quinta-feira, 9 de maio de 2019

ANDO INVOCADO


É que não me conformo com a destruição que alguns comunicadores fazem, detonando o trabalho meticuloso dos professores em sala de aula. Começo com referência a algumas expressões tão chatas, mas tão chatas, que contraíram doenças infecciosas e, segundo os prognósticos ,“vão entrar a óbito” em breve. Vejam o  vírus “com certeza”, que se alojou nos falares de quase todos os brasileiros. Tudo começa com o “com certeza”.

“Achas
que, mesmo com o tratamento, tua bisavó vai morrer”?  “Com certeza, sim,
acredito que é duvidoso...”

E o que
se dizer do malbaratado gerúndio? “Alô , o senhor estaria podendo nos estar
escutando só um pouquinho?”

Mais
recentemente uma nuvem de gafanhotos linguísticos passou a nos assolar.

Temer “
virou” réu. Todo mundo “ vira” titular, “ vira” ídolo, “ vira” Ministro.

Seguiu-se
a ablação do “se” e de qualquer regra de regência.

“ Olá,
João, diga as notícias ”. “ Bom dia . Tivemos o jogo que o Flamengo
 perdeu “ do” Botafogo, o Inter
  empatou “para” o Cruzeiro. A causa é que o goleiro Jairo “separou” da
esposa e por isso “ magoou” muito”.

 E a Ministra Damares disse que estava cansada
e queria “ aposentar”.

A seguir
vêm as muletas.

“Fala
repórter Juca!. “ Bom dia, ééééé, o Bolsonaro, éééé disse o seguinte que não
vai ( pausa) mais concordar com ( pausa) ééé, os ataques”. Nesses casos eu
aconselharia o redator a abolir completamente pontos e vírgulas.

Nem vou
falar muito no “para mim fazer”, “ para mim gostar”, que é caso perdido.

Como o
“tá entendendo”, “ né” e seu primo “ tá”.

O
espanhol não tem  o som “ã” e seu “Z” não tem nada que ver com português.
Pois a maioria dos comunicadores pronuncia  “pãn” e o “Z” como se fosse
português. Dói mais ainda quando pronunciam “ Rivéra”.

Desligo o
rádio quando a entrevista começa assim: “ Então…..”

Entrementes
surgiu outro vírus denominado “ por conta de”. O Governador quer economizar”
por conta “ da crise.

Pobre do
“por causa”. E mais, como cobrar uma conta dessas para debelar a tal da crise?

Mudando
de saco para mala,me indignou sobremaneira a falta de noção de um órgão público
de Brasília fazer uma licitação para um banquete dito oficial. É correto um
órgão público adquirir lagostas com nosso suado dinheiro?

Ainda bem
que temos liberdade de opinião e a imprensa logo divulgou essa impropriedade (
para dizer o menos). Me causou pasmo  que esse absurdo tenha vindo de um
órgão que deveria dar exemplo de probidade.

Mas já
diziam os mestres romanos “ nem tudo o que é lícito é honesto” ( non omne quod
licet honestum est”)