quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PERDI UMA BATALHA, mas o caso é ir costeleando e deixar que corram


Seguinte: sou pai-avô. Pelo meu segundo casamento me veio mais uma bênção, que é o Rudolf, hoje com 15 anos.
Nas reuniões de pais e professores, os outros pais tinham idade para serem meus filhos. A fim de poder participar dos jogos do colégio e ser um pai " normal", num gesto heróico, larguei de vez a cerveja  para emagrecer e melhorar minha forma.
Não foram raras as vezes em que à noite prometia para Rudolf que na manhã seguinte iríamos bater bola. Acordava estremunhado e lá estava ele, fardado, com a bola debaixo de braço:
- to pronto, Vater!
No carro, em viagens, ouvíamos o folklore argentino, entremeado de Schubert, Mozart, às vezes os Beatles e o Elvis.
Cantávamos juntos até o clássico " in the still of the night".
Rudolf transformou seu quarto em uma ampla discoteca. Carregou para lá quase todos meus CDs.
Aos poucos a torrente inexorável dos amigos e amigas o arrastou para um mundo musical que não conheço. Seu telefone que o acordava com Blue Moon agora toca, durante o  banho, ruídos estranhos para mim.
Minha casa na praia virou acampamento de seus amigos. Vão para o Planeta.
Silenciosamente retorno com Mahler, Beethoven, Dvorak, Elvis, Rod Stewart para meu gabinete.
Vai passar essa fase dele e a boa música o estará esperando. 
Preparo-me para duas noites sem dormir esperando que o piá chegue de manhã em casa.
Não vou cometer o erro de impedir que ele participe do efeito  manada. Nisso sigo a máxima unistaldense para o caso de a boiada sair louca correndo pelo campo:
- não ataquem! só costeleiem e deixem que corram...
( costelear é acompanhar o lado da tropa de a cavalo, exercendo um certo controle, mas deixando que louqueiem um pouco até cansar)