Com o Prefeito de Santiago Tiago Gorski Lacerda, mais os vereadores Marcelo Gorski, Dionathan Farias , Joel Oliveira e Maristela Genro Gessinger.
Com Rogério Mendelski e César Pacheco
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
terça-feira, 27 de agosto de 2019
DIREITOS SIM, DEVERES NEM TANTO - POR TITO GUARNIERE
Ninguém precisa lembrar dos nossos direitos:
temos a mais completa noção do que eles sejam, do seu significado amplo e
de como eles nos afetam. Dos nossos deveres, entretanto, temos um vago sentimento,
e deles frequentemente nos esquecemos - embora estejamos sempre prontos para cobrá-los
dos outros.
temos a mais completa noção do que eles sejam, do seu significado amplo e
de como eles nos afetam. Dos nossos deveres, entretanto, temos um vago sentimento,
e deles frequentemente nos esquecemos - embora estejamos sempre prontos para cobrá-los
dos outros.
É fácil explicar a opção preferencial pelos
direitos: eles nos beneficiam, dizem respeito ao que nos é mais caro e
conveniente, do que melhor nos serve e é confortável. A consciência de nossos
direitos, a plenitude de sua vigência nos faz cidadãos. Os direitos são, no seu
patamar mais elevado, portanto, uma questão de cidadania.
Mas definitivamente não atribuímos aos
nossos deveres o mesmo valor e peso. Os deveres não estão inseridos - não no
mesmo patamar - na consciência coletiva dos brasileiros, no conceito de
cidadania. Nunca pensamos neles - os deveres – como a outra face dos nossos
direitos. Nesse desbalanço e descompasso está parte substancial do atraso, da
leseira conformista que nos paralisa e não nos permite sair do lugar.
Como diz Luis Felipe Condé, "ter
direitos não molda caráter, cumprir deveres, sim. Um dos estragos do mundo
contemporâneo é essa histeria por direitos em toda parte". Uma cultura de
direitos não molda o caráter do indivíduo e menos ainda da nação.
Não é à toa que a Constituição Federal de
1988 usa a expressão "direito(s)" 76 vezes. Quanto aos deveres do
cidadão, a Carta menciona apenas dois: o de se alistar e votar nas eleições e o
serviço militar obrigatório. As demais citações de dever(es) dizem respeito à
família, sociedade e Estado, como em "a saúde é direito de todos e dever
do Estado".
Um amigo bolsonarista (sim, tenho amigos
bolsonaristas - não muitos, mas tenho) dizia, antes da eleição, que votaria no
capitão porque ele era militar. Segundo ele, a caserna é um lugar onde se
aprende a disciplina, a ética da obrigação e do trabalho, uma compulsão para o
dever. Meu amigo reconhecia em Bolsonaro um certo primarismo, mas achava que
ele, por causa da formação militar, impulsionaria, de uma posição estratégica
(a presidência), um novo reequilíbrio entre direitos e deveres, inserindo com
vigor na vida nacional, a noção de responsabilidade.
Doce ilusão, ledo engano. Bolsonaro se
elegeu contra a velha política, mas era e é um político. E político gosta de
falar de direitos, não de deveres. Fala o que o povo quer ouvir.
Bolsonaro ensaiou alguns passos tímidos
nesse caminho, ao contar que começou a trabalhar cedo, antes dos 10 anos.
Poderia ser um bom começo para introduzir um debate sobre o tema: infundir
desde cedo na criança, no adolescente, a noção de responsabilidade do cidadão,
os seus deveres para com a sociedade, a obrigação de trabalhar e produzir.
Mas foi apenas um breve pitaco, tão ao
gosto do presidente: ele logo recuou, talvez porque os seus opositores acusaram-no
de defender (injustamente, diga-se) o trabalho infantil "tout court",
sem limites.
Não há sinais de mudança. Vamos continuar
assim, proclamando nossos direitos e quanto aos deveres, só os dos outros.
