quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

A GAZETA ME ENSINOU A LER

 Eu vim com meus pais da colônia para a cidade depois de morarmos algum tempo em  Boa Vista,distrito de Santa Cruz. Meus pais queriam ir para a cidade para que seus filhos estudassem. Éramos só minha irmã Lia, eu  e bem depois minha irmã Cleonice, já falecida. Eu tinha 5 anos de idade.

Meu pai se estabeleceu num local perto da então Sudan.

Depois ele acertou na loteria e: hosannas! comprou duas casas na Rua Thomas Flores, 876. Recentemente  essas casas foram demolidas. A casa de moradia era de número 864. A  outra 876, onde era o armazém. 

Vendia-se de tudo. Mas o inexorável aconteceu. Chegou , devagar, o que acabou com os pequenos comércios. Os supermercados.

Mas antes disso meu pai estava bem.

No balcão sempre estava Gazeta de Santa Cruz, se não me engano era esse o nome. 

Só depois se transformou para o nome atual.

A Gazeta de então tinha também  reportagens internacionais. Eu , com uns 13 anos, me inteirava dos problemas da India, do Nehru, das questões de diversos   países, tudo estava na Gazeta. Não se precisava  comprar o Correio do Povo ou o Diário de Notícias.

Havia notícias internacionais, mas também nacionais e estaduais. Também, é lógico, os “ potins sociais” do caríssimo Michels.

As tragédias dos Narico, o episódio triste da morte de um Delegado de Polícia e por ai ia. 

Tudo  isso eu lia sofregamente na Gazeta.

Quando se acendeu nos EUA  o problema da segregação racial,    entreguei  um artigo contra essa prática  aos 15 anos. Meu artigo foi publicado na época. 

Recentemente  

o caríssimo Borowski o localizou e a 

Gazeta o repercutiu no ano passado.

Hoje nosso amado jornal está moderníssimo. Acho que a direção fez bem em manter as questões locais, mescladas com colunas e artigos muito importantes.

Atualmente eu, por exemplo, leio o jornal pelo celular . 

Mas ainda é muito charmoso o exemplar físico.  

Há quem deprecie o jornal de papel. Discordo. Há ainda uma população que quer ler com calma, sublinhar e recortar .

Em suma: a Gazeta me ensinou a ler , a pensar, a escrever e a recordar.