sábado, 10 de agosto de 2024

DESMETROPOLIZAÇÃO

RUDOLF GENRO GESSINGER         

www.gaz.com.br/desmetropolizacao/

          

          No início para o meio do século passado, a metropolização – fenômeno contrário ao que dá o título desta crônica – impulsionou o êxodo rural conforme o Brasil se industrializava. A população de nosso país acabou por se tornar majoritariamente urbana e a maior diversidade de empregos que o fortalecimento das indústrias criou, direta e indiretamente, amontoou pessoas em volta das crescentes capitais brasileiras.

        A explosão demográfica entre os anos 1950 e 1970 acabou por prejudicar o urbanismo das capitais, pois houve crescimento desorganizadamente acelerado das cidades, muitas vezes sem o adequado planejamento, de forma que os limites entre dois municípios vizinhos acabaram não se tornando claros. O encontro de duas cidades em um único núcleo urbano se chama conurbação.

        Como consequência da conurbação, se formaram as regiões metropolitanas.  

        O último censo demográfico brasileiro, realizado no ano de 2022, registrou consideráveis reduções populacionais nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. Esta última região metropolitana teve decréscimo de quase 10% de seus moradores em relação à quantidade apurada censo demográfico de 2010.

        Mobilidade urbana, custo de moradia, segurança pública e qualidade de vida são os fatores mais clássicos que atraem as pessoas para viverem em municípios menores. Recentemente, a consagração do teletrabalho em muitas profissões alavancou o fenômeno da desmetropolização.

        No interior do Rio Grande do Sul, diversas cidades melhoraram visivelmente sua infraestrutura, com melhores hospitais e educação de qualidade, mas ainda falta emprego. Mesmo assim, os jovens ficam mais tempo, pois há opções de lazer, acesso a bens de consumo, seja pelo comércio local ou pela facilidade que se tornou comprar qualquer produto pela internet com frete grátis ou consideravelmente barato.

        Particularmente, eu entendo que viver no interior propicia a criação de vínculos mais profundos e duradouros, pois existe maior proximidade entre as pessoas. Em regra, te atendem com bom humor, te recebem muito bem em casa, se arranja tempo para conversar com algum amigo ou conhecido que cruzar por ti na rua e tudo se ajeita mais fácil na tranquilidade em que se espicham os dias.

Em suma, observo que quem vive no interior se organiza melhor, escuta mais e não vive esgotado pela rotina que as pessoas normalmente levam numa região metropolitana.

        Caso o leitor se interesse em se aprofundar no assunto, recomendo a obra de Milton Santos chamada A Urbanização Brasileira. É interessante e fácil de ler.