quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

A BIC E A MICHELLE




“Michelle, ma belle
Sont les mots qui vont très bien ensemble
Très bien ensemble”

Impressionante. Até eu, calejado, maroto nas curvas da vida, peleador, homem de brigar com filhos e netos, dizendo que quem dorme demais termina pobre; logo eu, que aprendi ser a maior maldição se comover por coisas simplórias e golpistas, seguindo, por exemplo,  alguns grupos pseudo religiosos caça níqueis, logo eu que tomei ferro vida a fora, até fome passei quando morava na casa da UESC, na Tomás Flores, em Porto Alegre, nos anos sessenta, estudando na gloriosa UFRGS, até eu chorei emocionado. As lágrimas não eram de crocodilo, sem embargo da  inefável beleza de Michelle, a esposa de Bolsonaro
 e seu ballet de libras. Mais ainda  me comoveram  as lágrimas da  tradutora e os beijos na boca, selinhos, da Michelle em Bolsonaro. Que espetáculo surpreendente; Michelle, la belle, deu um show, abanou, muito mais do que seu combalido consorte esfaqueado. Um cara que convive com uma mulher assim, esse taura é de fundamento.
Depois vieram o vice eleito, com sua cabeleira de asa de graúna, mais preta que  noite de tormenta, o meu querido amigo Lorenzoni e outros menos votados, todos assinando o papel com a caneta Bic. Olha só: usar a caneta Bic é uma afronta à Mont Blanc. E se fosse mil anos atrás, um agravo à Parker 51.
Que lance!!  Podia, na hora da assinatura, vazar tinta, sujando os punhos engomados dos escolhidos. Ao revés, a Mont Blanc mostraria o poder e a nobreza. Mas, me indago, por que assinar? Se hoje é tudo digital?
Não bastaria Bolsonaro dizer que tinha escolhido e pronto? Quem ousaria confrontá-lo? Quem sabe receio de uma liminar de um juiz de plantão num sábado à meia noite, num dia de feriadão?
Bolsonaro optou pela Bic.  Optou porque quer mostrar que é despojado, que ao assinar não mostrou um relógio de ouro como Collor, ou um Tag Heuer ou, pior ainda, um relógio de algibeira folhado a ouro?
Ok, até aqui meu querido leitor, minha amiga que me lê já sestrosa.
Seguinte: eu votei no Bolsonaro e quero que tu e eu possamos ter a frau Glock ou um 38 legalizado em casa, não quero que mexam para pior na reforma trabalhista, quero um governo que não persiga injustamente, usando  um demônio chamado  burocracia, os  empresários.
Mas teria havido um  pouco  de populismo?
Ou não...Vamos ver o que vem por aí.