Vamos continuar na leseira geral.
titoguarniere@terra.com.br
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
MENSAGEM DA ESCRITORA LISSI BENDER
Ruy querido, o crescimento urbano de Santa Cruz se alastra vertiginosamente pela Linha João Alves e pela linha Santa Cruz. Na minha infância eu trilhava por uma estrada estreita e pedregosa até a escola. Levava quase uma hora, muitas vezes de pés descalços. Quando saí da |Wilde Heimat, estudei na Federal de Santa Maria, estudei em Belo Horizonte, lecionei na Puc de Pelotas, fiz outra graduação e pós-graduação na Unisinos, .... . Quando voltei à Wilde Heimat, para cuidar do pedacinho de terra que meus pais me legaram, ainda havia estrada de chão, mas de lá para cá a ocupação vem devastando árvores, extinguindo espaços naturais das vidas silvestres. Outro dia li que somente em Linha Santa Cruz vivem quase 7 mil almas. A prefeitura está facilitando a ocupação. Ampliaram a área urbana. Até agora somente os 100 metros iniciais da minha Wilde Heimat eram urbanos, o restante dos 5 hectares, rurais. Pois agora o governo municipal decretou como área urbana, todos os meus 5 hectares. Qual será a consequência disso? A partir de agora haverá um substancial aumento de impostos sobre este espaço, imposto territorial urbano. O que isto provocará? Vinda de mais pessoas para cá. Temo dificuldade crescente para manter meu pequeno espaço que considerava intocável e protegido enquanto eu estivesse viva. Temo que chegará o momento em que não mais poderei proteger a floresta, as vidas silvestres que aqui vivem livres desde que me conheço por gente. Isto me angustia.
MENSAGEM DE LAIS LEGG, PSIQUIATRA, COMUNICADORA
Não precisa ter nascido no interior para sentir o que os amigos relataram. Eu nasci aqui em Porto Alegre, mais precisamente na rua Vicente da Fontoura. Nossa casa era um sobrado, com cinco dormitórios e um terraço, de onde, pasmem, enxergávamos os guindastes do cais do porto. Não havia edifício algum bloqueando a vista.
Na esquina seguinte, na rua Santana, havia uma enorme chácara, a chácara dos Amodeo. Lembro muito bem que ela ficava abaixo do nível da rua e lembro das plantações de alface e hortaliças que todos que moravam no entorno compravam. Adiante, havia um enorme casarão (dos Pilla), que ocupava quase todo o quarteirão. Lembro bem dos portões de ferro da casa.
Um dia, saudosa das belas lembranças da infância, bati naquela casa onde nasci e, sem pudor algum, pedi para entrar. E a dona permitiu meu ingresso naquele lugar que, em minhas memórias, era o sítio do pica-pau amarelo. Na minha mente, o quintal era enorme e com três níveis. Ledo engano... eu é que era pequena! A casa ainda está lá, não é enorme como eu recordava e o quintal menos ainda.
Resumindo: a chácara dos Amodeo virou a Clínica Pinel, o casarão dos Pilla foi abaixo e deu lugar a uma série de pequenos prédios de três andares e nada mais naquela rua lembra a minha infância feliz. Aconselho a todos a deixar a infância onde ele sempre deve ficar, ou seja, na memória.
Abraços,
Laís
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
TEMPO E MUTAÇÕES - COMENTÁRIOS DE PREVIDI, ROGOWSKI , AGRA E IVANHOE
JOSÉ LUIZ PREVIDI
Ruy e amigos,
Todos os que tem ou tiveram parentes no interior do interior se apavoram ao voltar depois de um tempo.
Eu sabia que a casa de minha avó paterna, Caterina, tinha sido demolida e boa parte da área tinha sido vendida. Mas não imaginava a mudança que tinha acontecido. A casa dela ficava no final da Rua dos Prévidi e até chegar lá haviam casas dos filhos, dos dois lados. Bairro Bonsucesso.
Pra mim, sempre foi área rural.
Depois que ela morreu - e eu acompanhei sua agonia - não tinha mais voltado. Meu Deus, irreconhecível! Só mansões cercavam as casas dos Prévidi. Não me localizei mais. Um negócio muito estranho.
Estive lá em 2015 visitando tias e tios.
Mas não é mais a mesma coisa.
Tudo se foi com a minha infância, onde pegava os ovos das galinhas no ninho, com a autorização da Nona... Andava de charrete com ela e muito futebol com os primos.
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Querido amigo.
As Regras da Sensatez
Rui Veloso
Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Com apreço..Ivanhoé.
