quarta-feira, 25 de novembro de 2020
DIEGO ARMANDO MARADONA
BOULOS - TITO GUARNIERE
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
O VOTO DOS IDOSOS
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
POLITICA E O ABRAÇO DO AFOGADO
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
PREVIDI LANÇA MAIS UM LIVRO
terça-feira, 17 de novembro de 2020
O CAPITÃO VAI À GUERRA
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
ARTIGO DE FRANKLIN CUNHA
DE TEMPOS VERBAIS E ELEITORAIS
A passagem do homem de um estado natural para o cultural –ato principal de sua história – está intimamente entrelaçada com a faculdade da fala e da sua posterior organização por meio da semântica, da sintaxe e dos tempos verbais. O homem primitivo que vivia da caça e da pesca - no aqui e agora -provavelmente não possuía o tempo verbal para expressar e pensar o futuro. Com a agricultura, foi obrigado a cogitar e se preocupar com as épocas de plantar e colher e dessas necessidades surgiu o tempo verbal futuro . Na ausência da fala, a temporalidade humana era expressa somente pelo tempo verbal presente. Em todas as línguas há verbos ou formas do discurso que indicam ação. George Steiner afirma que a capacidade do homem de articular um tempo verbal futuro, sua faculdade e necessidade de " sonhar à frente ", é um escândalo metafísico e lógico. Este é o poder da linguagem: existir antes daquilo que designa. E na linguagem dos embates eleitorais, o tempo futuro é muito mais enunciado do que a sofisticação verbal do tempo incondicional. "Farei, darei " todos os candidatos o empregam, " faria, daria ", poucos. A credibilidade ingênua gerada pela falta de visão crítica dos fatos, faz com que eleitores acreditem em quem diz " farei " do que quem diz " faria ": o "farei " é afirmativo, assertivo e o " faria " é dubitativo pois implica em (in)condições inexistentes. Nas tiranias modernas, os tempos verbais, a semântica e o léxico são redefinidos numa inversão deliberadamente grotesca do significado normal e corrente deles nas democracias . Na gramática da fala totalitária, as conjugações dos verbos ocorrem num presente irreal e num futuro utópico. Desfazer o passado real, erradicar nomes, atos, pensamentos dos mortos indesejados é uma ação caraterística do horror e do terror infundidos por certos autocratas primitivos e primários eventualmente no poder. E que – inadvertidamente – são eleitos pelo voto consensual embora, possivelmente pensem como aquele escritor inglês do século 19 , precursor do nazismo que disse ser " a democracia um caos povoados de urnas ".
Franklin Cunha
Médico
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras
sábado, 14 de novembro de 2020
O GRANDE PREFEITO DE P. ALEGRE , GUILHERME SOCIAS VILELLA COMENTA
Para minhas netas também.
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
PAPOS COM MINHA NETINHA
“Vô, tu votou no vô brabo de cabelo amarelo ou no vô bonito de cabelinho branco?”
Respondi que só podem votar os que moram no império chamado USA. Lá tudo é diferente.
“ E porque essa briga, vô?”
“ Porque quem ganhou vai ser quase o rei da Terra.”
Convidei então minha perguntadora a ficar quietinha e deixar eu de novo explicar.
Nosso planeta é um milagre quase incompreensível. Por mais que procuremos nos confins do Universo, ainda não achamos vida tal como a conhecemos na terra.
A natureza foi evoluindo, surgindo todas as formas de vida durante milhões e milhões de anos
Até que apareceu um mamífero que não tinha o aparato bélico de outros animais. Pior , ele tinha pela frente os enormes homens de Neanderthal. Diz a história que os Sapiens cruzaram com as fêmeas de seus primos mas, ao fim e ao cabo, os exterminaram. Os Sapiens eram mais fracos que quase todos outros mamíferos. Não sabiam correr, nem subir em árvores altas, nem lutar contra os leões. Sentiam frio. As crias custavam a ficar adultas. Um canídeo leva três meses para se desmamar. Um bebê sapiens precisa de ao menos um ano para engatinhar.
Inobstante isso, o criador, colocou uma inteligência diferenciada nos demais seres vivos. Os animais de qualquer espécie nascem com uma memória. Ninguém precisa ajudar uma novilha a parir.Ela sabe o que fazer. Não precisa da parteira ou do médico.
Começou a faltar comida dada uma multiplicação da população humana em escala geométrica.Optaram pela agricultura, mas as áreas nunca eram suficientes; havia que enxotar os demais humanos e os escravizar ou exterminar.
“Dá um exemplo, vô”!
Roma foi, durante uma época , a dona do então conhecido mundo. Todavia com o tempo os “ bárbaros “ suplantaram os romanos e os impérios foram se sucedendo.
Hoje temos um império que pode apagar a luz de qualquer país, quando quiser. Essa potência se deu ao luxo de tomar territórios de seus vizinhos e até de ilhas distantes. Inclusive tem à disposição um presídio extra nacional que é Guantanamo.
