quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
ARTIGO DO JORNALISTA E ESCRITOR JOÃO LEMES
O ano da conexão,
solidão e negação
(João Lemes) Este foi o ano da conexão virtual. Chegamos ao ápice tecnológico. Até o mais avesso à tecnologia precisou se conectar. Em face disso, terminamos o ano mais solitários e menos solidários.
Notamos que é fácil conversar, aprender, trabalhar on-line. Difícil é resolver um velho problema do humano; a falta de afeto. Cedo ou tarde vamos descobrir que a rede não é capaz de fazer isso. Vamos notar que amigos on-line não conseguirão servir uma sopa quando estivermos na cama.
Hoje é mais fácil conversar com alguém no Japão do que ouvirmos nossa esposa (o) no café da manhã. Ambos só olham o celular. Estamos com estranhos em nossa própria casa.
O escritor Yuval Noah Harari diz que o teste crucial do Facebook virá quando um engenheiro inventar uma ferramenta que fizer as pessoas ficarem menos tempo comprando on-line e mais tempo com os amigos. E aí, será que o Facebook vai arriscar, vai privilegiar preocupações sociais em detrimento dos interesses financeiros?
No findar de mais um ano, reflita sobre as revoluções, mas não aquelas a cargo de fanáticos religiosos, exércitos ou políticos. Falamos da revolução educacional, a única que vai nos tirar da alienação e que nos arrasta para o abismo como moscas para o mel.
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