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J.F ROGOWSKI
Saudações amigo Ruy e demais confrades!O sentimento que te assola, ou assombra o espírito, é comum há muitas pessoas devido às transformações das cidades, entidades vivas que são, nascem, crescem e declinam.Este ano anda redigi o argumento para vídeo promocional de comercialização de áreas urbanas, dizendo:"Cidades são entidades vivas e é possível que uma cidade comece a mostrar sinais de idade e decair com o tempo. A despeito de quão grande ou antiga seja uma cidade, e não importa onde esteja localizada, ela ainda precisa que as pessoas sobrevivam e prosperem.Projetos de renovação urbana, desenvolvimento e revitalização são cruciais para o sucesso da cidade porque estimula a economia, aumenta os valores de propriedade, incute um senso de orgulho cívico, reduz o crime, desenvolve negócios no presente e atrai novos no futuro."Me criei na zona sul de Porto Alegre comendo peras que eu colhia na hora, bem onde ficava o cinturão agrícola da cidade com muitas chácaras que produziam hortifrutigranjeiros, com destaque para o pêssego, que ensejava a anual e tradicional Festa do Pêssego no bairro Vila Nova.As chácaras foram desaparecendo dando lugar a aglomerados urbanos, entre loteamentos e luxuosos condomínios fechados, algumas vilas problemáticas, não sei ainda existe um único pé de pêssego plantado.Como disse o poeta:Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!....Em vez das mágoas de agora,Eu tinha nessas delíciasDe minha mãe as caríciasE beijos de minha irmã!....Casimiro de AbreuAbraços.
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SÉRGIO AGRA
Caro Ruy. Irmanamo-nos neste mesmo sentimento, descrito na crônica MUITO ALÉM DA ALMA, que te enviei há algumas semanas.
Eu, com Taquari, e tu com Santa Cruz do Sul, cidade que tenho gratas recordações das férias na companhia de Homero Neto de Cunha e Agra, hoje médico e diretor da Unieim, aí mesmo, na majestática Santa Cruz. Quando lancei meu pequeno romance, Mar da Serenidade, fiz uma sessão de autógrafos na livraria e cafeteria onde fora o Colégio Mauá.
Meu tio, Victor Agra, funcionário do Banco do Brasil e meu incentivador nas ousadias lierárias, assinou durante muitos anos a coluna Notas Dissonantes, na Gazeta do Sul.
Os bailes do Corinthians, com a orquestra Cassino e o então lançamento da Souza Cruz, brinde oferecido à entrada do baile: um maço de Jean Nicot, que liquidei entre a npote do sábado e a tarde do domingo. Saudações.
Sergio
SÉRGIO AGRA
Caro Ruy. Irmanamo-nos neste mesmo sentimento, descrito na crônica MUITO ALÉM DA ALMA, que te enviei há algumas semanas.
Eu, com Taquari, e tu com Santa Cruz do Sul, cidade que tenho gratas recordações das férias na companhia de Homero Neto de Cunha e Agra, hoje médico e diretor da Unieim, aí mesmo, na majestática Santa Cruz. Quando lancei meu pequeno romance, Mar da Serenidade, fiz uma sessão de autógrafos na livraria e cafeteria onde fora o Colégio Mauá.
Meu tio, Victor Agra, funcionário do Banco do Brasil e meu incentivador nas ousadias lierárias, assinou durante muitos anos a coluna Notas Dissonantes, na Gazeta do Sul.
Os bailes do Corinthians, com a orquestra Cassino e o então lançamento da Souza Cruz, brinde oferecido à entrada do baile: um maço de Jean Nicot, que liquidei entre a npote do sábado e a tarde do domingo. Saudações.
Sergio
TEMPO E MUTAÇÕES
O título poderia ser: “a Santa Cruz que eu desconhecia”.
Como já referi, quando terminei o segundo ano do Científico do Colégio Mauá resolvi cursar o terceiro ano do Clássico no Colégio Júlio de Castilhos em P. Alegre. Trabalhava de dia e estudava de noite.
