Sérgio Moro faz “ouvidos de mercador”, diz defesa de Marcelo Odebrecht
“Escancarado, desse modo, que a busca da verdade não era nem de longe a finalidade da intimação, a defesa não tem motivos para esclarecer palavras cujo pretenso sentido Vossa Excelência já arbitrou. Inútil falar para quem parece só fazer ouvidos de mercador.”
Solicitada pelo juiz Federal Sérgio Moro a apresentar esclarecimentos sobre o conteúdo de mensagens interceptadas no celular de Marcelo Odebrecht, a defesa do executivo ressaltou que o magistrado já valorou o relatório apresentado pela PF.
O relatório da autoridade policial, em vez de seguir para o MP para oferecimento ou não de denúncia, fez com que Moro, "considerando a aparente gravidade dessas anotações, antes de extrair as possíveis consequências jurídicas", resolvesse "oportunizar esclarecimentos das Defesas dos executivos da Odebrecht, especialmente das de Marcelo Odebrecht, Márcio Faria e Rogério Araújo, acerca das referidas anotações".
O prazo inicial para a manifestação era até quinta-feira, 23, mas os advogados peticionaram pedindo a extensão, concedida pelo juiz Federal para esta segunda-feira, 27. Na sexta-feira, 24, Sérgio Moro decretou nova prisão dos executivos já presos, pois elementos novos justificariam nova deliberação judicial.
Acerca dessa cadeia de acontecimentos, os advogados Dora Cavalcanti Cordani, Augusto de Arruda Botelho e Rafael Tucherman (Cavalcanti & Arruda Botelho Advogados) afirmaram:
“Impressiona, igualmente, a dubiedade do discurso de Vossa Excelência. De um lado, quando intima a defesa, assevera que “tudo está sujeito à interpretação”. De outro, porém, antes mesmo de ouvir explicações, prende novamente quem já está preso dando por certo aquilo tudo que estava sujeito a interpretação!”
A defesa do presidente da Odebrecht requereu a Sérgio Moro o imediato desentranhamento dos autos do inquérito policial de informações, notas ou conversas privadas que não possuam relação com o caso, de modo a evitar a indevida exposição de terceiros alheios à apuração.
Os advogados também requereram que a PF se abstenha de lançar, neste ou em quaisquer outros autos do sistema e-proc, documentos físicos ou eletrônicos sem prévia definição de pertinência com o objeto dos autos. Isso porque, para a defesa, a PF “transformou as peculiaridades do processo eletrônico em sua aliada na tática de atirar primeiro e perguntar depois”.
- Veja a íntegra da petição.