terça-feira, 28 de agosto de 2018

AINDA O EFEITO BOLHA - TEXTO DO DR. ROGOWSKI


Achei interessante a “teoria da bolha” de candidatos à presidência da república, eu diria até  ― teoria das bolhas INcomunicantes, porque uma vez aprisionada dentro da bolha a pessoa perde a capacidade de se comunicar com os outros, quiçá perde a capacidade de raciocínio lógico.
Mas não tenho certeza que seja só isso, me parece que há algo mais nesse contexto. Percebo um fanatismo crescente tomando contas das pessoas.
Fanatismo[1] é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política.
Leva  a extremos de intolerância.
Eu sempre acreditei que o fanatismo fosse coisa de pessoas incultas, entretanto, tenho constatado que não. Pessoas com nível de formação superior estão se tornando presas desse mal.
Outro dia estarrecido vi  pessoas de meu ciclo familiar, mãe e filha, ambas com excelente nível cultural e socioeconômico (classe média alta) se agredindo publicamente em rede social, cada uma defendendo o seu  candidato à presidência da república como sendo o único e infalível “salvador da pátria”.
Esse fanatismo está destruindo amizades, relacionamentos, desestabilizando famílias, e vai num crescendo! Fico me perguntando onde isso vai dar?
A Quem Aproveita Esse Divisionismo?
Dividir Para Dominar?

Tenho sido paciente e muito tolerante, mas a coisa está chegando a tal ponto que venho me sentindo enjoado, nauseado. Está cada dia mais difícil conviver e conversar com certas pessoas.
Os confrades deste grupo com formação na área do Direito que, como eu, são formados em Ciências Jurídicas e Sociais[2], sabem muito bem  que na faculdade não estudamos apenas sobre leis, mas também economia, filosofia, sociologia, medicina legal (psiquiatria forense), etc. etc.
Eu busquei complementação estudando teologia, mitologia grega e nórdica, Análise transacional[3] (Eric Berne) psicologia das relações sociais e éticas, etc. etc.
Daí, por acaso, você encontra na rua um amigo com o qual tem um amigo em comum, e ele diz: “sabe o fulano? Está malecho uma barbaridade, sem vida social, sem amigos, sedentário, gordo,  a mulher o abandonou, exagera na bebida, etc.”
Aí você visita no facebook o perfil do sujeito que, diga-se de passagem, sempre foi “meio estranho”, e repara que quase ninguém curte as postagens dele, ninguém comenta nada, aí você pensa ― o que esse cara quer numa rede social? Pois é totalmente invisível ali !!
Então você decide dar uma força para o sujeito, antes, porém, se prepara, jejua e ora, se benze da cabeça aos pés,  e,  movido pelo dever cristão de compaixão, telefona para tentar levantar o seu moral.
E quando você tentar falar com a criatura, ele te corta e começa a te despachar goela abaixo as convicções políticas dele e a te obrigar a votar no seu “salvador da pátria”.
Defeca um monte de asneiras sem um mínimo de embasamento teórico fidedigno. Você tenta chamar a criatura à razão, indaga-lhe de onde ele tirou essas conclusões, que autores ele leu, em qual literatura estriba suas posições, e aí você verifica que o energúmeno nunca leu nada consistente, nem mesmo ouvi falar nos filósofos contemporâneos Jean-François Lyotard e Zygmunt Bauman. Assim não dá para ser feliz!
O sujeito é um ogro demenciado que se acha no direito de te empurrar todos os seus excrementos ideológicos.
Cada um tem o direito de ter suas crenças e ideologias, mas não tem o direito de tentar impor aos outros.
Enfim, estou cansando dessa gente doente que, ao invés de buscar terapia, fica despejando seus disparates nos outros.
A gente tenta ser compassivo, amoroso, mas infelizmente é impossível interagir com pessoas nesse nível de morbidade.