“ Bah vô, tu tá contra os Estados Unidos?”
“ Não , querida ,estou a favor do Brasil onde moramos.”
Olha só :o Presidente brabo não deu a mínima para nosso presidente. Facilitou o passaporte até para os uruguaios, mas teu avô , para ter o visto, tem que dar um monte de informações. Só quando eu tiver oitenta anos não precisarei de visto…
“ Bah,vô….”
“ Tá guria, fica fria, o Brasil ainda é o melhor lugar para se progredir.Mas o vô bonito não vai dar mole para o Brasil.Podes crer. ”.
( Estranhei o silêncio estridente quando da posse do novo Ministro do STF)
terça-feira, 10 de novembro de 2020
TRUMP
TITO GUARNIERE
TRUMP
O mundo fica melhor sem Donald Trump. Vamos ter de aturá-lo ainda por algum tempo, mas a ópera bufa está no fim.
Atrás do personagem e da autossuficiência arrogante, da ignorância tomada como virtude, do desprezo pelas normas mais comezinhas de convívio humano, da compulsão pela mentira, do cabotinismo e da fanfarronice como métodos, está – e esteve o tempo todo – um homem vulgar e um governante obtuso. A sua saída da Casa Branca será pela porta dos fundos, mergulhado na choradeira patética da derrota.
Trump é mestre na arte de atiçar sentimentos menores, de atrair ressentidos para o seu discurso, de apontar o dedo para os "inimigos do povo" e de atribuir e transferir culpas – a empreitada fácil de viralizar a amargura das massas. É uma marca registrada do populismo.
Mas nem sempre os astros se alinham a favor de egos superlativos, e de quem se tem na conta de invencível. Oito meses atrás, antes da pandemia, não havia no horizonte político da América nenhum nome que pudesse fazer sombra a Trump – o fenômeno político (quase disse o mito) que, do nada, enfrentando o establishment e contra todas as projeções, se elegeu presidente do país mais poderoso do mundo.
Veio a pandemia e o seu rastro trágico de dor e luto, na América e no mundo. O acaso, o imponderável, leis fundamentais do destino dos homens, embaralhou as cartas da sucessão. Trump, se comportando como Trump, achou que a doença era passageira e menosprezou a contingência.
Quando acordou o estrago estava feito, milhões de infectados, milhares de mortos. Em estado febril, da mesma espécie daquele que o faz insistir que ganhou a eleição de lavada, tentou vender aos americanos a ideia de que o governo havia sido eficiente no combate ao mal. Era desmentido todos os dias pela divulgação dos números funéreos de novos contágios e óbitos.
Trump poderia alinhar algumas conquistas do seu governo. Apesar da pandemia, a economia estava em expansão, com a curva do desemprego em declínio. Foi, além dos eleitores fiéis do trumpismo, o fator mais relevante para o seu respeitável desempenho eleitoral, apesar da derrota.
Poderia também ter exaltado que, durante o seu período de governo, os EUA não entraram em nenhuma aventura militar. Ao contrário: desenvolveu esforços reais para que os EUA se retirassem do atoleiro do Afeganistão. Mas não lhe cai bem a roupagem de pacificador.
É caso comum, o de Trump, de empresário que arrisca a sorte na política. O problema é que o espírito animal, o instinto predatório, pode ser (e nem sempre é) uma vantagem no ambiente tóxico da concorrência. Mas os métodos da política não são os mesmos do mercado.
Na política, trata-se de aglutinar as energias e as vontades da nação, conciliar interesses em vários espaços de atuação, ter na conta as diferentes experiências históricas. Nas democracias o líder não fala nem governa sozinho – ele deve estar aberto e sensível aos clamores dos concidadãos, aos postulados da lei e das instituições, às advertências da mídia e das vozes discordantes.
Na política ninguém ganha na pose e no grito. Trump nunca compreendeu e nem quis compreender essa verdade elementar.
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
UMA ANTIGA CRONICA POLICIAL
Quero deixar claro que hoje a polícia é integrada por pessoas de alto gabarito e formação primorosa.
Anos atrás, no entanto, era quase praxe, ante o evento criminoso, policiais optarem por métodos “ alternativos” para encontrar o autor. Achado o suspeito era por vezes usada a prática de meios “suasórios” ilegais no interrogatório.
Em 1968, estando como acadêmico do quarto ano de Direito da UFRGS ,com 21 anos, soube da abertura de Concurso para Delegado de Polícia. Fui aprovado e ingressei na Academia de Polícia, cujas aulas eram diurnas e passei para o turno da noite da Faculdade.
Havia várias matérias interessantes, como Criminalística, Investigação, Armamento e Tiro etc.
A maioria dos colegas de Academia era de policiais veteranos que queriam chegar ao cargo de delegado.
Eu era, por assim dizer, um piá. Mas como já tinha uma boa formação na Faculdade acabei me classificando em primeiro lugar e fui orador da turma.
