Amigo Ruy: gostaria de prestar uma homenagem a essa bela
e rara relação de respeito que existe entre patrão e empregado rural com um
soneto do meu pai, que fala das coisas do campo quando o dia nasce. Abraço.
Afif Neto
AMANHECER
A química do dia renascido.
Venho chegando, no batel da aurora,
De um confuso país de sonho e olvido.
O arroio atrás da casa ouve-se agora,
Na rotina das águas repetido.
E em frente, sobre a relva que se enflora, Rumina o gado
manso e distraído.
Olor casto de estábulo. Desfaz-se
A noite, enrodilhada em seus ardis.
A manhã ergue os gládios. O sol nasce.
E enquanto o dia se arma e se desenha,
Além do galo, além do arroio, ouvis
Meu pausado labor de canto e ordenha.