Teu horizonte, Sissi, não é mais largo que 5 km².
O mesmo que se enxerga da beira da praia, ou quase. Admiro que, sabendo que podes correr longe, te importas mais em como voltar. Concordo que esse é o jeito mais prudente de se planejar.
Imagina, então, o lugar onde mora o meu pensamento.
Imagina a faixa de areia, Sissi. Num espaço largo, muito mais largo, se estende o verde dos campos.
Nele pastam as tropas, os rebanhos e os mistérios.
Imagina os terneiros; os miúdos são do teu tamanho! Eles não brigam com as marrecas para beberem água no açude ou na sanga.
O que são esses? Imagina o mar. Menores e menos melequentos, mas a mesma coisa, só bem menores.
Garças têm aqui e lá. Vento também, só aqui é um exagero!
Perigos? Não sabes o que é isso.
Caranchos, cruzeiras, leões baios... os sorros, imagina que são os cuscos errantes que cruzam por fora do pátio da frente. Não confia neles.
Imagina o rigor do inverno: no campo é muito maior. Mas aquele céu, Sissi, imagina a paisagem mais linda que existe!
As estrelas na noite campeira, Sissi, faíscam o mesmo brilho que o sol presenteia às ondas.
Imagina, Sissi, o que eu converso com aquelas estrelas!