quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A POLÍTICA NA SUIÇA - QUAAANTAAA DIFERENÇA!


CONVERSANDO COM UM VEREADOR SUÍÇO

                    (Prof. Altair Reinehr)

 

     Pois lá já se vão quase 28 anos desde que passei um final de semana de outubro de 1986 em casa da Família Bucher (Fritz e Hanni), em Aezighofen, Meikirch, a 10 km de Berna, capital da Suíça. Eu era estudante no Goethe-Institut em Munique, Alemanha e a minha família anfitriã (Heinrich e Elfriede Seyfried) morava em Kolbermoor, a 60 km da capital bávara.

     Como o transporte ferroviário é muito eficiente naqueles países, é relativamente fácil vencer maiores distâncias em tempo reduzido. E assim, viajei bastante naqueles 3 meses, que lá permaneci. O motivo de ir à Suíça, era o de visitar dois ex-alunos - Roque Schwerz, de Maravilha e Elson Wandscher de Bom Jesus do Oeste - que faziam estágio agrícola naquele país.

     Os dois estagiários brasileiros e Frau Bucher - na hora e local marcado - estavam à minha espera na estação férrea central de Berna. Cumprimentos, e, logo empreendemos viagem até a propriedade rural dos Bucher, onde chegamos quando já era noite. A casa de madeira fora construída há 189 anos...! A propriedade era de 20 hectares de terra, na qual trabalhavam duas famílias... (...E ainda tinham em estagiário estrangeiro...!)

     Ao chegar à casa dos patrões de Roque Schwerz - era numa sexta-feira à noite -  o dono da casa, Herr Bucher, 72 anos, deu-me as boas vindas (Herzlich Willkommen), e disse que eu me sentisse em casa e não me importasse pela saída dele, neste momento, pois ele tinha um compromisso como vereador na "Gemeinderat" = Câmara de Vereadores. Agradeci pela cordial recepção e o septuagenário "agricultor-vereador" foi para onde o dever o chamava.

     Dia seguinte, sábado, às 09:00 horas, deixamos Aezighofen, e, num automóvel da família anfitriã - pilotado pela Sra. Hanni Bucher - empreendemos uma "tournée" pela Suíça, passamdo por Interlaken, Saint-Gotard Pass, Rhonne-Gletscher, Luzern e outros pontos maravilhosos daquele pequeno país, localizado no coração da Europa, que no mundo é visto como um exemplo de Paz, Democracia, de ordem e justiça social. .

     Retornando já à noite, tive a oportunidade de manter um prolongado "bate-papo" com Herr Bucher - um vereador dos agricultores suíços, da comunidade de Aezighofen - Meikirch, que foi, para mim, a mais notável "Aula-de-Democracia e Política", que eu tive ao longo da minha vida. Pedi a ele que me desse, um suma, uma noção de como funciona a Política e a Democracia em seu país.

     Herr Bucher não teve papas na língua e falou com segurança e convicção: "Na Suíça não há partidos políticos. Os "...partidos...", que aqui existem, têm mais a função de "grêmios", onde pessoas de profissões afins se encontram. Cada categoria profissional tem o seu representante e é na sede do seu sindicato (Gewerkschaft), onde tudo é decidido. Plebiscitos (Volks-Abstimmungen) são muito comuns. Nós temos na Suíça uma "Democracia Participativa" e não representativa...! O povo participa, diretamente das decisões. Os vereadores, os deputados cantonais (estaduais) e os federais não são remunerados. Quando a serviço da entidade, é o sindicato que os paga. E no seu retorno, devem dar um "RETORNO" àqueles, que representam. O mandato dum parlamentar tem "tempo máximo, não mínimo...!" E Herr Bucher continuou: "Eu já sou vereador dos agricultores pela quarta vez aqui na comunidade. Da última vez, fui à reunião do sindicato, não sabendo que a nossa cadeira na Câmara Municipal estava vaga e voltei vereador eleito...! A minha esposa, Hanni, já foi duas vezes vereadora pelas "Donas de Casa...!"

     Herr Bucher também queria saber algo sobre o "sistema democrático e político no Brasil...!" Falei. Ficou surpreso quando lhe contei que um funcionário público, quando aceita concorrer a um cargo eletivo, deve "licenciar-se 90 dias antes do pleito para tomar parte na 'campanha política'...!" (= Wahlkampf, que ele não sabia o que era...) Expliquei que é o período em que os candidatos vão ao encontro dos eleitores, expondo-lhes o seu plano de trabalho e pedir o voto. Indignado, observou: "Sim, e os eleitores não conhecem os candidatos...?! Não sabem do seu modo de pensar...?! Não sabem do que os candidatos são capazes...?! E daí vão importunar e molestar pessoas, durante o tempo de trabalho...?!  Para quê essa perda de tempo...?! E com ênfase, disse: "So ein Kerl würde ich mit den Hunden jagen...!" (= Um cara desses eu botaria a correr com os cachorros...!) (...E eu nem contei para Herr Bucher, que aqui também há os "cabos eleitorais" e que nos períodos, que antecedem as eleições, muitíssimos eleitores são acometidos por uma cíclica doença, que só é curável com "favores e dinheiro de candidatos...!")

     

     Na Suíça, sair a campo, pedir votos, molestar eleitores em horário de trabalho ou de descanso, é algo inimaginável. É ofensa! É desaforo! É coisa de lambaio desocupado...! E acho que até daria cadeia! De lá para cá - 28 anos - algumas coisas lá também mudaram. Até via internet já é possível votar... São as diferenças culturais...!!!

     Sim, os suíços não gastam tempo, nem "$apato$" numa eleição...!! O voto não é obrigatório, mas quem não vota, não está participando das importantes decisões, e como tal, não tem direito a reivindicar coisa alguma...! Isso é Democracia Participativa...! São as diferenças políticas...!

 

     Grato pela publicação, "na íntegra",

 

     Prof. Altair Reinehr

     (CPF: 033.467.499-91)

     Rua Santa Catarina, 120

     Fones: (0..49)3664-0156 e 8409-2931

     89874-000 - Maravilha - SC