segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A TERRA , USOS E ABUSOS. MAIL DO REV. SILVIO MEINCKE ( ALEMANHA )


    
Prezado Ruy.

 

     Quando percebes a riqueza da biodiversidade em tuas terras; quando cultivas essa riqueza fantástica com cuidados ecológicos, estás em boa companhia e te inseres em tradiçâo milenar. Faz alguns milhares de anos, pessoas sensíveis e lúcidas fizeram uso de bela e conhecida imagem para expressar a espiritualidade delas, que inclui a disposiçâo de cuidar da natureza rica e multiforme: “Colocou Deus o ser humano no Jardim do Eden para cuidar dele e fazer plantaçôes”, Gênesis 2.15.

     A terra que está registrada como tua propriedade é um pedaço do Jardim do Eden, e sua biodiversidade, que a ti e a nós encanta, é patrimônio coletivo: Está aí há milhôes de anos

e vai permanecer milhares de anos depois de nós, se o ser humano nâo destruí-la. No espaço da história que vivemos, assumes a funçâo de mordomo, para cuidar dela por nós e por aqueles virâo depois de nós, enfim, para a coletividade.

     O contraste ao cuidado que praticas encontramos no cultivo monocultural em grandes áreas, com uso intenso de venenos e adubos químicos, onde somente uma única planta, genéticamente manipulada e resistente ao veneno, deve crescer e produzir, e todas as outras plantas sâo eliminadas como inço e erva má; onde todos os seres que voam, sibilam e cantam sâo destruídos como praga (veja foto em anexo). A monocultura em grandes extensôes elimina o patrimônio coletivo e universal da biodiversidade vegetal e, com isso, todos os pequenos seres que visitam suas flores e realizam para nós a importantíssima tarefa de transpportar o pólen. E já dizia Einstein: “Quando morrerem as abelhas, três ou quatro anos depois, morrerá a humanidade por falta absoluta de alimentos.

     A sensibilidade que tua máquina fotográfica registra, a lucidez com que plantas, crias e colhes e, nâo por último, a geografia da tua propriedade protegem-te da tentaçâo da monocultura destrutiva. Além disso, é louvável a forma como promoves as pessoas que trabalham contigo.

     Quanto à transferência de embriôes, nâo sei., Nada quero afirmar e fico na pergunta, porque nâo conheço a técnica. Sei no entanto que a vaca, se lhe fosse dada a possibilidade e o direito de opinar, haveria de preferir ao bisturi as vias naturais para acolher vida em seu útero.

     Com grande abraço, desejo-te bom êxito para os teus projetos.