quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PEQUENAS E HUMILDES REFLEXÕES SOBRE AS FAMÍLIAS ALEMÃS DE ANTIGAMENTE


( na foto a família dos meus avós Rudolf e Rosália. Meu pai está à direita de minha avó, em pé)

Observando o império das crianças sobre seus pais e avós e a “juvenilização” brasileira, meus pensamentos não param de volver ao século passado. Não sei se meus pais e avós agiram certo, se seria correto agir assim hoje, mas eu não os trocaria por nada deste mundo.
A família de meus avós Rudolf e Rosália era numerosa. Os dois exerciam forte poder sobre os filhos, mesmo sobre um, meu pai, que já era casado.As relações eram respeitosas de lado a lado e não havia preponderância dos homens sobre as mulheres.
À mesa meu avô servia-se em primeiro lugar, depois a avó e depois os filhos e netos, por ordem crescente de idade. Isso mesmo, as crianças vinham primeiro. Rezava-se antes de iniciar as refeições, qualquer delas.
Quando  se iniciava uma pequena discussão entre meus tios ou tias, o olhar do meu avô os silenciava. Nunca vi meu avô gritar ou ter um gesto violento.
Minha avó sim. Eu a assisti, de olhos vermelhos,  dar uns três laçaços com uma toalha molhada no meu pai, por motivos que desconheço. Meu pai me tomou pela mão, me colocou na caminhonete e voltamos para casa. Dias depois ele voltou e pediu desculpas à sua mãe.
Todos os filhos do meu avô aprenderam a tocar  um instrumento musical. Ele deu a todos a oportunidade de estudar.
Gozado, com ele não tinha querer. Quando chegavam visitas ele mandava que  tocassem e pronto. Só  liberava depois de umas dez músicas.
Meus pais me ensinaram o gosto pelo comércio, pelo lucro lícito, pelo trabalho e por ser pontual nas contas. Meu pai não gostou quando fiz concurso para a Polícia – ele tinha ainda o ressaibo da repressão contra os “ alemães” durante a 2ª. Guerra aqui no RGS. Pediu-me que me exonerasse tão logo me formasse na faculdade. Obedeci sem pestanejar.
A estrutura familiar  antigamente impunha limites que a gente não se atrevia a ultrapassar, mesmo depois de adulto. No tempo em que eu fumava, jamais me atrevi a o fazer na frente de meu pai.
Mas sempre chamei meus avós e meus pais por tu, nunca por senhor.
Eu sei, eu sei, eu tentei fazer o mesmo com meus filhos e agora os vejo também meio “ autoritários” em suas famílias.
Comprazo-me com isso.
A criança e o jovem tem que ter limites e isso implica haver um chefe e uma chefa na família.