domingo, 10 de novembro de 2013

POLÊMICA - PARA ENCERRAR, O EMOCIONANTE DEPOIMENTO DE HERMES DUTRA


 

Pessoal !

 

Depois de tantos balaços, planchaços e outras cositas, me meto na briga. Vou armado com minha alma simples de gente de Cacequi. Nascido de familia pobre, com 14 irmãos, consegui superar o circulo da miséria e hoje consigo levar uma vida de classe média, com meus tres filhos crescidos e bem encaminhados na vida e que já me deram 5 netos que tornaram ainda maior a minha alegria de viver. Sou grato ao bom Deus que me proporcionou tudo nisso e por tudo que tenho dou e sempre darei graças ao Senhor.

 

Dito isso, pois acho necessário que saibam de onde venho e o que sou, para verem que as idéias abaixo são fruto, antes de tudo, de uma vivência de 66 anos.

 

Creio que alguns confrades assumiram, certamente sem querer, um pouco de preconceito sobre essa questão de gauchismo, de gente de botas e bombachas, acampamentos e CTGs. Na verdade, para o homem de interior, na segunda metade do século passado ele tinha que achar formas de conviver socialmente. Como a maioria não podia associar=se aos clubes finos das cidades (que sempre se chamvam comercial ou caixeral), encontraram nos CTGs o  local onde podiam dançar, conviver e ali a cultura gaucha de expandiu. Não são palhaços ou caricatos aqueles que, na capital do estado ou em outros lugares do Brasil e do mundo, colocam suas pilchas para reviver um pouco o  passado, do qual se orgulham. Que, como todo o passado, tem as coisas boas e ruins. Mas se é para cultivar, vamos cultivar as coisas boas. As ruins, esquecêmo-las. Não poderemos negá-las, mas a vida continua.....

Sempre me perguntei porque as pessoas, na sua maioria de Porto Alegre, ficam que nem sardinha em lata no trensurb, para irem a expointer. Afinal, a maioria jamais poderá ter um sitio ou uma fazendola para, se fosse o caso, criar alguns bichinhos que eles vêem lá. Acho que isso é um verdadeiro amor ao seu passado, vivido no interior e, na capital, encontram essas formas de lembrar o passado e reviver algumas tradições. Me desculpem os mais letrados, mas querer um um homem simples do interior tenha condições de discernir sobre fatos históricos sobre os quais os próprios historiadores discordam, é querer demais, ou quem sabe a expressão de uma forma de exclusão, que acho não ser o caso dos caros confrades. Nunca fiz uma cavalgada (do mar, da serra e até mesmo internacionais), mas já me dei o trabalho de conversar com alguns cavaleiros que as fazem. Olha pessoal, tem de ver o orgulho deles, com seus animais, suas roupas. Claro que temos de relevar eventuais excessos (mas quem não os faz ?) Atire a primeira pedra !!!! Me lembro dos bailes do CTG General Osório lá em Cacequi, onde as familhas se encontravam, trocavam idéias e falavam, pois a musica permitia. Tentem fazer isso num baile nos dias de hoje na Capital ( ou mesmo no interior, pois a praga da musica a 200 decibéis já chegou por lá). Não se trata pois de falso gauchismo, mas sei lá, uma forma de expressão cultural da grande maioria da população riograndense. E isso que perdemos a guerra. Já pensou se a gente ganhasse ?  E posso garantir ( essa é para o Prévidi) que essas pessoas, ao contrário, querem o progresso e não são contra nada disso que foi dito. Convivi mui com o saudoso Glauco Saraiva e ele sempre me dizia que o cavalo do gaucho no futuro seria  nave espacial , que confundir gauchismo com atraso era burrice. Acho que ele tinha razão. A propósito disso, tenho quase certeza de que as pessoas que são contra aquilo que o Previdi disse, são na verdade, em sua maioria, gente que estudou e jamais colocou uma bombacha, seja para trabalhar  na fazenda ou para ir a um baile. O assunto vai longe. Por enquanto, paro por aqui. Abraços a todos e que o bom Deus os ilumine.