sexta-feira, 1 de novembro de 2013

BAÚ DE LEMBRANÇAS - MAIL FANTÁSTICO DA ESCRITORA MOINA FAIRON RECH


Dear friend

Eu sei que tenho estado meio desaparecida de nossos contatos, mas este ano foi um ano completamente maluco. Em janeiro fiquei doente,  tosses, bronquites etc e passei uma semana no hospital. Depois levou mais 2 meses para eu me livrar de tudo.  No ano passado compramos um apartamento bem no centro da cidade, ( sempre foi o nosso plano)  e fizemos uma enorme reforma nele.  Em maio conseguimos nos mudar. Depois ficamos 1 mês sem telefone nem internet,  todas essas coisas bem brasileiras, mas agora finalmente posso dizer que estou com tudo organizado.

 

Gostei muito de ler o “Travessuras de infância”. A razão por que estou fazendo esse comentário é que eu, quando  criança, deveria ter uns nove  anos, também  passei um fim de semana na casa  de Boa Vista! A Lise vivia me convidando e eu estava louca para ir  também.  Assim, depois de muito implorar, meus pais me deixaram ir junto.  Fomos a Lise, a Cida,  a Tante Helma,  o Reno  e eu.  Guardo ainda bem nítida na lembrança a casa dos  teus avós.  Para mim foi uma aventura inesquecível . Aquela mesa grande com todo mundo ao seu redor  fazendo a refeição, o quarto onde dormimos, a luz de lampião e as janelas com tampa. Quando as janela  foram fechadas, reinou a escuridão.

 As nossas  conversas no escuro até bater o sono, que não demorou muito.   Havia um matinho perto da casa onde os velhos cipós formavam balanços para nós que nos sentíamos feito uns tarzãs, ficávamos a nos balançar. Tudo estava ótimo até que, quase debaixo dos  nossos pés surgiu uma cobra que se afastou apavorada com os nosso gritos. O assunto da cobra não durou muito tempo pois fomos dar uma olhada onde estavam preparando as folhas de fumo para  a secagem. É claro que a  Lise e eu também  insistimos em ajudar e nos divertimos muito. O galpão estava lotado de gente trabalhando e nós nos sentimos muito  importantes podendo ajudar.

Também havia  um campinho onde tinha vacas. Para nos manter afastados daqueles perigos, disseram que  se elas vissem  alguém com roupa vermelha, atacariam.  Achamos mais prudente nos mantermos do outro lado da cerca.

Foi um fim de semana fantástico e que terminou cedo demais para mim, pois meu pai veio de carro, acompanhado de minha mãe para demonstrar a seriedade do resgate, dizendo  que estava na hora de voltar para casa. Eu chorei, pois não estava pronta para voltar, mas não houve jeito.

O gatinho que havia ganho, teve que ser deixado para trás, pois minha mãe não queria saber de mais um gato. Chegava  a meia dúzia de gatos da vizinhança que viviam fazendo sujeira no nosso quintal!

Como vês, meu caro amigo,  ao abrir o teu baú de lembranças, me ajudastes a abrir o meu.

Um grande abraço,

                                   moina