Ia visitar meus pais quando conseguia carona . Chegava na casa paterna e praticamente não saía. Conversava bastante, me atracava na maravilhosa comida de minha mãe e depois do meio dia de domingo me mandava de volta. Quando estava no quarto ano da Faculdade de Direito da UFRGS conseguí comprar um carrinho usado e minhas idas passaram a ser mais confortáveis. Meu trajeto era descer a estrada do Grasel, fazer o sinal da cruz ao passar pelo penhasco onde meus avós paternos sofreram um acidente e faleceram, cruzava pelo estádio do Santa Cruz, subia a Tomás Flores, estacionava e não saía mais. No máximo ia a Boa Vista visitar meu tio Lino Etges. Não ia ao Quiosque, não ia a bailes. Sempre com pressa, sempre correndo.
Depois de alguns anos a coisa foi ficando estranha. Eu já era juiz e estive em muitas cidades distantes. Perguntavam-me: da onde tu és? Eu respondia: de Santa Cruz! Ao que me indagavam: conheces o Fulano de Tal? Quinze anos depois de ter saído eu só conhecia os amigos de infância e da adolescência. E aí vinha a frase: mas como? és de Santa Cruz e não conheces o Fulano?
Tinha até o sonho de um dia voltar a morar na minha terra natal, mas quis o destino ter tido a sorte e a ventura de ser feliz como magistrado, depois na advocacia e no agronegócio. Filhos, netos, todos enraizados em outros lugares. Será que eu me adaptaria nessa altura do campeonato? Concluí ser melhor não aventurar.Meu prêmio foi a formação de caráter que tive em Santa Cruz.
Minha irmã Cleonice estava gravemente enferma e fui ao hospital Ana Nery visitá-la. A descida do Grasel estava bloqueada e foi necessário ir pela estrada da Linha João Alves, por onde nunca mais havia passado. Levei um susto. Será que estava na via certa? Liguei o GPS e fui observando os clubes, as mansões, naquilo que antes eram singelas casas de colonos. Uma torrente de imagens do passado invadiu minha retina.Só ao chegar na hoje demolida casa de meus pais é que me dei conta de onde estava. Desviei o olhar para não chorar. O GPS foi me guiando e eu admirado do tamanho da cidade. Não reconheci mais Arroio Grande, me perdi mas depois achei o hospital. Mais de 50 anos de ausência cobraram seu preço. Heráclito de Éfeso ( 540 a.C) tinha razão.O rio não passa duas vezes pela gente.
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
O CÉU TEM MAIS UMA ESTRELA
Cleonice Gessinger, casada Kraether, minha irmã mais nova, minha baita amiga desde todo o sempre,partiu.
Por sinal, eu me divertia muito pelo fato de haver uma época, em setembro, em que Lia, minha outra irmã e eu tínhamos a mesma idade, de seis a 27 de setembro de cada ano. Nós dois nascemos “em domicílio” como se dizia antigamente. Isso lá na Linha Arlindo. Era na base da parteira e estava feito o brique .Já a Cleonice nasceu quando morávamos na cidade e olha que chique, a mãe deu a luz no hospital. Meu pai era enlouquecido pela Nice. Enquanto Lia e eu também éramos tratados com carinho normal, nossa irmã mais nova mandava literalmente no pai e na mãe.
Nice se escapou de ter morrido lá pelos três anos de idade. Meu pai tinha um armazém e não é que essa guria travessa foi subir numa pilha de sacos de feijão? Pai e mãe estavam na parte da frente do armazém, quando se ouviu um barulhão. Eram os sacos desmoronando. Meu pai subiu correndo para o depósito e lá estavam os sacos amontoados. Num frenesi começou a retirar as bolsas até que viu uns fios de cabelinho louro aflorando. Retirou mais dois sacos e lá estava a guria sem um arranhão. Deus quis que ficasse entre o vão de dois sacos.
Nice sempre foi muito mimosa, mas não gostava de ser forçada a nada. Quando meu tio Afonso Gessinger S.J. foi ordenado padre, a festa foi em Boa Vista. Nice era a anjinha madrinha, toda vestida de branco. Pois chorou o tempo todo, já que não queria exercer tal papel. Vendo-se as fotos antigas da carinha dela , não tem como não convir que atualmente seria caso de chamar o Conselho Tutelar.
Ao contrário de Lia e eu que gostávamos dos luxos da casa dos avós paternos, Nice não se desgrudava de sua mãe e de sua avó Bertha, na humilde casa sem água corrente e sem luz elétrica. Gostava de correr descalça e ajudar a pegar os ovos lá no galpão ou ir de carroça com o Tio Lino Etges buscar pasto para as vacas.
