Bah,os perigos que se corre quando se é novo.
Corria o ano de 1972. Janeiro. Canícula, 43 graus. Horizontina deserta.Domingo. Todos nas praias do Rio Uruguai. Eu assumira, aos 26 anos, a Comarca na sexta-feira. Viera solito.
De manhã saí a dar umas voltas, Ninguém nas ruas. Tudo fechado. Teria que comer enlatados com pão. Fazer o que...
Fiz meu almoço frugal, não pegava televisão na época. Tomei uma ou duas brahmas da antártica e decidi lavar meu glorioso corcel I, do ano, que recém adquirira.
Só de calção e chinelos de dedos, mangueira na mão, umas duas da tarde, comecei a lavar meu carro ali no meio fio.
- tá lavando o carro? me pergunta uma voz feminina, juvenil, recém saída da puberdade.
Olhei e a guria de seus 16 anos, de shortinho, camiseta branca sem nada por baixo, dava pra ver os dois cabritinhos.
- tô, né.
- e teu pai quando vem?
meu pai, por quee?
- tu não é filho do juiz?
- não. Eu sou o novo e primeiro juiz aqui da Comarca.
- bah, aqui não tem nada pra fazer, Só em Santa Rosa. Lá tem um restaurante chamado Gralha Azul, vamos lá tomar uns chopps? São só 50 kms?
- Bah, guria, não dá, tu é de menor.
- então vamos tomar aí na tua casa ou na minha aqui do lado, meus pais estão pras praias do Uruguay.
- não dá. Tô começando e não posso me incomodar.
Ela quis me ajudar a lavar o carro, mas disse que estava meio com febre, fui pra dentro e fiquei na minha.
No outro dia eu estava despachando no meu gabinete quando chegou o escrivão, sr. Antônio Reck, me olhou meio matreiro e me disse:
- dr...., querem falar com o Ruy...
Era a guria.
Imagine se eu tivesse dado um aperto naquela alemoazinha...
