domingo, 11 de setembro de 2016

DE COMO INGRESSEI NO CIRCULO DOS MILIONÁRIOS DE SANTA CRUZ AOS 16 ANOS



Calma aí, não é nada do que vocês estão pensando. Mas é uma história linda.
Santa Cruz, por causa das indústrias de cigarros  e da imigração de alemães, sempre teve muitos estrangeiros, destacando-se americanos e ingleses.
Lá por 1962 ou um pouco antes, o Tênis Club  resolveu construir uma piscina. E, para tanto, pôs à venda títulos que davam o direito a frequentar a novidade. Na região não havia nenhuma piscina. Aquela maravilha de águas azuis a gente só via nos filmes.
Só a elite de Santa Cruz podia comprar os títulos. Meu pai era comerciante médio  e não quis comprar.
E na rua principal de Santa Cruz era aquele desfile de privilegiados com toalhinhas e trajes de banho numa sacolinha, mostrando como se diferenciavam dos vis mortais como eu, que tinha de se contentar em nadar no rio Pardinho a bordo de uma câmara de pneu.
Pois uma firma que vendia cestas de Natal colocou um anúncio precisando de vendedores.
Corri de bicicleta as ruas da cidade e consegui, num mês, juntar o dinheiro para comprar um título. Coloquei minhas irmãs como minhas dependentes.
E em dezembro de l962 entramos triunfalmente na piscina dos "milionários".
Tá certo que eu entrava com meu calçãozinho surrado de futebol e me enxugava com uma toalha que a mãe fez com um saco de pano de açúcar. Que tinha franjinhas.
 Dias depois comprei uma raquete de tênis de madeira, marca Sulina e um jogo de bolas brancas marca Mercur.
Dedico essa crônica a todos que acreditam na livre iniciativa.