O que adoro em Rosane é sua calma e elegância!
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Meus caros,
Como dediquei o Natal à família, acompanhei de
forma um tanto enviesada o debate sobre o marrom bombom do nosso Litoral. Não
quero aqui entrar em debate, porque nem mesmo é assunto da minha área de
atuação, mas aproveito para fazer alguns esclarecimentos acerca da cobertura de
Zero Hora, com a autoridade de quem trabalha no Grupo RBS desde 1992.
Em primeríssimo lugar, temos um esforço enorme
de valorização do litoral. Todos os anos, mantemos sempre duas equipes de 26 de
dezembro até o final da temporada, acompanhando o dia a dia da população que
migra para as nossas praias.
Como todos sabemos, não é novidade para ninguém
que a cor do nosso mar, em geral, não se compara ao Caribe nem a Santa
Catarina. Nos últimos verões, chamou atenção o fato de por vários dias, a água
ter ficado limpa. Fizemos matéria como esta:
E esta:
No ano passado, tivemos iniciativas
diferenciadas, como o giro de bike que começou lá no Litoral Sul e foi até
Torres, mostrando muitas coisas legais do Litoral.
Todo ano, na abertura da temporada, fazemos uma
repassada geral em todas as prais pra ver o que está bem e o que está com
problema. Colo aqui, a título de exemplo, a versão de 2016:
E esta é a de 2017, que saiu no último fim de
semana:
A matéria sobre a cor do mar no fim de semana
foi uma constatação (não brigamos com imagens e constatações, publicamos) de
que no feriadão de Natal, teve frio e chocolatão. A matéria deixou claro,
no site e no papel, que chocolatão não significa água suja e sim uma mistura de
implicações naturais (pela proximidade com rios e lagos) e também com impacto
de períodos de chuva.
No digital, é um trabalho bem cuidadoso:
Enfim, não temos predisposição de menosprezar o
litoral gaúcho, embora também não devam contar conosco pra esconder os
problemas do Litoral, sejam ambientais, de segurança, urbanos, de ocupação do
espaço natural, de convivência e tantos outros que infelizmente existem. Eu,
particularmente, escrevi em janeiro de 2017 uma crônica de domingo que vou
colar aqui em vez de dar o link porque minha produção é exclusiva para
assinantes e não sei se todos neste grupo o são. Desde já, peço desculpas pelo
"textão", mas achei que vocês mereciam mais do que meia dúzia de
linhas. Desejo um excelente 2018 a todos e faço votos de que no próximo fim de
semana o tempo colabore. Estarei no plantão, torcendo pelos que estarão na
praia, no campo ou na serra.
Grande abraço
Rosane
"CRÔNICA DE DOMINGO
Pelo sagrado direito ao silêncio
Ninguém deveria ser obrigado a ouvir músicas que
não escolheu quando vai à praia
22/01/2017 - 11h32min
Atualizada em 22/01/2017 - 11h32min
Ainda não fui à praia neste verão. Leio que o
mar nunca esteve tão azul. Vejo as fotos que os amigos postam nas redes sociais
com legendas do tipo "estou no Caribe" e fico tentada a dar uma
esticadinha até o Litoral, caminhar na areia, tomar um banho de mar. Mas os
relatos de outros amigos me fazem desistir. Dizem que a praia ficou
insuportável depois que ao inferno das caixas de som em carros estacionadas na
rua somou-se a praga das caixinhas superpotentes que reproduzem por bluetooth
as playlists do celular sob o guarda-sol a seu lado.
Sou do tipo que considera sagrado o direito ao
silêncio e à escolha da música ou do ruído que cada um quer ouvir. Por que
sermos obrigados a ouvir o funk do vizinho de barraca, o rock pauleira ou a
dupla sertaneja que se rasga para interpretar uma canção de versos infames? Que
cada um escute o que gosta – e gosto não se discute – mas sem desrespeitar os
ouvidos alheios.
Leio também que agora a moda é fazer churrasco
na praia. Então quer dizer que o cheiro de mar também acabou? Por cheiro de mar
entenda-se aquela mistura de conchas com perfume de bronzeador. Churrasco?
Mesmo que eu não coma, acho que o cheiro até é bom, mas na churrascaria ou em
em casa. Na areia? Misturado com Rayto de Sol? Sei não, mas parece bem
estranho.
Conheci o mar aos 17 anos, na viagem de
formatura do Ensino Médio. Foi encantamento à primeira vista. O som das ondas
quebrando o silêncio ficou impressa na memória como registro daquela
experiência mágica. De imensidão eu só conhecia a dos campos verdes. A
imensidão azul me arrebatou, mesmo que na parte rasa o tom lembrasse o do velho
Jacuí.
Como preciso escolher onde aplicar a folga do
fim de semana, opto por esta casinha de campo, onde eu posso curtir meus
amigos, meus discos, meus livros, e ficar no tamanho da paz, como na canção da
imortal Elis Regina. Aqui o silêncio é quebrado por um canto de quero-quero ou
de uma cigarra, o latido de um cão ou o zumbido das abelhas. Eu quero lembrar o
silêncio da infância no campo e o direito de pensar sem trilha sonora. Será
pedir demais?"