sábado, 25 de abril de 2015

ME PRESENTEANDO COM UM TEMPO

Meu pai tinha um grande amigo, o sr. Edwin.
Quando se encontravam ficavam conversando do meio dia até 10 da noite, tomavam  cerveja, uma  atrás da outra, comiam torresmo de porco, falavam mal do Getúlio, davam risadas, soltavam ruidosos flatos, para impaciência das respectivas esposas.
Enquanto isso eu e meu amigo, filho do sr. Edwin,que também se chama Rui, ficávamos correndo pelo bolicho, subindo em sacas de farinha e feijão e dando chutes numa pequena bola de borracha.
Eu - Ruyzão - e meu amigo , o Ruizinho, fomos para o mesmo internato.
Depois nos formamos no 2. grau no Júlio de Castilhos em P. Alegre. Passamos no vestibular da UFRGS e moramos na mesma pensão durante quase todo o curso.
Abrimos juntos um escritório, que terminou quando eu passei no concurso para juiz de direito e ele para Procurador da República.
Passamos por mil peripécias e sempre nos encontramos ao menos umas duas vezes por ano.
Ele mora longe.
Quanto tal acontece esquecemos telefones, TV, horários.
Vamos tomando café 3 da madrugada, churrasqueando 8 da manhã, dormindo meio dia, essas loucuras.
Tudo em meio a divagações, conversas, cantorias.
Para que não corramos o risco de sermos internados,  sempre evacuamos nossas casas dos filhos etc e ficamos só nós, empilhando pratos e copos sujos. E vamos metendo champagne e\ou vinhos. Nossos pontos de reunião são no sitio dele, no meio do mato, e minha casa em X. La, fora do verão.
Só paramos depois de uns dias.
Quando vou na casa dele, eu sumo sorrateiramente a hora que me der na telha.
Ele também.Lá pelas tantas saio do banho ou acordo e o carro dele não está mais. Terminou a festa.
Hora  de chamar a empregada para a faxina.
Vou na casa dele hoje, por uns dias.
Não levo celular nem lap top.
Quando voltar, aviso.