RUDOLF GENRO GESSINGER
https://www.gaz.com.br/a-natureza-segue-gritando/
Esse é o terceiro texto que
escrevo nesse nobre espaço a respeito dos eventos climáticos que têm atordoado
todos, especialmente nós brasileiros, nos últimos tempos.
Já nos parecem distantes os dias que não pudemos ver o céu.
Foi na primeira semana de setembro que as queimadas no Pantanal e na Amazônia
enfumaçaram não só grande parte do Brasil, mas também países vizinhos.
Belo Horizonte, por exemplo, chegou a ter o ar dez vezes
mais poluído do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que
representou potencial risco à saúde das pessoas. A prefeitura local chegou a
sugerir à população que usasse máscaras faciais para que se protegessem das
toxinas soltas no ar. Veja-se a que ponto chegou!
Em
Porto Alegre, ainda não foram realizados a contento os reparos necessários nos
diques de contenção do guaíba e nas bombas de drenagem. Afora os lugares que
ainda precisam ser limpos e reconstruídos, o horror que foi o mês de maio pode
voltar a assombrar a capital gaúcha a qualquer momento.
Não
sei se as queimadas pararam ou só diminuíram a ponto de a fumaça se diluir mais
ao seco norte do país. Simplesmente parou de se falar nesse assunto.
Nessas últimas semanas de dias lindos, com os jardins
florescendo sob o sol ameno da primavera, ist alles blau!
Mas em
paralelo ao nosso alívio momentâneo, a natureza segue gritando. As viroses e os
surtos de covid que têm ocorrido regionalmente deixam claro que há um
desequilíbrio ecológico, pois assim surgem e se propagam as zoonoses.
Deixamos se perder o costume de passar álcool em gel nas
mãos, bem como de higienizar bem os produtos que compramos no supermercado. A
propósito, passou da hora de se cobrar pelas sacolinhas plásticas.
Uruguai
e Chile cobram o equivalente a cinquenta centavos de real a sacolinha. Que aqui
fosse quinze centavos, já ajudaria as pessoas a criarem consciência de levarem
sacolas de casa para fazerem suas compras, prática comum na União Europeia há
bastante tempo.
Vi
muitas pessoas com suas próprias canecas na Oktoberfest: é um gesto ambientalmente
corretíssimo. A poluição que se evita ao descartar menos plástico é uma
contribuição fácil de se fazer em pequenas atividades do cotidiano e faz
diferença no âmbito doméstico.
A
atitude de cada um faz diferença para termos o lugar onde vivemos limpo e
saudável. Não temos um “planeta B” para o caso de esgotarmos os recursos
naturais da Terra a um ponto de não retorno. A natureza não só é linda e
importante, ela é necessária para a existência e continuidade da nossa vida.