Escuto, pelo aplicativo do meu celular, o Cleo dizendo que choveu pouco no Estado e que as temperaturas são amenas.
Os da cidade vivem numa gaiola, a maioria. Saem do seu apartamento, entram no carro, saem do carro e entram no local de trabalho. Nem sabem que fase da lua é, e o que é um vento cortante e frio, seja o minuano ou seja o sul.
Há dois dias vinha chovendo torrencialmente em nossa região, tudo com raios e trovões. Hoje amanheceu um vento sul bagual que está arrancando nossa bandeira hasteada. Coloco uma calça de abrigo por debaixo da bombacha, meias de lã, botas de chuva, saio para fora das casas e meus olhos vitrificam na hora e começam a lacrimejar.
O corpo e os neurônios emitem ao cérebro códigos de perigo. O cérebro remancha e emite ordens de ficar quase dentro da lareira crepitante.
Mas não tem jeito, a lida está chamando.
O cara que saboreia um churras lá no Barranco não tem idéia do que de abnegação e pertinácia estão por detrás daquela costela...