Nice casou-se bem jovem com o dr. Raul Kraether. Raul mostrou ser um cavalheiro ao aceitar que o casamento fosse na igreja católica, pois era luterano. Mas com Nice não tinha grêgrê para dizer gregório.
Foram vindo os filhos. Léo, Juliana e Henrique. Minha mana parecia uma galinha choca com seus filhos. Era impressionante ver seu desvelo, seus cuidados. Seguindo os passos de seu pai Raul, odontólogo de grande renome, todos os três filhos abraçaram a Odontologia.
Nice viveu para seus filhos e, depois, para seus netos.Era mãe, avó, amiga e conselheira.
Partiu antes do tempo. Agora ela é uma estrelinha brilhando no céu.
domingo, 4 de agosto de 2019
HAPPY HOUR CULTURAL
Nesses tempos de redes sociais está cada vez mas difícil uma conversa com pouca gente, nada de TV
ou barulho, mas sim violão, violino ao vivo e um vinho especial.
Conversa fluindo . O tempo passando sem a gente perceber.
Na foto o acadêmico Franklin Cunha em sua residência no meio das árvores, Maristela e eu , Rosane de Oliveira e seu esposo o escritor Tailor Diniz. Não se falou em política. Só amenidades.
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
O GRE-NAL DO SEU ELEUTÉRIO
Seu Eleutério nasceu, cresceu e se fez homem na Vila Florida,
Santiago. Herdou de seu pai 300 hectares de campo, que não eram muito, mas não
eram pouco. Foi na Vila Florida que mataram o juiz dr. Moisés, que tinha
ido fiscalizar uma urna. Os votos eram de papel e havia a notícia de que uns
desordeiros iam falsificar os papéis. O dr. Moisés, juiz de Santiago , foi lá
para coibir esses desaforos, mas um facínora puxou do smith wesson e o
baleou. Hoje o dr. Moisés é patrono da Justiça Eleitoral do Brasil.
Seu Eleutério criava gado
“poliango” e ovelhas “corriedal”. Onde morava não existia ainda televisão. Mas
pegava bem, de noite, a rádio farroupilha de Porto Alegre, além das desgranidas
estações dos castelhanos. Também pegava a rádio Santiago, do seu Jaime Pinto.
Seu Eleutério tinha duas
taras: uma era, em dia de chuva, pegar sua Rural Willys e ir para Santiago
jogar truco do Club União e depois dar um carinho para as prendinhas na casa da
“Pintinha”. A outra era ser fanático torcedor do Internacional, o Colorado.
Seu Eleutério nunca tinha
assistido um jogo de futebol de verdade, nem em Santiago. Mas sabia a escalação
do time do Inter de 1955: Milton, Florindo e Oreco; Mossoró, Odorico e
Lindoberto; Luizinho, Bodinho, Larry,Jerônimo e Canhotinho. Quando se passava
nos tragos, insistia em lembrar e recitar a escalação.
Seu Eleutério tinha um
problema, que era uma pontada “nos polmão”. Achando que sua vida estava meio
para o fim, decidiu visitar sua filha, que morava em P. Alegre. Ele iria com um
neto ver um Gre-Nal. Era nos Eucaliptos.
Seu Eleutério lustrou bem as
botas, foi no barbeiro arrumar os cabelos e não dormiu duas noites de tanta
ansiedade.O trem saía de Santiago 20 horas, fazia baldeação em Santa Maria e
chegava em Porto Alegre 8 da manhã. Tinha um vagão restaurante em que comeu
ovos fritos com bife. Tomou todas, percorreu os vagões, encontrou vários
estancieiros, com os quais proseou a noite inteira, alternando uma pinga com
cerveja Gazapina.
O trem chegou em Porto
Alegre com algum atraso, só 11 da manhã, mas a filha estava esperando. Se
abraçaram, se relincharam bastante, pegaram um carro de praça e se foram para o
Passo da Areia, onde a filha morava.
Seu Eleutério não quis
almoçar, só descalçou as botas e se atravessou no sofá para tirar uma pestana. O
jogo era 16 horas e o trem de volta saía meia noite. Seu Eleutério acordou com
um barulhão de tiros e foguetes.O jogo tinha terminado 1x0 para o Inter.
E a filha: “Pai, tu tava
dormindo tão bonito, que não quis te acordar.”
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