Poderia, então, escolher a cidade que eu quisesse. Como tinha pouca experiência de rua, achei mais prudente escolher uma cidade bem pequena e ordeira, não muito longínqua para não prejudicar meu último ano de Faculdade. Optei por Triunfo, uma cidadezinha do outro lado de São Jerônimo. Comprei um Fusca usado, ia até São Jerônimo, pegava a barca e ia trabalhar na delegacia. Lá pelas 5 da tarde voltava a P. Alegre e ia para a Faculdade.
O delegado de São Jerônimo saiu e eu assumi seu lugar.
Certo dia cheguei cedo e havia um tumulto. Um supermercado havia sido arrombado à noite e levado todo o dinheiro do cofre.
Os antigos policiais começaram a conjecturar sobre suspeitos. Notei que havia no chão um sapato, pé direito, manchado de sangue. Provavelmente o cofre caíra sobre o pé do ladrão. Perto do sapato, um chinelo novo, sem seu par.
Pronto, tínhamos o ladrão. Bastava vasculhar os hospitais para procurar quem estava com um pé quebrado. Na região não achamos ninguém. Meus auxiliares davam risadinhas não acreditando na polícia científica.
Liguei para um colega em P. Alegre, que contactou os hospitais. Pronto, lá num deles estava o nosso assaltante com a perna enfaixada. Um dos agentes quis entortar “ bem pouquinho” o pé quebrado do suspeito para facilitar o encontro do dinheiro.
Adverti que bem mais fácil e legal seria olhar o prontuário médico onde estava o endereço do “elemento”.
Golaço. Não foi necessária nenhuma violência.
No dia em que me formei na faculdade pedi exoneração. Polícia não era bem minha praia na época. Muito jovem, queria outros vôos.Só se voa, voando.
Que bom que hoje tudo mudou.
terça-feira, 3 de novembro de 2020
TITO GUARNIERE RIDES AGAIN
A APNEIA E FREUD
As coisas estão voltando ao estado normal no governo Bolsonaro. Um governo, no seu todo, não tem como ser melhor do que os seus componentes. O governo, então, se revela como de fato ele é e nunca deixou de ser - sem bússola, sem rumo, com os seus ministros e porta-vozes batendo boca e batendo cabeça, sem saber direito para que lado ir, propondo soluções ajambradas e de vida curta, logo desmentidas e abandonadas.
A Bolsa está em queda, o dólar não para de subir, o mercado está à beira de um ataque de nervos, e ninguém tem a menor ideia de como será a retomada do crescimento, o que será o Brasil no pós-pandemia.
O titular do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é um notório inimigo da preservação ambiental. Além de incrementar medidas que tendem a fragilizar e anular normas de proteção ambiental, Salles é atrevido e bocudo – chamou o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de "Maria Fofoca".
O ministro da Economia, Paulo Guedes, cada vez mais perdido e sem noção, acusou o colega Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, de ser financiado pelo lobby da poderosíssima Febraban-Federação Brasileira de Bancos, para o fim de furar o teto de gastos e promover a gastança oficial. Na saia justa, Bolsonaro apoiou Marinho – mau sinal para o antigo superministro.
O ex-porta-voz da Presidência, General Rêgo Barros, que tem uma cara boa, depois de meses de fritura em fogo baixo, se despediu do governo com um artigo no Correio Brasiliense, uma dura crítica ao governo Bolsonaro (sem citá-lo). No texto ele diz que o "poder corrompe, inebria e destrói" e que as promessas de campanha são esquecidas, critica os sabujos (que existem em todos os governos) e adverte em latim: memento mori (lembre-se de que você vai morrer).
E Bolsonaro? Bolsonaro está em campanha, uma vez que, nas palavras de um editorial do jornal O Estado de São Paulo, ele "não perde seu tempo governando, coisa que, de resto, seria incapaz de fazer".
Em certo dia postou uma foto tomando café da manhã com a filha Laura. Um gaiato qualquer mandou uma mensagem no facebook: "café da manhã com cloroquina!". E a resposta imediata: "Alguém já te mandou tomar Caracu hoje?".
No Maranhão, em meio ao povaréu, bebeu um copo de guaraná Jesus, uma bebida cor-de-rosa, típica da região. A piada pronta presidencial: "Virei boiola, virei maranhense".
Em vídeo, mostrando o feliz encontro com o bem-mandado general e ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após ter ordenado o cancelamento do convênio assinado com o Instituto Butantã, para compra de 46 milhões de vacinas contra a Covid-19, e depois de troca de afagos e elogios, ele gracejou, com a sutileza habitual: "Está pintando um clima!"
Bolsonaro mudou o estilo, mas volta e meia ele derrapa. Talvez por causa da apneia. Um exame recente mostrou que ele tem 89 alterações de sono por hora: um recorde. Um médico lhe fez a pergunta que aparenta ter uma ponta de ironia: "como é que o senhor consegue raciocinar?". Se não for a apneia, o apelo frequente à vulgaridade só pode ser explicado por Freud.