fez duras críticas ao Poder Judiciário.


Em carta entregue à imprensa, o arcebispo relata que “o problema da corrupção no Brasil tem sua origem ali, no Judiciário”. “Ou o Brasil muda o Judiciário, ou o Judiciário acaba corrompendo o Brasil”, observa ele no final do texto.

AJURIS SOLTA NOTA

A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul - AJURIS vem a público manifestar toda a indignação da Magistratura gaúcha em face das declarações do Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, que atribui ao Poder Judiciário a condição de ente corrompido, impulsionado por ter sido condenado em ação de indenização por fato que lhe foi imputado, ocorrido na cidade de Mogi Guaçu (SP).
Esta prática adotada pelo Arcebispo está cada vez mais disseminada no Brasil, notadamente quando o Judiciário decide em desfavor de segmentos que desfrutam de poder diferenciado na sociedade.
É necessário que a cidadania perceba que um país, para ser substancialmente democrático, deve contar com um Poder Judiciário laico, imparcial e independente. Lamentavelmente, alguns quadros da vida pública ainda não se deram conta do quanto é importante tal condição para uma nação.
Reiteramos que a postura inquisitorial do Arcebispo é inaceitável. Da mesma forma, registramos o grande respeito que temos pela Igreja Católica, e todas as outras religiões.
Entretanto, não podemos admitir que qualquer religioso, em nome de sua crença, insulte pessoas e instituições de forma arbitrária, numa quase retrospectiva da inquisição medieval.
A AJURIS sempre exigirá pronta apuração de qualquer irregularidade no Poder Judiciário, mas não admitirá a ofensa generalizada e irresponsável, de qualquer autoridade, simplesmente pelo fato de ter seus interesses contrariados por decisão judicial. Repudiamos tal comportamento pelos evidentes danos que causa à democracia.
( Foto e primeiro texto - Correio do Povo)