quarta-feira, 25 de abril de 2012

REQUENTANDO - DE GALINHAS E BUGIOS



SOBRE GALINHAS E BUGIOS

Há anos eu morei numa casa na rua Flamengo, em Ipanema, P. Alegre. Morava sozinho. Decidi cercar todo o pátio com tela e criar galinhas. De manhã cedo as tratava e ia ao Tribunal. No final da tarde lhes dava verde que buscava nos restos de verduras dos supermercados.
Quando dava uma festa para amigos na minha casa, meu prazer era lhes mostrar minhas galinhas. Eles, a maioria já meio borrachos, achavam um saco isso.
Certo dia minha empregada inventou de ser asséptica e passou um veneno no lugar onde as galinhas dormiam. Um dia depois começou a tragédia: elas foram morrendo, com a cabeça e a crista bem escuras. Sinal de intoxicação. Foram morrendo, morrendo, até que só sobraram o galo e um pintinho. Incrível, mas o galo tomou o lugar da choca e passou a cuidar do pinto. Fui até uma igreja que tem ali na rótula e até rezei para eles se salvarem. Mas o galo foi ficando com a crista azul e faleceu. Sobrou só o pintinho.
Peguei meu carro e o levei para a casa de minha mãe em Santa Cruz que, apesar de morar no centro, também cria galinhas, até hoje, sem embargo das denúncias que fazem ao Posto de Saúde, mas que ela desconhece solenemente, alegando ser mãe de um juiz.

Bem, dona Ludmila acolheu o pintinho que se transformou numa bela galinha, que namorou, teve pintinhos e nunca tivemos coragem de a matar.
Mas aquele extermínio no meu paraíso urbano-rural me marcou.

E os bugios que morreram de febre amarela na fazenda?
Nem sinal até agora de um sobrevivente.