terça-feira, 1 de outubro de 2013

AINDA A CASA - MAIL DO EX PROPRIETÁRIO CEVI COGO


 


Olá Ruy,
Na vida existe, sempre, algo que nos deixa ou nos traz saudades...
Essa casa é uma delas. Meus filhos, tenho certeza, também, tem
esse mesmo sentimento.
Ali fomos felizes por muitos anos. Tudo era cuidado e mantido com
o maior carinho, assim como, tenho certeza, vocês também fizeram.
Os filhos jogavam futebol ou vôlei no gramado dos fundos.
Porém, a contragosto de nossa existência, o Patrão Velho conduziu
nossos destinos para outros lados: os filhos sairam para completar
sua formação e, a lógica se estabeleceu, seguiram seus caminhos e
estão vivendo suas vidas fora do aconchego das asas que ficaram
órfãs e, posteriormente, a Vera se mudou para a Estância Grande lá de cima onde, tenho certeza, continuou e continua velando por todos nós...
Passei uma parte da minha existência, na felicidade da família, nesse rancho, onde, até quando minha idade permitiu, cuidava da grama
(água, inços e podas), das heras dos muros, das cercas vivas, do pomar,
das árvores nativas e da horta (ali enfiava os dedos na terra para recarregar as baterias).
Naquele salão de festas, a que fizeste referência, passaram muitos ícones de nossa tradição gaúcha e nativista, quando ali foram feitas muitas triagens para o Festival da Musica Crioula de Santiago, tais como:
o Yé do Grupo Minuano, Gildinho dos Monarcas, Pedro Ortaça, João Sampaio, o Lauro Corrêa Simões, Luiz Cardoso, Ivo Bairros de Brum, Eracy
Rocha, Miguel Marques, Nenito Sarturi, Antônio Augusto Ferreira, Hilário Retamozo, Sabani Felipe de Souza, Gujo Teixeira, Maria Luiza Benites,
Arthur Bonilha, Marcelo Caminha, Elias Resende e tantos outros... Alémde abrigar, seguidamente, o meu grande amigo Beto Pires, que sempre comentava nos shows que tinha muita vontade de dormir no piso daquele banheiro azul, por causa da São Valentino...
Vou te contar uma que pouca gente sabe: numa dos eventos organizado pelo Ataliba de Lima Lopes – Noite Missioneira – estava com a casa lotado com o grupo do Jorge Guedes e faltavam acomodações para duas pessoas.Não tive dúvidas, levei lá para casa e estendi, no chão da churrasqueira, os colchões de acampamento/pescaria para eles, que dormiram por lá...

Advinhas quem eram (só fiquei sabendo no dia seguinte): César Sosa, da harpa e o grande Carlito Acunha, um dos mestres guitarreiros do outro
lado do Rio Uruguai.
Agora, na metade de agosto, estive, juntamente com o Nenito e o Miguel, num festival em Santa Rosa del Monday, no Paraguai e reencontrei, mais
uma vez, o Carlito e recordamos da ocasião relatada acima. Aproveitei e disse: “Esse já dormiu nos meus pelegos e já se tapou com meu pala...”