RUDOLF GENRO GESSINGER
A vida exige que tu te comprometas com teus projetos. Precisas fazer acordos, honrar a palavra, vencer os prazos.
Por
vezes, contudo, é mais fácil se comprometer com os outros. Tua mãe precisa de
algo, teus amigos, teu filho, a empregada. A cada tanto alguém vai te demandar
e isso é corolário de assumir responsabilidades. O mais trabalhoso é se
comprometer com tuas próprias ideias, dar sequência.
Um
mandamento que aprendi pelas pessoas que me criaram foi que não podes deixar
serviço pelo meio. Comer tudo que está no prato, se servir aos poucos, não precisas
te embuchar.
Enquanto
responsáveis, precisamos nos comprometer. Precisamos entrar em um acordo
conosco sobre o que queremos para o futuro.
Se
não for possível para ti abrir mão de nada pelo futuro, teu destino é ver o
presente e suas circunstâncias se apagando. Não desejar nada melhor à frente
tende a te deixar à deriva, como um plástico boiando no mar.
Se
só olhares para o passado, teres crenças sobre a vida das quais não consegues
abrir mão, não viverás mais dentro do presente – o único tempo que existe -
quanto menos vislumbrarás o futuro.
Olhar
o amanhã por vezes é ter esperança. É lutar por um ideal.
Se
não existirem desafios, já morreste e não sabes. “Há mortos que morrem
devagar”, acho que foi no Foucault que li esse trecho precioso.
Essa
frase se prova verdadeira na imagem de um toco. Antigamente árvore, hoje meio
ou completamente seco, apodrecendo. Árvore em pé, por menor que tenha ficado,
mas morta por dentro.
Se passaste por momentos difíceis sem que
tenhas superado o esforço do trajeto, já foste algo e agora és uma sombra. Se
não tens nenhuma expectativa sobre o futuro, teus sonhos acabam e passas a
viver congelado num tempo que não existe mais.
Tu
simplesmente não consegues te comprometer com teu futuro. És resultado de algo
que não consegues mudar, sendo refém das circunstâncias e das decisões dos
outros. Se tu não queres escolher, certamente alguém te imporá o que fazer.
Quem
não molda seu futuro é agente passivo da vida.
Poderias
ser mais se... Maldito se. Se não fossem traumas, se não fosse teu medo de
mudar, se não fosse o apego que tens pelo teu passado. “Se” não faz diferença
nenhuma.
Quem
vive de “se” se contenta com o “quase”, porque o que tu podes ser nunca vai ser
resultado do Se tivesses feito alguma coisa a respeito. Quando te comprometes
com algo, tu o fazes. Todos os dias, por menor que seja o progresso.
Pelo
teu amanhã. Nem que o amanhã acabe amanhã, fizeste algo a respeito.
Somos
resultado de ações, não de suposições.