domingo, 18 de outubro de 2015

CARA É A LAGOSTA A THERMIDOR ( OU, A REVOLTA DOS AGRICULTORES ).


 

 
Agradeço pelas manifestações de apoio ante minha post em que narrava as vicissitudes dos produtores rurais.

Sempre tem um burraldo de apartamento a dizer: bah, vocês andam em caminhonetões!

Ah é? Quer que a gente ande no barro, nas pedras, com tua Cayenne ou tua BMW? O caminhonetão servia para a gente ir na cidade buscar tonéis de diesel para o trator. Mas até nisso as “otoridades”implicam com a gente. Não pode. Então um Caminhão tanque tem que ir  na minha estância para deixar 500 litros de óleo?  Tudo bem, só que o custo vai para o boi que eu vendo.

Esses dias eu estava matutando.  Sei que é impossível, para uns que  tem menos de 40 anos, viver sem lap top e sem smartphone;na falta  desses itens essenciais as pessoas tem crises de choro, convulsões e “ suicidal tendences”.  Para alguns é como faltar energia justo na hora da novela. Verdadeiras tragédias.

Mas, e sem comida?

Não estou falando na lagosta e no caviar.

Falo no leite, pão, na salada, na cebola, na carne.

Vamos que eu e meus colegas dos tratores e das colheitadeiras ( e dos caminhonetões), enchamos o saco e decidamos:

- agora vamos criar e  plantar só para nossa subsistência e o resto do tempo vamos para a cidade. Lá que é bem bom,tem passe livre, bolsa família, Sus, Conselho Tutelar,Samu,Pequenas Causas, cenas de bang bang ao vivo, ar condicionado de graça nos shoppings, lá não se precisa de chuva nem de sol, tem até remédio e consulta de grátis.

Evidentemente que a população iria sentir falta de pão, asa de galinha, laranja, bife e até da pizza. Três ou cinco dias depois,  o caos. Choro e ranger de dentes.

Os burocratas do governo sugeririam uma intervenção nos campos e lavouras. Para tanto nomeariam um CC, é claro.

Este, chegando nas nossas terras, diria: cadê os 50 funcionários daqui?

Ao saber que a maioria das propriedades é tocada pela família, providenciaria contratos emergenciais para seus apaniguados. Estes ao desembarcarem das vans, olhariam para uma bolsa de sementes de azevém e ordenariam: atira fora esse alpiste para canários e procura as sementes de  bolinhos de carne,  de farinha  e sagu. Um dos CCs, vendo um saco  de sementes de soja  diria: e o que são essas bolinhas aqui?

Ao que o caseiro, palitando os dentes , observaria respeitosamente:

- é só uma idéia... quem sabe não é melhor “vasseis” trazer os dono de volta?

( continua oportunamente)