sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DESCULPAS -POR ASTOR WARTCHOW


Tempo de pedir desculpas

 

Em alguns momentos de nossas vidas, todos nós já falamos “coisas” inconvenientes, inapropriadas e incorretas ao outro. Deliberadamente ou não, provavelmente até mesmo ofendemos o trabalho e a inteligência alheia. Afinal, sempre foi mais fácil ironizar, criticar e acusar. E até de dedo em riste.

Tirante os evidentes casos de pura maldade e provocação, regra geral realizamos esses atos investidos de nossas “convicções e certezas”. De boa fé.  Compreensível.

Difícil - sempre foi e continua sendo – é pedir desculpas pelos equívocos e excessos. Mas chega um momento em que superamos essa dificuldade e, finalmente, pedimos desculpas. Um modo gentil e educado de reconhecer os momentos, as oportunidades (ou falta de) e as razões do outro.

Assim sendo, o que já conseguimos realizar no âmbito pessoal, deveríamos realizar no âmbito das “coisas” públicas. Creio que é chegada a hora de isso ocorrer também na área político-ideológica.

É verdade que - no campo das correntes ideológicas - ainda não superamos graves diferenças e equívocos conceituais (ainda argüidos retoricamente nas disputas eleitorais) comprovadamente falidos e sepultados, como bem demonstram experiências de outros povos.

Mas nem vou muito longe no tempo e na história das ideologias. A título de exemplo, fico com experiências recentes e brasileiras. Fim de reservas de mercado, privatizações de bens e serviços públicos e leis especiais (como a de Responsabilidade Fiscal) confirmaram a hierarquia e eficácia de princípios fiscais e econômicos sobre a vontade pessoal e a ideologia política.  

E ainda nem conversamos sobre a importância de créditos e financiamentos internacionais, superávit primário e tecnologia de transgênicos em tempos de exportações de commodities agrícolas.

É a hierarquia dos mesmos princípios gerais econômicos que impedem e limitam gastos públicos em recursos humanos, serviços e obras públicas. Aquilo que “o outro (no poder)” não fez! Inação o suficiente para que o rotulássemos como “sem vontade política de fazer!”

Nem vou me reportar aos pecados humanos e capitais que seduziram notórios companheiros em descaminho, a exemplo de apropriações indébitas, corrupção, fisiologismo e “consultorias”.

Ou outras gritantes contradições, a exemplo de políticas públicas daquilo que sempre nomeamos como nefasto, tais como esmolas populares, financiamentos privados com dinheiro público, aparelhamento de órgãos estatais e loteamento de fundos de pensão, alianças espúrias, e, vejam só!, aplausos e homenagens a judicialmente processados camaradas.

E agora, companheiro, o que dizer sobre a incapacidade reinante e predominante que faz desabar sobre nossos ombros as mesmas pechas político-ideológicas de ontem e d’o outro?  

Honestamente, creio que um bom começo de conversa é pedir desculpas!