- A dra Lais Legg, é culta e
experimentada psiquiatra de nomeada no RGS e Brasil, e foi aluna do Colégio
Sevigné, das freiras de São José e sua opinião sobre as gurias do Sevigné e os
rapazes do Anchieta coincidem com as minhas,. Já te mandei emeils sobre o tema
de nossa juventude e os sonhos de namoro e de estudantes amantes apaixonados
para a toda a vida e que não duravam mais do que uma noite, como a "
Rosa de Malherbe"...
No interior do famoso colégio
das freiras de São José, havia uma capela notável, um luxo de arte e de
sagração, ambiente para oração e recolhimento e aí ajudei missa várias vezes,
com os padres jesuitas, que iam rezar a missa pela manhã, pelas 7,00 hs e todas
as internas, ( década de 50, século passado) - ( vinham
tambem externas de familias importantes e católicas) - com
aquele uniforme que eu achava o máximo de elegância, tomavam a comunhão, na
mesa da comunhão, frente ao altar e eu tive aquele momento de glória e de
êxtase de colocar a patena sob o queixo daquelas lindas e apaixonantes gurias.
Era tudo para mim. Tudo em Latim,. Total fizemos o Vestibular de Latim, para o
Direito, da UFRGS, em 1958.
Depois, no refeitório, em
mesa separada, as notáveis freiras, ofereciam um café, bem sortido, café da
manhã, que valia por um almoço, nós que no internato do Anchieta, no nosso
refeitóiro do Anchieta, a comida servida, infelizmente, não era boa, feita
pelos " Fritz" - jovens alemães da colônia alemã, que
faziam todo o serviço doméstico do grande colégio Ancheita, como os taifeiros
da Aeronáutica,.
Para mim era uma festa, ver
aquela notável capela, uma mini Notre Dame parisiense dentro de P. Alegre,
repleta das gurias do Sevigné, um espetáculo. Nunca mais esqueci daquela capela
nobre,. Não sei se ainda existe.. Deve estar lá, pois, agora nem é mais
colégio Sevigné. Mudou de nome. Aliás, era um colégio católico, de
freiras de São José, que não tinha nome de santo, e sim, de uma grande
escritora francesa a Madame de Sevigné, que como George Sand, marcou época, no
meio da intelectualidade de Paris. Basta lembrar que Frederic Chopin, foi
apaixonado pela George Sand e esta o recebia em seus saraus literários famosos,
onde reunia a fina flor dos intelectuais da Béle Epoque parisiense. Era a época
literária, ha istória, do chamado
"Romantismo" - E assim
esvoaçam longe as recordações. E Frederic Chopin ( polonês) ao
piano, tocava suas novas canções e seu gênio ressoava nos acordes das teclas
dedilhadas por seus dedos sagrados, em composições que até hoje são clássicas.
Muitos historiadores afirmam que a Madame George Sand, admirada por todos e
disputada por todos, acabava cedendo à paixão do gênio polonês e o aceitava em
sua cama para pernoitar. Que notável. Que fantástico. Lógico, que eu, em meu
interior, no meu subjetivo, de jovem que lia muito e vivia sonhando com
poetas e escritores, me achava um Frederc Chopin tupininquim e tinha a
aspiração máxima que alguma daquelas meninas - uma paixão de gurias, com seu
uniforme - fossem um dia, a George Sand, do guri de Antonio Prado.
Como é bom sonhar e
admirar o belo, a capela fantástica, a missa, e aquele grupo de gurias de
uniformes límpidos. Meu Deus, como a vida passa ligeiro e quanto se foi e
nada se realizou, como agora, com 78 anos, vejo meus colegas morrendo e eu me
aproximando da famosa chamada " hora Evarista"....E tudo ficou para
trás. E ficava no ár o odor gostoso do incenso, muito bem preparado pelas
notáveis freiras, cuidadosas, prestativas, tudo no lugar, tudo limpinho e assim
o turíbulo, onde ia o incenso com as brasas bem acesas e ao balançar do
turíbulo subia aquela fumaça sagrada e espalhava pela sagrada
capela do Sevigné, o perfume que ainda hoje repicam em minhas papilas
olfativas, pois, a vida é um incenso que entra nos pulmões e se esfuma no ar e
desaparece.
"Sic transit gloria
mundi" assim passa a glória do mundo.
Nério "dei
Mondadori" Letti