terça-feira, 17 de janeiro de 2012

SERÁ QUE O CAPITÃO AMARELOU ?


Todo mundo, no curso da vida, tem suas febres. Aprender a jogar tênis, comprar um sítio, ir de moto ao sul do Chile, vender sanduiche natural em Santa Catarina, trabalhar num bar na Austrália, fazer os caminhos de Santiago de Compostela, essas coisas.
Entre as febres terçãs que tive, uma foi de frequentar uma escola de vela. Intrigava-me como um barco pode navegar contra o vento (  orça). Fiz o curso na escola do Jangadeiros em P. Alegre. Em seguida comprei  barcos, cada vez mais velozes. Até que adquiri um Hobie Cat, que é um catamaran velocíssimo e traiçoeiro.
Bueno. Um dia convidei  meu já falecido amigo Luiz Glênio e meu sobrinho Cristiano, então um piá de 12 anos, para fazermos a travessia entre a Ajuris em Belém Novo e Barra do Ribeiro, no  outro lado do Guaíba. Ao reencetarmos a volta iniciou-se um súbito pau de vento e o barco começou a voar sobre as águas. Como é uma embarcação que não aderna suavemente como os monocascos, fiquei com medo de capotar. Espetei o bicho contra o vento e ali ele ficou se balançando parado. Luiz Glênio e eu tiramos nossos salva-vidas e enrolamos o Cristiano com eles.
falei:
Kridi, se capotarmos, procura te agarrar no casco. Se não der, fica frio que  não vais afundar e alguém vai te salvar.
reiniciei  aviagem, com vento forte de través, eu e o Glênio fazendo amura com os corpos todos para fora . A praiazinha de Belém logo se aproximou e encalhei ruidosamnte na areia. Kridi que estava deitado de bruços  levantou a cabeça  e disse para nós que estávamos todos borrados:
- tiozão, não vamos navegar mais um pouquinho?
Acho que me saí bem como capitão do meu pequeno navio.
E o gringo aquele, será que amarelou mesmo?