domingo, 12 de junho de 2016

NO DIA DOS NAMORADOS, UM BEIJO DE GRATIDÃO ETERNA AOS MEUS VIOLINOS

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Quando vim de Santa Cruz para estudar na UFRGS em P. Alegre, fui morar na Tomás Flores, no Bom Fim, na Casa do Estudante de Santa Cruz. Éramos em quatro num só quarto. Havia uns 40 na casa. Só dois banheiros e uma geladeira velha.
O Direito na UFRGS era por ano, não por semestre nem por matéria. Cada ano tinha uma sala e a turma ia ficando junta até a formatura.
Daí as amizades que duram até hoje.
Meu problema  inicial de arrumar namorada era a falta de dinheiro, não tinha um Fuca, nem Gordini nem Dauphine. Só os muito ricos tinham carro.
Mas eu tinha um trunfo demolidor.
Meu violino, que minha mãe comprou para mim no Bazar Rech, tomando o dinheiro a força do meu pai. Era um Gianini que tenho até hoje e que faz companhia a outros seis, um dos quais um Yamaha eletrônico, os outros são alemães.
Quando alguma colega fazia uma festinha na garage da casa de seus pais eu levava meu violino e ficava na minha. Deixava os riquinhos assediarem as meninas e ficava nos salgadinhos e nos gin fiz.
Até que uma se aprochegava e perguntava:
- isso é um estojo de violino? Posso olhar?
- olhar pode, pegar não.
- Nossa, só quatro cordas.. sem marcação das notas como o violão..
- sim, o violino é afinado em sol, re, la e mi. Intervalo de quinta.
- Toca uma música pra mim?
- não dá, tem muito barulho. Só bem no fim da festa. Isso se tu ficares comigo aqui.
- só se tu prometer tocar " tender is the night",
- Sim, e todas as francesas e italianas que quiseres.
- bah, quero o " volare".
- só se me deres um beijinho...
Pronto!