sábado, 24 de dezembro de 2011

UM DOS MEUS NATAIS INESQUECÍVEIS


Aos 13 anos, com uma malinha, embarquei para Estação São Salvador, hoje Salvador do Sul, onde estudaria no Colégio Santo Inácio. Regime de internato total, só se voltava para casa na época do Natal. O resto do ano só se mantinha correspondência com os pais por carta.
Havia três divisões de internos, com seus dormitórios e pátios separados.O critério era a idade.
No enorme dormitório enfileiravam-se as caminhas, com uma baciazinha de água ao lado. Não  havia banho quente.  Muitas vezes à noite ouvia coleguinhas soluçando de saudade da família.
Era uma vida rude, de muito rigor, de estudo, mas que, ao contrário de me deixar calos, só me fez forte, de modo que as adversidades que encontrei na vida foram " fichinha" perto do que  ali encontrei.
Esse rigor espartano e a disciplina me ajudaram muito na vida.
Lá iniciei meus estudos de violino.
Quando decidi, após dois anos, voltar para casa e seguir a vida leiga, implorei muito a meus pais que me comprassem um violino, pois o do meu pai estava estragado. Sempre ficava a desculpa que um tio iria me presentear.
Até que um dia minha mãe tomou na " unha" um dinheiro do bolso do meu pai e lá nos fomos no Bazar do Fritz Rech, em Santa Cruz, comprar um Giannini novinho em folha.
Isso na véspera de Natal.
Esse violino foi e até hoje é meu companheiro, " en las buenas y en las malas". Muito chorei com ele, mas também muito vestidinho desabotoei graças a seus encantos.
Tenho mais seis violinos hoje, inclusive um Yamaha elétrico.
Mas o Giannini continua com minha reverência de velho e silencioso amigo.
Foi um Natal inesquecível pela alegria. Outros me marcaram pela tristeza. Desses não falo.