Pois eu sou do tempo que tínhamos aulas de
música na escola, além de dança e canto orfeônico. E todas nós adorávamos.
Quando chegávamos para a aula de música, a “ma soeur” Ruth Maria já tinha
enchido o quadro-negro com as letras quilométricas da música que iríamos
cantar. Lembro de “História triste de uma praieira” (“era meu lindo jangadeiro,
de olhos da cor verde do mar, também como ele, traiçoeiro...”), “Camino
Verde”, “Guanabara linda” e outras tantas.
Sabíamos o que era uma clave de sol, colcheia,
semi-colcheia, etc. E também cantávamos na capela do colégio, cuja acústica
deixava o nosso canto quase celestial. Cantávamos em latim!!! Lembro, até hoje,
a letra de “Tantum ergo” (“tantum ergo sacramentum veneremur cernui et
antiquum documentum novo cedat ritui...”). Sabíamos que era de São Tomás de
Aquino.
Assim, a música entrava pelas veias e artérias
desde a tenra idade. Claro que as freiras tinham as suas objeções: rock and
roll nem pensar! Elvis Presley era o demônio e, para desespero delas, vieram os
Beatles, aqueles cabeludos de Liverpool. Imaginem se elas ouvissem as músicas
de hoje ... teriam um piripaque.
A música consegue alterar, imediatamente, o
humor de qualquer pessoa. É mais eficaz que qualquer fármaco. Assim, considero
uma lástima que os concertos, as serenatas e quaisquer outras
manifestações artísticas estejam desaparecendo. Quem sabe voltando ao currículo
escolar não melhore?