Prezado Ruy.
Quando percebes a riqueza da
biodiversidade em tuas terras; quando cultivas essa riqueza fantástica com
cuidados ecológicos, estás em boa companhia e te inseres em tradiçâo milenar.
Faz alguns milhares de anos, pessoas sensíveis e lúcidas fizeram uso de bela e
conhecida imagem para expressar a espiritualidade delas, que inclui a
disposiçâo de cuidar da natureza rica e multiforme: “Colocou Deus o ser humano
no Jardim do Eden para cuidar dele e fazer plantaçôes”, Gênesis 2.15.
A terra que está registrada como tua
propriedade é um pedaço do Jardim do Eden, e sua biodiversidade, que a ti e a
nós encanta, é patrimônio coletivo: Está aí há milhôes de anos
e vai permanecer
milhares de anos depois de nós, se o ser humano nâo destruí-la. No espaço da
história que vivemos, assumes a funçâo de mordomo, para cuidar dela por nós e
por aqueles virâo depois de nós, enfim, para a coletividade.
O contraste ao cuidado que praticas
encontramos no cultivo monocultural em grandes áreas, com uso intenso de
venenos e adubos químicos, onde somente uma única planta, genéticamente
manipulada e resistente ao veneno, deve crescer e produzir, e todas as outras
plantas sâo eliminadas como inço e erva má; onde todos os seres que voam,
sibilam e cantam sâo destruídos como praga (veja foto em anexo). A monocultura
em grandes extensôes elimina o patrimônio coletivo e universal da
biodiversidade vegetal e, com isso, todos os pequenos seres que visitam suas
flores e realizam para nós a importantíssima tarefa de transpportar o pólen. E
já dizia Einstein: “Quando morrerem as abelhas, três ou quatro anos depois,
morrerá a humanidade por falta absoluta de alimentos.
A sensibilidade que tua máquina
fotográfica registra, a lucidez com que plantas, crias e colhes e, nâo por
último, a geografia da tua propriedade protegem-te da tentaçâo da monocultura
destrutiva. Além disso, é louvável a forma como promoves as pessoas que
trabalham contigo.
Quanto à transferência de embriôes, nâo
sei., Nada quero afirmar e fico na pergunta, porque nâo conheço a técnica. Sei
no entanto que a vaca, se lhe fosse dada a possibilidade e o direito de opinar,
haveria de preferir ao bisturi as vias naturais para acolher vida em seu útero.
Com grande abraço, desejo-te bom êxito
para os teus projetos.