segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

NATAL - POR EMANUEL MEDEIROS VIEIRA


                                            NATAL
                         EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
"Para isso fomos feitos/Para lembrar e ser lembrados/Para chorar e fazer chorar/Para enterrar os nossos mortos/-por isso temos braços longos/Para os adeuses/Mãos para colher o que foi dado/Dedos para cavar a terra/ (...) Para isso fomos feitos/Para a esperança do milagre/Para a participação da poesia/para ver a face da morte/-de repente nunca mais/esperaremos/Hoje a noite é jovem/da morte apenas/Nascemos imensamente".
("Poema de Natal", Vinícius de Moraes) 
As catedrais de consumo -  shoppings - estão cheias.
Mas isso não importa.
Colado à pele está um outro menino, um presépio, , um brinquedo de madeira, a Missa do Galo, sim - repito-me, um menino e sua mãe, um menino e seu pai, um menino e seus irmãos (as).
Este menino está em todos os natais - apesar de tudo.
A  esperança?
Segue o seu curso.
Mais velhos estamos - sim mais velhos e enrugados -, mas o Natal mítico ainda não se desgruda da pele.
O que é o Natal?
Um ritual de compras afobadas, de presentes, de muito comida, de ressaca no dia seguinte?
Não: ele é mais que isso.
Um presépio humilde, uma luz - essa esperança que vai, vai, vai...
Como um rio - que segue o seu curso.
(