segunda-feira, 2 de maio de 2016

PREOCUPANTE ARTIGO DO DR. FRANKLIN CUNHA


 

UM SISMO DEMOGRÁFICO  E ECONÔMICO QUE SE APROXIMA

 
Franklin Cunha

Médico

Membro da Academia Rio- Grandense de Letras

 

A diminuição das taxas de natalidade que se verifica em todo o mundo,mas especialmente nos países ricos e em paralelo com o aumento da expectativa de vida, estão a nos levar a uma verdadeira implosão demográfica de dimensões comparáveis a um sismo demográfico mundial. Este terremoto demográfico entre 2020 e 2050 atingirá os países ocidentais, os quais até agora gozaram de uma grande prosperidade econômica causada pela explosão populacional dos anos sessenta.

A diminuição acentuada e irreversível das taxas de natalidade conjugada com o envelhecimento das populações, já produzem alterações importantes não somente na vida econômica, cultural, na organização do ócio, nas políticas de saúde, aposentadorias e pensões,  na organização  e administração das cidades e finalmente na desertificação populacional do campo.

Os países ricos que já sentem os efeitos do referido sismo, adotaram medidas contra a acentuada implosão demográfica e promovem a natalidade, retardo da idade de aposentadoria, aumento da produtividade  pela escassa população jovem e abriram, ( agora com seletividade), as portas para a imigração. Tudo em vão, pois já se prevê que estas medidas serão apenas procrastinadoras. Nem sequer o deslocamento das atividades econômicas de menor tecnologia para os países que ainda estão livres deste sismo demográfico – México, Brasil, China, Turquia, Indonésia – solucionará os graves problemas políticos, sociais e os econômicos.

E o mais pessimista dos horizontes políticos, econômicos e sociais, aponta que o mesmo terremoto populacional atingirá os referidos países dentro de três décadas. No Brasil, as taxas de natalidade caíram cerca de 6,3  para 2,3 filhos por mulher nos últimos quarenta anos, fenômeno que na França demorou 150 anos. No RGS as taxas de natalidade já estão abaixo da reposição populacional ( 1,6 filhos) e como consequência   o número de gaúchos é o mesmo há duas décadas e logo começaremos a nos despovoar.

A pergunta que os planejadores sociais devem se fazer é qual será a nova ordem econômica global que deverá ser instituída para se evitar os graves  problemas previstos?

Como a explosão demográfica neomalthusiana não mais acontecerá, torna-se óbvio que a humanidade deverá adotar novos e urgentes padrões de produção e consumo. As fontes de energia, de alimentos, de água, de minerais têm prazo para se esgotar. O consumo  destes insumos básicos não pode continuar e nem podem  ser fruídos de forma irracional como até agora o foram. 

A poluição e o aquecimento ambiental já produzem seus efeitos maléficos e segundo um estudo britânico, se constituirão num desastre global que resultará em gastos de 7 trilhões de dólares que não se sabe quem e como se pagará.

Recente película do senador Al Gore,  mostra dados aterradores do  que acontecerá em breve em nosso planeta como conseqüência de nosso estilo de vida, de nossos hábitos de consumo e da péssima distribuição mundial de renda. Recomenda ele que nos acostumemos a viver mais frugal e parcimoniosamente quanto ao consumo de energia, água  e comodities e cita alguns  países que já adotaram esse estilo de vida, de pobreza digna porém mantendo bons níveis de saúde e educação.