terça-feira, 30 de setembro de 2014

A INCRIVEL MOINA


Pois é. Saí de Santa Cruz aos 17 anos para ganhar a vida. Meu pai morreu cedo, aos 57 anos. Muito apressado,sempre que podia, vinha visitar minha mãe. Mas ficava com ela e não interagia, como seria desejável, com a comunidade. Tanto assim é que pago maior mico quando,ao dizer que sou de Santa Cruz, pessoas me perguntam por nomes  e... eu não conheço mais quase  ninguém. No começo sofri com isso, mas depois, pensando melhor, conclui que o fato de eu nunca mais  morar em Santa Cruz não implicava eu não ser mais santacruzense.  
Mas, que raro! Quanto mais passa o tempo, mais amo minha terra. Ela  abriga e sempre abrigou figuras muito , mas muito interessantes. Poderia enumerar centenas de personagens que recordo com devoção.
Mas hoje quero falar de uma pessoa e escritora muito especial: a Moina Fairon. Li todos seus livros . Ela não é uma griffe  estéril como muitos e muitas que só são conhecidos por seu suporte midiático. Ela se impôs docemente,  sem precisar de amplas publicidades. Moina conta histórias. Até aí tudo bem, tudo normal.
Ela narra de um jeito coloquial, como se fôssemos seus parentes do dia a dia.Assim é, também, no seu mais recente livro,  A CASA SOBRE RODAS. Mas, atenção,  ela conduz o leitor por suas vivências e, “ a latere” , deixa a entrever uma série de imagens diáfanas. Explico-me melhor: não há necessidade   de detalhar tudo, tintin por tin tin, ao leitor. Tu tens que deixar que ele  veja o que está por detrás das cortinas levemente translúcidas.
O que eu vi foi uma história de amor e companheirismo com seu marido, filhos e netos. Uma crônica  que nos ensina  como pode ser prazeiroso e lindo um convívio entre homem,mulher e a família.
E creio,firmemente, que as obras literárias herméticas, obtusas, raivosas, ciumentas, preconceituosas, estão em declínio. All you need is love, love,
love is all you need
, diz a canção. E a Moina derrama love em cada linha.
Chega de amargura.
Agradeço , diariamente, por ter nascido num cadinho  inquieto, como minha terra. Estão aí as seguidas guinadas políticas, para desmentir rumos a cabresto, como em muitas outras comunidades, que nunca mudam, é sempre política há séculos com a mesma cantilena.
Moina é uma integrante de tantas nacionalidades que vieram enriquecer nossa região. Diria , para finalizar, que é preciso  se homenageie , em primeiro lugar, o que está na nossa aldeia.

Cantemos nossa aldeia e nos tornemos universais.