sexta-feira, 28 de julho de 2017

VOLTEI A SER COLUNISTA DA GAZETA DO SUL

O jornal diário A GAZETA DO SUL,de mais de 70 anos de vida, sediado em Santa Cruz do Sul, abrange uma vasta região em seu redor. Faz parte de um Grupo que também tem emissoras de rádio AM e FM. O atual proprietário é André Jungblut, meu amigo de infância. Durante algum tempo fui colunista do jornal, mas meus afazeres intensos me fizeram parar.
Agora, no entanto, André me pediu que voltasse, com o que concordei.
Fiquei um pouco envolvido em outras prioridades e por isso deixei de postar uns dias.
Abaixo,minha  crônica publicada na Gazeta. Na próxima  falarei sobre Santiago.


DE VOLTA

Ruy Gessinger  ( ruy@gessinger.com.br)

 

Como diz aquela letra :

De nuevo estoy de vuelta,
después de larga ausencia;
igual que la calandria
que azota el vendaval.
Y traigo mil canciones
como leñita seca:
recuerdo de fogones
que invitan a matear.

 

Pois por convite de meu amigo de infância André Jungblut retorno a dar meus pitacos na Gazeta. O convite era para a coluna ser semanal, mas optei por ser a cada 14 dias para ver como se ajeitam as melancias na carroça.

A essas alturas do campeonato pouca gente me conhece na minha querida terra natal. Não tem importância. Vamos charlando no caminho e nos conhecendo.

Nasci na Linha Araçá, onde meu pai tinha uma casa de comércio. Na época gravidez não era doença e, especialmente na colônia, as mulheres davam a luz em casa mesmo, no máximo assistidas por uma parteira. E não havia nada de alergia ao leite ou a isso ou aquilo. Era mamar nas tetas da mãe até onde desse e depois leite de vaca, E, lá pelos seis meses, uma linguiça de porco na dieta.

Quando completei seis anos meus pais se mudaram para Santa Cruz, onde abriram nova casa de comércio. Frequentei o jardim de infância das irmãs franciscanas, depois o Colégio São Luiz e, mais tarde, o Mauá.

Passei no  vestibular para Direito na UFRGS, onde colei grau em 1969.  Aos 22 anos prestei concurso para delegado de Polícia, cargo que exerci por cerca de um ano. Fui advogar em P. Alegre.  Depois, após novo concurso, assumi como Juiz de Direito, chegando, ao final, a desembargador, cargo do qual estou aposentado.

Mas na minha coluna não haverá lugar para juridiquês ou linguagem cifrada.

Proponho-me a reflexões, relatos de experiências, sempre aceitando e ponderando críticas que me fizerem.

Notaram como este texto está inçado de espaholismos e termos campeiros?

Pois é. Os idiomas são seres vivos e tanto as palavras escritas e mesmo faladas denotam imersões em diversas regiões.

Minha primeira Comarca foi  Horizontina. Ali aprendi “o que era bom para tosse”. O asfalto terminava em Carazinho e daí até Ijui, estrada de chão, De Giruá até Horizontina , barro vermelho. Levei dois dias para chegar. Tinha carro que atolava dentro da cidade. O único hotel de então era de madeira. Fiquei um ano.Ali conheci muita gente que tinha vindo das “ colônias velhas” para as férteis e vastas terras do noroeste. Começava o período do  milagre soja-trigo. Jamais esquecerei as imagens daquelas montanhas de tocos de árvores nativas resultantes de um baita desmatamento. As águas dos cursos dágua eram de um vermelho sangue. Nem as matas ciliares eram poupadas. Mas tudo em nome do “ progresso”.

Curiosidade: o Prefeto era o sr. Walter Bündchen, avô da übermodel Gisele. A cidade girava em torno da SLC, cujo administrador era o dr. Jorge Dahne Logemann.

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A poucos quilômetros de Horizontina estava o rio Uruguay. Do outro lado, a Província de Misiones, Argentina, cuja capital é Posadas, nas margens do Rio Paraná. Muito fui para lá nos feriados e fins de semana.

E ali entrei em contato com uma cultura cuja existência estava longe de  imaginar.  Aprendi a admirar os chamamés, os vocais, o peculiar jeito de tocar guitarras, a conservação do idioma guarani, a inspiração poética contida nas composições musicais.

Segue na próxima coluna.