Caríssimo Ruy.
Tua recente postagem sobre a
marginalização do produtor rural (sobretudo, quanto à sua nenhuma influência na
formação de preços e ao futuro aonde esse caminho pode levar), lembrou-me duas
coisas: uma frase que meu pai repetia à exaustão, "os governos são
inimigos do homem do campo", e uma antiga história, que é do meu tempo mas
talvez não do teu.
Um sertanista gaúcho (Ayres, se
bem recordo), daqueles que trabalharam com o General Rondon, adquiriu notoriedade
ao casar-se com a índia Diacuí, com enorme repercussão midiática. Na esteira da
badalação, o chefe da respectiva tribo foi convidado a conhecer o Rio, então
Capital da República. Carregaram-no para cá e para lá, mostraram-lhe as
atrações turísticas, as grandes obras de engenharia, os encantos da
Guanabara e tudo mais. O índio, quieto. Não mostrava espanto com nada,
embora ouvisse e visse tudo com grande atenção. Diante do persistente silêncio,
o intérprete perguntou o que achava daquilo tudo. E o cacique finalmente falou:
- Mas onde é que fica a roça dessa
gente?
Não é uma boa pergunta?
Grande abraço, irmão.
AFFabrício