GENÉTICA E COMPRTAMENTO
É A DEPRESSÃO UMA PANDEMIA?
"Eu sou eu e minha circunstância"
Jose Ortega y Gasset
Torna-se tão oportuna quanto lúcida a abordagem sobre o tema DEPRESSÃO exposta pelo eminente causídico Dr. João-francisco Rogowski. Trata-se em verdade de uma verdadeira pandemia mundial que avança de forma expansiva, a causar preocupações e formas de combatê-la por parte das entidades sanitárias dos países governados por políticos sensatos e humanamente responsáveis e solidários com suas populações. O autor Dr.Rogowski, aborda o panorama social, a gênese, o diagnóstico, o prognóstico e a possível resolução das alterações psicossomáticas que caracterizam a depressão. No presente prefácio objetiva-se abordar alguns aspetos importantes sobre a patogenia e a patologia da depressão. Pensamos que em termos individuais e sociais, o uso disseminado das drogas em todo o mundo, configuram as tentativas dos seus inúmeros usuários que procuram amenizar e/ou evitar estados anímicos depressivos. Para isso, necessitamos entender como surgem e se desenvolvem sentimentos e sensações emocionais e físicas da depressão, pois já sabemos que os sentimentos podem ser os sensores mentais do interior do organismo e testemunhas do estado vital do ser humano. Assim, cabe perguntar como os fatores internos e externos modulam a estrutura neural do cérebro e como os processos biológicos produzem eventos mentais. E em que grau esses processos biológicos são determinados por fatores genéticos e por contingências familiares e sociais" .Este enfoque está sendo utilizado no momento para o estudo da depressão e da esquizofrenia.
Existem agora evidências de que a susceptibilidade para as principais doenças psicóticas – alguns distúrbios maníacos depressivos e a esquizofrenia – possam ser transmitidas de pais para filhos. Segundo essas evidências as referidas doenças mentais seriam o resultado de alterações genéticas no mecanismo do funcionamento neuronal e sináptico, a envolver um grupo populacional carreador de um ou mais alelos anormais.
A moderna psicologia cognitiva tem mostrado que o cérebro armazena uma representação interna do mundo contingente, enquanto a neurobiologia assinala que essa representação pode ser entendida em termos de células nervosas individuais e de suas interconexões.
É intrigante se pensar então, até que ponto a psicoterapia é eficaz em produzir alterações importantes do comportamento e se ela o faz provocando modificações da expressão gênica.
Um corolário desses argumentos é o de que uma doença neurótica deveria depender de alterações da estrutura e do funcionamento de certos neurônios, do mesmo modo como as doenças psicóticas dependem de alterações estruturais (anatômicas) do cérebro.
Assim, o tratamento das neuroses e dos distúrbios de caráter por meio de intervenções psicoterapêuticas deveria, caso bem sucedido, produzir também alterações estruturais.
Importante advertência, deve ser assinalada, pela responsabilidade profissional de quem exerceu a medicina por mais de cinquenta anos e por ser autor do presente prefácio, cujo tema, " Depressão" foi proposto por um conhecido profissional do Direito o Dr. João-francisco Rogowski.
Reproduzo, portanto, trechos de um texto de minha autoria inserido no livro Sexo, Política,Poder, editado pela EST em 2018.
"As grandes perguntas ainda estão sem plenas respostas: existe uma conexão física entre os gênes e o comportamento humano e em que extensão e intensidade este comportamento é produto da hereditariedade? Inúmeras experimentações sugeriram aquilo que os genes podem fazer, sem saber exatamente que os genes são.
O biólogo Jonathan Weiner observou que inúmeros estudos afirmaram a relação entre os genes humanos e a depressão, a violência, as psicoses, o alcoolismo, o autismo, o déficit de atenção, a síndrome de Tourette e outras alterações do comportamento. O que restou de comum entre eles é que vários desses estudos tiveram de ser revisados e contraditados quando submetidos a críticas bem conduzidas.
Os estudos da relação dos genes com o comportamento humano, nasceram sob o signo do pecado" escreveu Weiner referindo-se às ideias de purificação racial e de eugenia que mancharam tais estudos.
Enfim, a mensagem contida neste prefácio é a de que os estudos teóricos e/ou práticos sobre a genética e a hereditariedade devem ser interpretados com cuidados e com necessário espirito crítico. Isto porque, este ramo da ciência biológica, em épocas obscuras da história humana, foi empregado com objetivos políticos e com a finalidade de se eliminar da vida social e econômica - e mesmo da vida física - , algumas etnias e setores minoritários das populações que não faziam parte da cultura, do estilo de vida e dos objetivos dos poderosos eventualmente dominantes.
Ao eminente Dr.João-francisco Rogowski, agradeço - ao me confiar a redação do atual prefácio - ter me proporcionado a ocasião de expor ideias, das quais há muitos anos, penso, leio e escrevo em livros ,jornais, revistas científicas ou de divulgação, sobre o tema tão importante e atual como a relação da genética e do comportamento de homens e mulheres de todas as idades inseridos na atual sociedade global.
Franklin Cunha
Médico –
Cremers - 3254
Tego - 256/66
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras